Conspiração. Essa palavra de Paulo Coelho explica o que aconteceu com o Pronto Socorro de Patrocínio. Conspiração da vida e do destino. O sonho continua. Mas é apenas sonho. A realidade ainda se encontra distante. A epopeia dos patrocinenses para que a distância entre o sonho e a realidade diminua é tão somente uma narrativa proposta agora.
O PRIMÓRDIO – Nos anos 80 e 90, o Pronto Socorro Municipal já era deficiente. Isso é o que registra a imprensa rangeliana da época. Inclusive este minifúndio de papel, em algumas edições. Pouca coisa foi realizada para melhorá–lo. Veio o novo século. A carência, ano a ano, aumentando. A população reclamando. A imprensa pressionando. O prefeito fazendo o que lhe é possível. A saúde se tornando calamidade.
HEURECA! – Nos anos de 2011 e 2012, o incansável prefeito Lucas Siqueira, em uma de suas inúmeras visitas à Secretaria de Estado de Saúde/SES, recebeu o primeiro sinal para o alcance da meta. Um apaixonado e despretensioso patrocinense, ocasionalmente superintendente da SES, foi o mensageiro da boa nova. O sonho era possível. O projeto viável, embora levasse algum tempo. Este superintendente se tornou o atalaia do projeto. Abraçou a causa como se fosse sua (particular).
PASSOS IMPORTANTES – Naquele período, em uma visita do então secretário estadual de Saúde, Antônio Jorge, à Santa Casa e Hospital Medcenter, foi lhe sugerido pelo então superintendente/SES uma visita ao Pronto Socorro. O secretário viu de perto o caos, sensibilizou–se e recomendou que tecnicamente um novo pronto socorro deveria se situar bem próximo à Santa Casa.
MAIS PASSOS – O secretário garantiu inicialmente ao prefeito, recursos na ordem de R$ 8 milhões. Entretanto, com a elaboração do projeto, pela Prefeitura, verificou–se que o recurso não seria suficiente.
GOL DE PLACA – Diante do impasse, restou ao pequeno superintendente/SES negociar e solicitar ao seu secretário e chefe autorização para elevar o teto financeiro do convênio. Pela confiança e pelo seu trabalho à frente de aproximadamente 8.000 convênios do Governo, o Secretário autorizou o pleito de seu superintendente.
E O TRABALHO CONTINUOU – O valor do convênio chegou bem perto de R$14 milhões, a maior quantia da área da saúde do Estado ou União, para Patrocínio, em todos os tempos. Tratando–se, é claro, de recursos para uma única ação.
E MAIS... – O então superintendente/SES acompanhou o projeto na Vigilância de Saúde Estadual para aprovação, e determinou aos seus amigos e colaboradores nas áreas de convênio e engenharia, sob sua gestão, prioridade no tratamento “Pronto Socorro de Patrocínio”. A equipe da Prefeitura sentiu esse prestígio.
FINALMENTE! – Em 24 de dezembro de 2013 foi celebrado o convênio entre Governo de Minas e Prefeitura de Patrocínio. O maior presente de Natal que Patrocínio já ganhou. Em junho de 2014, por decisão do superintendente/SES, foi totalmente empenhado (empenho é garantia de pagamento). Isso para que nenhum governo, de que partido político for, prejudicasse a querida cidade. O superintendente/SES foi quem assinou o convênio pelo Governo do Estado, por delegação.
AINDA O SUPERINTENDENTE/SES – Em maio/junho de 2014, participou de reuniões com o prefeito Lucas e o então candidato a deputado Antônio Jorge, ex–secretário de Saúde. Algo em torno de R$ 5 milhões poderiam ser liberados em 2014 para Patrocínio dos R$ 14 milhões já empenhados. Esse foi um dos resultados da conversa.
PORÉM... PORÉM... – Em junho de 2014, o clima predominante era político. Sem nenhuma critica, o prefeito Lucas resolveu tomar uma direção diferente a do Governo Estadual. Isso dificultou a liberação dos recursos. Mesmo com essa adversidade foi decidida a transferência de R$ 700 mil. Novamente, entra em ação o tal superintendente/SES, que solicitou ao coordenador político do Governo, secretário Danilo de Castro, a liberação de pelo menos 10% do valor do convênio. Em respeito ao trabalho no âmbito estadual do superintendente/SES, o secretário Danilo de Castro o atendeu.
EM RESUMO – Dos R$ 14 milhões empenhados, eram esperados R$ 5 milhões, mas foram liberados R$ 1,4 milhão que até hoje se encontram depositados no Banco do Brasil, aplicados no mercado financeiro, aguardando os demais R$ 12,6 milhões, que não tem dia, ano e hora para virem para Patrocínio.
A VIABILIDADE – No final de 2013, o então superintendente/SES pensava que tudo daria certo, se houvesse colaboração dos envolvidos. Ainda mais porque ele sabia que o novo Pronto Socorro pertenceria à Rede de Urgência e Emergência do Triângulo Norte (região de Uberlândia, Ituiutaba e Patrocínio). Tanto é que o convênio previa a execução do projeto do Pronto Socorro em dois anos (2014 e 2015). Com recursos garantidos.
CAUSAS DO INCRÍVEL ATRASO – Lenta negociação do terreno com a Santa Casa. Demora na elaboração do projeto de engenharia. Opção política de autoridades patrocinenses. Perda da eleição pelos responsáveis dessa ação (construção do Pronto Socorro). Falta de recursos no Tesouro Estadual, para honrar o compromisso em 2015 e 2016. Deixou de ser prioridade o Pronto Socorro na nova gestão. Melhoria do cenário econômico–fiscal só em 2018. O projeto na atualidade certamente custará algo em torno de R$ 17 milhões, a preços atuais. Dificilmente o Estado terá essa importância para Patrocínio nos próximos dois anos. Nem com orações.
A HORA PASSOU... – O universo conspirou contra o desejo dos patrocinenses. A decisão esteve nas mãos dos dirigentes municipais. Contudo, deixaram ela ir para outras mãos. Lamentável. Todavia a luta continua. Nas palavras de John Lennon, o sonho não acabou. Tomara que apareça rápido, secretários de saúde do Estado voltados para Patrocínio. Tomara que haja um superintendente estratégico, que goste da cidade acima de tudo. É uma receita para o êxito. Como outrora. Que saudade!
Diferente do que é dito acima é pura lenda.
O limitado superintendente/SES de então é este escriba patrocinense amador que pede desculpa aos conterrâneos.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 30/4/2016.