# Milton Magalhães

Prezado Presisente da Câmara de Patrocínio, Thiago Malagoli

10 de Novembro de 2018 às 19:53

Se me permite vou tratá-lo aqui de você. Não, por favor não é desrespeito, muito menos irreverência. Sei que estou a me dirigir ao Presidente da Câmara da minha cidade. Aliás, um dos mais atuantes e  pulso firme a presidir aquela casa de leis. O fato é que tenho alguns  janeiros a mais que voce e a nossa amizade, que não foi feita na porta do boteco, permite essa informalidade. Em síntese, é um despretensioso olhar sobre  seu mandato, até onde conheço.

Sabe, Thiago, sempre disse que, “nós, brasileiros, carecemos mais de bons líderes, do que de pão, água, teto, terra e ar. Em pensar que, tudo - absolutamente, tudo - levanta ou cai dependendo da liderança. A vida, casa, família, igreja, empresa, cidade, estado, nação planeta, o cosmos, tudo reflete o seu comando, sem tirar em pôr.  "Se a cabeça não vai bem, o corpo padece,"  reza o antigo adágio. Tenho isto como uma verdade e creio que você também.

Nossa política brasileira, Thiago, infelizmente,  anda um “ninho de macagafo”. Observamos um   apagão de líderes confiáveis, sem precedentes em nossa história.   Nesse contexto, dirijo o meu olhar com uma lufada de esperança  para o futuro de Patrocínio. Pelo menos aqui, vejo  em você,  uma  promissora liderança. E se você me permite, em nosso meio,  além de você, temos Greyce Elias, Gustavo Brasileiro, Cássio Remis e Thiago Miranda, jovens se despontando com potencial de liderança positiva. E por liderança positiva, leia-se, gente capaz de  "aglutinar sentimentos, representar vontades, promover consensos e levar adiante projetos que ultrapassem os interesses particulares".  A população olha pra vocês, como o agricultor, olha para o pomar florido prometendo bons frutos.

Repito. Mais do que pão, água, teto, terra e ar, precisamos na prática  da política com  os valores da  Honestidade, da ética, da competência, da justiça, do respeito, da coragem, da coerência, da humildade, da simplicidade, do  compromisso, da empatia, da prudência, da tolerância, da  temperança, da simpatia, da generosidade, da  serenidade, da  firmeza, do desprendimento, do idealismo e da personalidade. Não vá queimar a minha língua, mas, até onde lhe conheço, vejo que você busca ser  um agente dessa política salutar.

Em Fevereiro de 2017, estive em seu gabinete, na Casa do Povo, como se diz. Você, como lhe é próprio, me recebeu com extrema cordialidade.  Desse encontro publiquei uma entrevista cujo título era: “Um Cafezinho Com Quem tem o que dizer”

Faz-se mister pinçar uma das respostas que você me deu naquela oportunidade. Perguntei: “Qual será o seu legado ao final de sua gestão à frente da presidência da Câmara Municipal de Patrocínio?”

Voce me  asseverou o seguinte: “Quero que amanhã ou depois se lembrem de mim como o presidente que valorizou a Instituição. Que investiu na humanização da Câmara, valorizando e reconhecendo a importância das vereadoras e vereadores e servidores; que cuidou da Casa, abrindo-a ao máximo para o povo; que zelou da estrutura física do Palácio do Legislativo, um dos prédios de Câmara mais admirados não só da região, mas de todo interior mineiro.”

Essa honrosa missão vai chegando ao fim. Seu mandato termina neste final de 2018 e penso que, no balanço de  perdas e danos,  o saldo será positivo. Sua gestão foi intensa, dinâmica, popular, transparente, polêmica, mas, sobretudo, profícua.

Com referência a honrosa missão, supracitada, não poderei deixar passar em branco.  Outro dia - e ninguém me contou, não - com as transmissões das sessões da Câmara, agora, feitas  em “máxima alta definição”, com cerca de  três, quatro mil acessos a cada sessão,  de casa, na tela do meu Smartphone, ‘vi com os meus olhos e ouvi, com os meus ouvidos’, você dizendo que, o posto de Presidente do Legislativo, foi um “presente de grego” que ganhou de seus pares. Pensei comigo na hora. “O Thiago, está nesse momento de cabeça quente”. Você se encontrava  no olho do furacão. O Plenário havia derrotado um Termo de Ajuste de Conduta, recomendado pelo Ministério Público e de quebra derrotaram um requerimento de convocação de um  secretário, uma blindagem ao mal feito no executivo. Voce ficou “pistola” com estes fatos. No seu lugar, outro faria o mesmo.  Contudo, agora mais sereno pense comigo.  Primeiro. É um cargo constituído por Deus. Eleição Superior, está lá na Constituição  Universal: “Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder; é ele quem muda o tempo e as estações, REMOVE REIS E ESTABELECE REIS; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.” – Grifo Nosso.

