Enigmático. Muitas vezes, o “economês” (linguagem para quem lida com a economia) o é. É de difícil compreensão. Torna-se até divertido discutir, ouvir ou ler fatos do desenvolvimento, de explicação pouco clara para todos. Exemplificando, pontos importantes do progresso de Patrocínio precisam ser mais bem explicados. Não há nenhuma dúvida de que o Município é, disparado, o maior produtor de café do Brasil. Como o (nosso) País é o maior produtor do mundo (produz mais do dobro do que o 2º colocado, Vietnã), conclui-se que Patrocínio é o maior produtor do mundo. Todavia, quando se fala em maiores exportadores de café, a “Capital do Café” nem é mencionada. A Fundação João Pinheiro–FJP, com dados oficiais, indica Varginha e Guaxupé. Ora bolas! Isso merece discussão. Merece reflexão dos patrocinenses. Por outro lado, a FJP também apresenta indicadores de saneamento básico para Minas. Acredite! No Triângulo-Noroeste, Patrocínio não está entre os melhores, segundo informações do SNIS. Ou seja, precisa melhorar. Precisa de maior cuidado.
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MUNICÍPIOS EXPORTADORES DE MINAS GERAIS – Minas é o terceiro estado que mais exporta (produtos para outros países). Surpreendentemente, as cidades que mais exportam são Araxá (1º lugar), Conceição do Mato Dentro (2º), Nova Lima (3º), Varginha (4º), São Gonçalo do Rio Abaixo (5º) e Guaxupé (6º lugar). Varginha e Guaxupé destacam-se por causa do café. Porém, de onde é o café? Certamente, dos grandes municípios produtores de café. Maior parte, café de Patrocínio.
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ORIGEM DO CAFÉ EXPORTADO POR MINAS – Disparadamente, Patrocínio, o 1º lugar do Brasil, com 105.109 toneladas (1 ton. = 1.000 quilos) produzidas, é o maior exportador brasileiro de café. Mas o nome de Patrocínio não aparece nas listagens oficiais. Há explicação para esse prejuízo tributário e econômico para Patrocínio. Alguma entidade habilita-se a fazê-la?
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A TURMA QUE LEVA O “PREJUÍZO” – Patrocínio (1º), Monte Carmelo (2º), Araguari (3º), Campos Gerais (4º), Três Pontas (5º), e, mais vinte e um municípios que estão à frente de Varginha (27º lugar), o maior exportador mineiro de café. Para se ter uma referência, a produção patrocinense de café é oito (8) vezes maior do que a de Varginha (105.109 ton. x 13.828 ton.). E quando se fala no 6º maior exportador de Minas de café, Guaxupé, a distância aumenta escandalosamente. Ou seja, a produção de Patrocínio é vinte e três (23) vezes maior do que a de Guaxupé (115º lugar como produtor). Em números do IBGE, 105.109 toneladas versus 4.740 tone
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CONCLUSÃO – O campeão brasileiro do café, quiçá mundial, Patrocínio, necessita ser reconhecido. Seja no campo tributário, seja no campo econômico. O contexto, o “economês”, não estão claros, quanto ao líder cafeeiro do Brasil.
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SANEAMENTO: “MEIO LÁ”, “MEIO CÁ” – Se tem gente que acha que o saneamento em Patrocínio é bom, têm órgãos oficiais que o acham diferente. Ou seja, “mais ou menos”. Para não dizer deficitário. O SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento) e a FJP colocam Patrocínio próximo ao Z-4 (zona dos piores, onde está Coromandel). O instrumento (ferramenta) usada para avaliação é o “IDESB–Índice de Déficit de Saneamento Básico”. Esse índice foi analisado para as seis maiores bacias hidrográficas de Minas. Especificamente, é interessante observar o saneamento na Bacia do Rio Paranaíba, que abrange todo o Triângulo e Noroeste, exceto a região de Uberaba, que pertence à Bacia do Rio Grande.
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OS BONS, OS MAUS E OS MEDIANOS – Perdizes, Iraí de Minas, Lagoa Formosa, Monte Carmelo e Uberlândia têm os menores déficits de saneamento básico da região. Canápolis, Cachoeira Dourada e Coromandel são os piores. Esses os que têm maiores IDESB na bacia. Já Patrocínio, Guimarânia, Unaí e Cruzeiro da Fortaleza estão no grupo dos que “nem fede nem cheira”. Exemplificando em números, o IDESB de Perdizes é 1,79%, Uberlândia 5,3%, Araxá 10,1%, Patos de Minas 13,2%, Patrocínio 29,9%, Unaí 33,4%, Canápolis 41,8% e Coromandel 50,9%. Quanto maior o IDESB, maior o déficit no saneamento.
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E O ÍNDICE DA ÁGUA? – Nesse quesito, há déficit no abastecimento público de água em apenas cinco cidades da Bacia do Paranaíba, em MG (Coromandel é uma delas). Patrocínio, Uberlândia, Araguari, Paracatu, e, companhia estão com déficit zero até 10%. O que é aceitável.
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COLETA DO ESGOTO: PTC “MEIO TERMO” – Coromandel é o maior déficit (82%). Já Patrocínio, Patos de Minas, Uberlândia, e outros quinze municípios, estão com déficit entre 10% e 30%. Ou seja, há déficit mesmo. Todavia, estão “mais ou menos”, no conceito geral.
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TRATAMENTO DE ESGOTO – Perdizes é o campeão da região. Patos de Minas não está bem. Mas os piores são Coromandel, Ibiá e outras 14 cidades (déficit acima de 70%). Patrocínio, Uberlândia e Monte Carmelo, tendo déficit entre 10% e 30%, são considerados bons. Entretanto, perdem para Perdizes e mais cinco cidades. Palavras do SNIS e FJP.
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LIXO: PATROCÍNIO ENTRE OS PIORES – Patrocínio e Unaí se juntam a Coromandel e Cruzeiro da Fortaleza para comandar o “Bloco dos Sujos”. Esses municípios mais onze da Bacia do Paranaíba têm déficit na “destinação final adequada de Resíduos Sólidos Urbanos”, que é acima de 70%. Em outras palavras, o lixo nessas cidades possui destinação inadequada. O lixo é mal tratado. Bons exemplos ficam por conta de Araguari, Uberlândia, Perdizes, Serra do Salitre e mais 17 cidades bem mais higiênicas (lá o déficit é abaixo de 10%). São exemplares no quesito. Em resumo, Perdizes está de parabéns e Patrocínio terá muito trabalho para se aproximar do bom “status” de seu vizinho (Perdizes).
([email protected]) *** Primeira Coluna também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 18/01/2025.