Curiosidade. Muitas vezes, ela reside na história. E quando se refere à terra natal bota curiosidade nisso. Complementando, e até melhorando, sobre a apresentação da (nossa) cidade em 1955, a Lista Telefônica da Companhia Telefônica de Patrocínio S.A. é novamente pesquisada/consultada.
ARROZ E FEIJÃO A QUILO – O mais popular comércio de alimentos de Patrocínio era o Armazém do Povo (o armazém do Sô Rubens), de Rubens Carlos da Silva. Atacado e varejo (seria um “supermercado” daquele tempo). Localizava-se à Rua João Cândido de Aguiar, nº 403, esquina com a Rua Governador Valadares. Telefone: 1, 5, 4. Tudo era a quilo: açúcar, café, fubá, farinhas, arroz e feijão. Tudo na balança de pinos (cada pino correspondia a um peso). E o querosene para lamparinas e lampiões não podia faltar.
PREFEITURA E CADEIA – O telefone do prefeito era 1, 0, 6 e o do serviço da Fazenda (arrecadação) 1, 0, 7. Ambos na Praça da Matriz, na sede da Prefeitura (hoje, Casa da Cultura). A Coletoria Estadual (hoje, as Administrações Fazendárias de Minas), sob o comando do fiscal Xisto Alves de Souza, situava-se à Rua Presidente Vargas, 1.102 com o telefone 3, 1, 9. Na Praça Tiradentes, mais conhecida como Praça da Cadeia (região do Ginásio Dom Lustosa), com o telefone 2, 6, 0, estava a Cadeia Pública (de muitas histórias; precisa ser esse patrimônio histórico preservado).
PRINCIPAIS PENSÕES – A cidade possuía diversos pequenos hotéis/hospedarias denominadas de pensão. A Central era na Praça Honorato Borges, 908, com o telefone 2, 6, 9. Pensão Oeste, à Av. Rui Barbosa, 3, 5, 9 de Pedro Onofre Marins. Refeições avulsas, quartos familiares dizia o anúncio. Pensão Rodoviária, à Rua Jacob Marra, 268. Pensão da Caliméria Goulart, à Rua Miguel Couto (hoje, Rua Cassimiro Santos; posteriormente, tornou-se o Lux Hotel). E Pensão Avenida, à Av. Rui Barbosa, 512, com o telefone 1, 0, 8.
UM EXEMPLO DE COMO SE ESTUDAVA – A Escola Nossa Senhora do Patrocínio, dirigida pelas Irmãs do Sagrado Coração de Maria, tinha os cursos primário, admissão (um cursinho preparatório para o aluno se habilitar ao ginasial), ginásio, normal (formação de professoras) e técnico de comércio, com o nome de Escola Técnica de Comércio Padre Matias (mais tarde, passou a pertencer ao Colégio Prof. Olímpio dos Santos).
COMO FUNCIONAVA O TELEFONE – Em 1955, a Cia Telefônica de Patrocínio ainda não disponibilizava o interurbano. Ou seja, não havia ligação para telefones de outras cidades. A ligação interurbana surgiu quase em 1960. Em 1964, por exemplo, para alguém de Patrocínio ligar para alguém em Belo Horizonte teria que esperar cerca de 4h. Sim, 4 horas para completar a ligação. E custava “o olho da cara”.
E AS LIGAÇÕES LOCAIS? – A Telefônica recomendava não pedir à telefonista “ligar para o fulano”. O certo era informar à telefonista os três números desejados. Para a Difusora teria que dizer 2, 8, 6. E não podia dizer “favor, ligar para o 286. