# Milton Magalhães

Plantei uma Árvore no Lar da Criança de Patrocínio

9 de Junho de 2018 às 13:39

Dizem que tem gente pra tudo. Vai que algum maluco amigo queira escrever minha biografia. Se ainda estiver neste Planeta que amo e caso não consiga, nem a pau, demovê-lo da idéia, então, um registro não pode ser omitido: Dia: 08/06/2018. Local: Lar da Criança em Patrocínio. Fato: Plantei um pé de Jacarandá-Mimoso. Pra mim equivale a Nobel da Paz. Segue o por que e o como se deu este singelo, mas solene fato:

Logo que soube que cortaram o pé de Umbu que há doze  anos havia plantado no Jardim da Casa da Cultura, o Diretor do Jornal de Patrocínio e Diretor do Lar da Criança em Patrocínio, Joaquim Correia Machado Filho, solidário, sugeriu que se fosse de minha vontade, poderia plantar um árvore no Lar da Criança. A proposta tocou as cordas do meu coração. Ficamos de conseguir a muda.

Passaram-se alguns dias. No emaranhado do cotidiano e “capinando sentado” no dizer da minha Vó-Mãe Badia, não me esquecia, mas não logrei êxito em obter a espécie a ser plantada.

“O problema é que estou encerrando minha gestão á frente da entidade. Devo ficar por um tempo por lá como interventor”  Traduzindo. “Se vamos plantar a árvore, por que não plantá-lo logo?”.

Eis que a  Providência Divina entrou em cena. Transitando no centro da cidade, Joaquim, foi abordado por uma blitz. “Ando em dia com meus documentos, mas não deixa de ser chato, alguém, depois de fuçar na sua carteira, devolve-la toda bagunçada” A  Blitz, no entanto era ecológica, ação promovida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Dentre as mudas a serem doadas estava uma de Jacarandá- mimoso. E foi a escolhida.

 Voce nunca ouviu falar do Jacarandá- Mimoso, não é? Peço vênia, para apresentá-lo: Árvore frondosa, de folhagem delicada, pertencente à Família das Bignoniáceas. Muitos países utilizam o jacarandá-mimoso na arborização de grandes cidades, entre estes, a Argentina, Sul do Brasil, África do Sul, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Itália, Portugal, Espanha e México, entre outros.. Aliás,  uma das poucas árvores a ter o mesmo nome comum em quase todos os idiomas do mundo. Pode atingir até 15 metros de altura. As folhas, que medem 40 cm de comprimento, são compostas por folíolos miúdos e delicados e concentram-se nas pontas dos ramos. Durante o inverno, o jacarandá-mimoso perde suas folhas, mas no início da primavera ele se cobre de exuberantes flores em forma de sinos, arroxeadas e perfumadas. A floração se prolonga até o começo do verão e recobre praticamente toda a copa. Até quando caem são generosas, formando um maravilhoso tapete de pétalas coloridas. Devido a  sua bela floração, rusticidade e de rápido crescimento, pode e deve ser utilizada para arborização de parques, praças, ruas e avenidas que disponham de calçadas mais amplas. Não necessita podas ou qualquer tipo de manutenção. Madeira, clara, muito dura, pesada, compacta, de longa durabilidade, porém frágil. Útil para a confecção de brinquedos, caixas, instrumentos musicais, carros de luxos, carpintaria e móveis em geral. E seus frutos são utilizados no artesanato para confecção de bijouterias.

Uma curiosidade sobre esta árvore: em Pretória, uma cidade na África do Sul, as ruas são totalmente arborizadas com jacarandá-mimoso levado do Brasil. Agora você sabe, na terra fértil do Lar da Criança em Patrocínio,  tem um exemplar.  

Aí ás 9:30 da manhã, Joaquim me  liga para a nobre tarefa. Em sua pontualidade britânica, ele chega com seu  Chapeuzinho de Mestre Sala da Portela. Honrado e comovido lá fui.   

Enquanto descíamos a Rua Martins mundim sentido Lar da Criança, mesmo rindo de uma piada limpa ou ouvindo uma saborosa história do menu mineiro do meu motorista, me permiti divagar um pouco. Pensei na importância daquele homem que me levava para plantar uma árvore em minha vida.

Conheci-o lá, no comecinho dos anos 80. 1983 para ser exato. Perdi a conta de quantas vezes passei pela Rua Artur Botelho, 575 com um artigo no bolso, sem coragem para entrar naquela redação. Quando finalmente tomei o porre de ousadia e levei meu manuscrito para saber se merecia ser publicado. O homem que redigia algo, cometeu um erro. Parou me deu total atenção, prometeu analisar minha caraminhola. Texto publicado. Quando vi meu nome no jornal, meu coração ficou com brasa a vento. Fiquei parecendo os bezerros novos na Barra do Salitre, quando o céu anunciava chuva. Resultado? Por 25 anos fui colunista do Jornal de Patrocínio. Nunca consegui lhe chamar de Sô Joaquim. Um pronome de reverencia, como deveria. Mas ele foi elevado á categoria de amigo. E na amizade o chão é plano, no qual as pessoas ficam iguais.   Não sei explicar. Só sei que é assim.