Segundo. Se algum dia, você tiver um tempinho, antes de deixar o cargo, dê uma  olhada na Galeria dos Ex-presidentes da Casa. (Aliás, Nova “Galeria Amâncio Silva” feita por você)  Faça essa reflexão com o coração reverente.  Entre outros, lá  está: Amir Amaral, Dr. Abdias Nunes, Alaor de Paiva, Dr. Hélio Furtado, Dr. Vicente Arantes, Joaquim Assis, Dr Amâncio Silva, Dr Ocayr Siqueira, Júlio Elias, Carlos Ibrahim, Joaquim Morato, Silvério Almeida, Dr José Rodrigues, João Batista de Oliveira, Guilherme Almeida, Alcides Dornelas,  Marly Ávila,  Bebé,  Alberto Sanarelli e Cássio Remis... Seu nome, brevemente,  entrará para sempre neste panteão sagrado: “Tiago Oliveira Malagoli, 35º Presidente da Câmara Municipal de Patrocínio”. Estará na história.  Entendeu o que quero dizer?  É  honra; é privilégio, é responsabilidade; é alta distinção reservada a  bem poucos. Bem. Voce disse que  jamais  voltará  ao cargo de Presidente do Legislativo, mas sai de cabeça erguida e consciência tranquila.

Estive lendo outro dia. O  termo “vereador”. “Verea”, vocábulo originário  do grego antigo, que significa vereda, caminho. O vereador, portanto, seria o que vereia, trilha, ou orienta os caminhos. Existe no idioma brasileiro o verbo verear, que é o ato de exercer o cargo e as funções de vereador. Resumindo, o vereador é a ligação entre o governo e o povo. Ele tem o poder de ouvir  nas ruas o que os eleitores querem, propor e aprovar esses pedidos na câmara municipal e fiscalizar se o prefeito e seus secretários estão colocando essas demandas em prática. Portanto, vereador é a pessoa que vereia, ou seja, é o cidadão eleito para cuidar da liberdade, da segurança, da paz e do bem-estar dos cidadãos de seu Município.

Tenho visto seu esforço para cumprir o real papel do vereador, hoje tão deturpado. Ouro dia, você chegou a falar com muita contundência sobre isto no parlamento.  Em outra palavras você disse: “O papel do  vereador não é fazer assistência social com a população, pedindo ponte, dando cesta básica, remédio, consultas, ambulância, passagens, etc.  É fazer leis sobre assuntos pertinentes na cidade; é fiscalizar o trabalho do Poder Executivo; é  acompanhar  os gastos públicos; é  avaliar os serviços municipais; é sugerir melhorias nas políticas públicas."

Não por acaso, pelo segundo ano consecutivo, você recebeu a “Medalha Alferes Tiradentes” concedida pelo “Instituto Tiradentes”, como o vereador mais atuante de Patrocínio. A escolha por pesquisa, usa os critério de idoneidade moral e exercício de mandato em sintonia com a vontade da  população.

Você é um cara humano, livro aberto, autêntico,  intenso; 50% razão e 50% emoção. Se joga todo naquilo que acredita. Possui asas adestrada para voos maiores. Teria, inclusive,  sido eleito deputado estadual, mas o prefeito Deiró (diria que num ato de traição)  fez outra escolha para o apoio do seu grupo político. Logo você truta dele, eram igual duas de dez, "90% do que sou hoje como político devo ao Deiró Marra”, já te ouvi dizendo por aí. Cutucaram a fera com a vara curta.  Depois deste ato você revolucionou o seu mandato. Voce se tornou um vereador de posição independente (o contrário de oposição intransigente). Sem diminuir o trabalho de ninguém, pode-se dizer que com a sua nova postura, sem amarras, você não come na mão do executivo. Vai para a tribuna e rasga o trapo, solta o verbo, diz o que tem que dizer. Deixa os vereadores de oposição de queixo caído e os de situação,  com a cara grande. Sem como defender o indefensável.

