# Milton Magalhães

Professor Calixto,(ex- estudante do Dom Lustosa e João Beraldo) da UFSC, recebe 1º Prêmio CBMM de Ciência e Tecnologia

22 de Agosto de 2019 às 21:16

Conforme divulgamos, com indisfarçável  orgulho,  o biólogo e doutor em Farmacologia,  João Batista Calixto, que iniciou sua vida estudantil  no   Colégio Dom Lustosa e no grupo João Beraldo, de Patrocínio,  acaba de receber uma justa homenagem.  E foi nessas respectivas escolas, nas décadas de 60 e 70, que João Batista Calixto, trineto do Juca italiano, criou a base educacional que o levou mais tarde à Universidade de Brasília e, posteriormente à Universidade de São Paulo (USP) e à Universidade Federal de Santa Catarina, pontos de partida para uma carreira de pesquisa brilhante na área de fármacos, no Brasil e no exterior. Agora, acaba de ser agraciado com o primeiro prêmio CBMM de Ciência e Tecnologia...

A jornalista patrocinense radicada em São Paulo,  Nely Caixeta, nos passa a informação de que a esperada  condecoração ocorreu neste 21/08/2018. A cerimônia aconteceu no Museu do Amanhã no Rio de Janeiro e  contou com a palestra do norte-americano Paul Romer, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2018.

O prêmio foi criado pela CBMM, líder mundial no fornecimento de produtos e tecnologia do Nióbio, com o propósito de incentivar a produção da pesquisa científica e tecnológica de caráter inovador no Brasil. Junto aos troféus, cada agraciado recebeu um prêmio de 500 mil reais.

A seguir transcrevemos  matéria da colunista Estela Benetti, do Portalnsctotal:

Marcelo Viana e João Batista Calixto (Foto: Panóptica )

 

" PROFESSOR CALIXTO, DA UFSC, RECEBE 1º PRÊMIO CBMM DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

O trabalho como professor e pesquisador de medicamentos na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) consolidaram a carreira de sucesso do biólogo, doutor em farmacologia e cientista João Batista Calixto, hoje diretor do Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP) de Florianópolis.

Pelo conjunto da obra, ele foi reconhecido na noite desta quarta-feira (21) com o 1º Prêmio CBMM de Ciência e Tecnologia. O evento ocorreu no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, com palestra do Prêmio Nobel em Economia 2018 Paul Romer.

A nova premiação nacional, iniciativa da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), reconheceu dois cientistas: Calixto na categoria Tecnologia e o matemático Marcelo Viana na categoria Ciência. Nascido no interior de Minas Gerais, Calixto traz no currículo o desenvolvimento do primeiro medicamento 100% brasileiro e 24 patentes registradas no Brasil e exterior. Confira a entrevista que concedeu à coluna.  

O que representa esse prêmio para o senhor?

Eu fiquei muito feliz com esse reconhecimento. Ao mesmo tempo, é uma responsabilidade enorme representar a classe científica. Este é o maior prêmio do Brasil em Ciência e Tecnologia. Foi lançado pela CBMM, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, empresa que é líder mundial em fornecimento de produtos de nióbio e está presente em mais de 20 países. Ela pertence ao Grupo Moreira Salles, do Rio de Janeiro, que tem tradição em apoiar a ciência e a cultura.

Como iniciou sua trajetória e evoluiu para a pesquisa de fármacos?

Nasci no interior de Minas Gerais, vim para Florianópolis em 1976 e não saí mais. Ingressei como professor na UFSC. Desse prêmio que me reconhece agora, 90% está ligado à minha trajetória na universidade. Sou Biólogo pela Universidade de Brasília, mestre e doutor em farmacologia pela USP, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Sempre trabalhei muito com pesquisa básica. Com o Laboratório Catarinense, de Joinville, eu fiz a minha primeira parceria como cientista. Em 2010, fui convidado para criar o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP) em Florianópolis e em 2013 me aposentei na UFSC. Agora, só trabalho na área de inovação no CIEnP. A instituição mantém parcerias com a UFSC. Eu também participo de diversas entidades científicas do Brasil.   