Joaquim Correia Machado Filho.  Um homem de raiz e fruto. A propósito dele se pode dizer: “Ele será como a árvore plantada à beira dágua e que solta raízes em direção ao rio. Não teme quando vem o calor, e suas folhas estão sempre verdes; no ano da seca, não se perturba, e não pára de dar frutos.” (Jeremias 17: 8;  Versão Católica) Fundador e Diretor  do Jornal de Patrocínio; (em seu quadragésimo quinto ano) Decano do nosso jornalismo rangeliano; exemplo de cidadania e agente do bem em nossa comunidade. Moço reconhecido por “pegar as coisas e fazer bem feito” É daqueles que não abaixa a guarda nem dependura o boné..Católico praticante, humanitário, confrade vicentino, cursilista,  Ministro da Eucaristia por mais de 20 anos. Bancário, desportista, atleticano, professor, músico, amante da boa leitura, exímio Contador de caso. Possui rico senso de humor. (e cuidado com as pegadinhas do Quim: “Que jeito que ‘muda pé de’ café?”, Cê tem brochove?”) Quando se candidatou no ano 2.000, com o número 15540 ( Gente que deveria era ser aclamado vereador) Já usava o slogan, que hoje alguns usam como novidade: “ Um Jeito Novo de Fazer Política”.  Vice- presidente da Academia Patrocinense de Letras. Atual Presidente do  Lar da Criança de Patrocínio.  (Interventor). Onde não gosta que fala, (pois, considera Geraldo do Tuniquinho alí o grande benfeitor, inclusive providenciou um quadro em tributo a ele e  afixou-o  na recepção da entidade)  mas, não tem como não reconhecer. A digital de seu eficiente trabalho.

Pude ver in loco quando adentramos o portão do Lar da Criança. Onde tenho que dizer, tive a recepção de um estadista. A flores acariciam o olhar  na chegada e o alarido feliz das crianças bem alimentadas, enchem o ar daquele perfume chamado, boas-vindas. A dedicação, o carinho, o cuidado, o compromisso, o afeto, o acolhimento e o profissionalismo dos colaboradores são vistos nos quatro cantos daquela unidade. Ciceroneado por Joaquim do JP, pude conhecer a alegria de servir, da coordenadora, Tereza Silva; de Mércia Castro, secretária;  Élio, serviços gerais; de Rosy, cozinheira; de Madalena, serviços gerais; de Mônica educadora social; de Viviane, monitora e de Liliane, serviços gerais. Inclusive, a cordenadora, Tereza, nos falou  sobre a importância da gestão de Joaquim Machado:  "Só com amor se move a vida". Sr. Joaquim durante todos os dias de sua missão frente ao Lar da Criança veio nos dizer com seu testemunho de fé coragem, dedicação e muito dinamismo que não tem idade para colocar a vida a serviço daqueles que mais necessitam. Que São Vicente de Paulo, o Beato Frederico Ozanam possam interceder a Deus por ele e que cada dia mais ele  demonstre este amor pelas suas atitudes fazendo a diferença por onde passa."

   São 76 crianças de 06 a 13 anos ali sendo diariamente atendidas com toda dignidade.

No ato de plantar o pé de Jacarandá - Mimoso, (próximo ao campo de futebol em construção, mais uma conquista da gestão Joaquim) e sob o olhar de um grupo de crianças, tive, a consultoria do Élio; a parceria do Joaquim; a ajuda de  alguns pequenuchinhos e o registro fotográfico de Tereza Silva.

Como diz, um certo Goethe:  "Todos os dias devíamos ouvir um pouco de música, ler uma boa poesia, ver um quadro bonito e, se possível, dizer algumas palavras sensatas" . Muda plantada, tirei do bolso este mimoso poema de Manuel de Barros e compartilhei:

"Árvore 

Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore.
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua mais do que na escola.

No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus.
Seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul.
E descobriu que uma casca vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores só serve pra poesia.

No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.
Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros
E tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos.
Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore
porque fez amizade com muitas borboletas.?" (Manuel de Barros)

Apos dizer para as crianças: "Honre seu amigo, convide-o para plantar uma árvore com voce" . Penso que ficou aquela sementinha... Fomos tomar um cafezinho passado na hora na cantina para comemorar.