Opa! Também, não vou passar a mão na sua cabeça  aqui. Achei pesado e desproposital, quando numa sessão destas você interpelou a vereadora Dª Neuza Mendes, chamando - a de “mentirosa”,  posteriormente,  se dirigiu á vereadora Marcilene Jacinto, dizendo que “ela não tinha capacidade pra entender” . Logo você, quem mais prestigiou a mulher no Legislativo e ainda integrante do  PMB (Partido da Mulher Brasileira). Sei, foi no calor da fala, mas não se justifica.

Seguindo o slogan: “Compromisso, diálogo e participação”, você vai deixando sua marca de trabalho. Defensor incansável do servidor público, solicita  veementemente reajuste salarial e sesta básica; elaborou o Novo Regimento Interno, que tinha 26 anos; Portal d Transparência, 24 hora no ar; implantou a Ouvidoria da Câmara, aproximando ainda mais a Casa de Leis e o cidadão; adquiriu um veículo oficial para o Legislativo; conquistou o  cartão-alimentação para os servidores do Legislativo; colocou câmeras de monitoramento nas dependência da casa; Realizou o Concurso Público; lançou o processo licitatório online;  transmissões em Full HD, ao vivo no Portal da Câmara, total transparência nos atos legislativo. Mandato em perfeita consonância com o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais e do Ministério Público.  Bismarck um Chanceler Alemão,  disse que “Os cidadãos não poderiam dormir tranquilos se soubessem como são feitas as salsichas e as leis.” Na sua transparente gestão, o patrocinense dormiu tranquilo.

Que sessão histórica aquela na qual você colocou em pauta a in/segurança em nossa cidade. Neste outubro, p.p, Patrocínio chegou ao 30º Homicídio no ano, entrando no rol das cidades mais violentas do país.  Trouxe  a realidade que muitos tentam maquiar.  Mostrou comerciantes atendendo clientes atrás das grades. Um absurdo, ficando normal pra muitos.

Queria lhe dizer que gostei da sua postura na 35ª Sessão, quando disse de pronto que seria preso quem tentasse, tumultuar a reunião. Isso mesmo, Thiago. A assistência não pode manifestar em  apoio ou desaprovação ao que se passar em plenário, quanto mais bradar contra os edis, insultar, ameaçar, como aconteceu algumas vezes. Vai que a moda pega. É Casa do Povo, não “Casa da Mãe Joana”. Ora, vê se ninguém entra gritando lá no Executivo, vê se alguém invade aos berros o Judiciário, no Legislativo, também não.  Se alguém tiver algo para dizer, que usa a Tribuna Livre da Casa- “Tribuna Ismene Mendes”. Temas que sejam relevantes e de interesse da comunidade. Fazer inscrição previamente,  usar termo de acordo com a dignidade da casa. Por que estou dizendo isto?  Voce há de concordar comigo. Com as transmissões das sessões ao vivo, vocês vereadores, ficam expostos como aquele mosquitinho numa parede branca. todos os movimentos são acompanhados. E com uma assistência de cerca de 3 /4  mil acessos, muita gente vai querer aparecer e crescer em cima de vocês. O perigo da promoção pessoal, pior, fazer da Câmara um palanque político. Corta logo esse barato. Decoro parlamentar e ordem na casa. 

“Deiró tem tudo para fazer uma excelente gestão, mas é mal assessorado”,  uma das frases sua com a qual concordo. Cansado de panelinhas se revezando no poder, quando Deiró foi eleito esperei que a composição de seu governo fosse de gente com perfil  técnico, transparente, competente e íntegro. Tive alta expectativa, afinal o prefeito/executivo,  poderia trazer  para a gestão pública o modelo bem sucedido de gestão no setor privado. Ainda estou esperando. Vejo que   encheu o governo de assessores seu. Gente que só lhe obedece. Pode ser bom para  ele, mas não pra Nação Patrocinense. 

 Voltando á entrevista que você me concedeu em 2017, a qual citei no preâmbulo deste,   Perguntei-lhe naquele dia: “Como gostaria de ser reconhecido lá no final de sua vida pública?”. Voce me respondeu:

“- Gostaria de ser lembrado como um bom político, próximo das pessoas, solidário com as famílias, principalmente as mais humildes. Que, no futuro, minha filha Carolina se refira a mim com orgulho, dizendo que seu pai foi um político simples, autêntico, honrado, leal e honesto.”

Obviamente, você não chegou ao final de sua carreira de homem público, ao contrário, está apenas iniciando, mas sua filha já pode se orgulhar de você. Se houve bem na  presidência do legislativo patrocinense. Honrou o cargo...

Está credenciado para voos maiores... (Publicado em 09/11/18, Coluna "O Meio e Mais", Gazeta de Patrocínio)