Qual é a importância dessa iniciativa da CBMM numa fase em que cientistas de universidades são criticados e há falta de recursos?

Esta é a primeira edição do Prêmio CBMM. O momento foi feliz. Traz um certo alento, de que as coisas podem melhorar. É uma empresa que não tem nada a ver com a minha área de atuação. E o outro pesquisador premiado é da área de matemática. Essa é uma premiação aberta a toda a comunidade científica. Espero que outras empresas também possam apoiar a ciência, a inovação, a cultura e as artes. No Brasil, isso ainda não é comum.

Como o senhor avalia os cortes de recursos para pesquisas e polêmicas políticas na área?

Esse prêmio mostra o valor da ciência. Não consigo entender como as pessoas não percebem a importância da ciência. Medicamentos, tecnologias, tudo vem da pesquisa e inovação. É muito difícil ver que a alta cúpula do país não dá valor a ciência, que é a base de tudo. Mas eu acho que é muita ideologia, eu tenho esperança de que as coisas vão mudam. As crises não são de todas ruins. Acho que geram reflexões e abrem caminhos. Ninguém esperava essa mudança agora, essas polêmicas sobre pesquisas. Muitas pessoas receberam bolsas do CNPq e da Capes. Fica quase impossível acreditar que isso está acontecendo. A minha sugestão é que a gente tem que persistir e mudar esse quadro.

Que prejuízos o país tem com a fuga de cérebros?

Os mais jovens estão enfrentando um desemprego absurdo. Temos um grande desemprego no Brasil de pessoas com baixa qualificação, mas temos também muitos doutores e pós-doutores sem colocação no mercado. Essa fuga de cérebro gera dois grandes prejuízos ao Brasil: fará falta quando for retomado o crescimento econômico e também o país perde investimento de alta qualidade. Isto porque o Brasil gastou grande quantidade de recursos para formar essas pessoas, elas vão de mão beijada lá para fora e muitos não voltam mais para contribuir aqui. Cada dia você vê mais notícias negativas. Eu já vi muitas crises. Talvez essa seja a mais forte. Mas também vai passar. Outra que pesou muito foi a do governo de Fernando Collor. Mas naquele momento o Brasil não tinha investido tanto em recursos humanos quanto nos últimos 20 anos.  

O que mais preocupa o senhor no atual cenário?

Chama a atenção o fato de o país estar se desindustrializando. Florianópolis tem o maior polo de startups e empresas inovadoras do Brasil em relação ao total de habitantes. Isso é resultado da educação. Não há solução para os problemas do mundo sem ciência e inovação. Está muito difícil, mas temos que ser resistentes, lutar. Se fala em suspender 84 mil bolsas do CNPq. São recursos necessários para a formação dos profissionais e, se for cortado, tudo o que foi investido até agora se perde. É diferente de você começar um prédio e, se não tem dinheiro, deixa para retomar mais adiante aproveitando o que já foi feito. Se o estudante para, perde todo o curso. Este momento é muito preocupante para a ciência no Brasil. Nunca teve tanta disputa ideológica como agora.

publicação original: https://www.nsctotal.com.br/colunistas/estela-benetti/professor-calixto-da-ufsc-recebe-1o-premio-cbmm-de-ciencia-e-tecnologia?fbclid=IwAR2zCe7qNOWiyuoo4Frc8G6WVEaJoLycg25dy4rhyNNSopus7WMYYoOhwaw

 

A SEGUIR FOTOS DE DR JOÃO BATISTA CALIXTO, COM PESSOAS E MOMENTOS ESPECIAIS. (COLABORAÇÃO DE NELY CAIXETA)

(Com a atriz Maria Fernanda Cândido)

(Angela e Marlene Calixto, irmãs do João - Marlene é economista e trabalha na secretaria planejamento de Minas em BH)

(Mariza, mulher do João, as irmãs e a filha, Marina):

 

(Família de Dr João Batista):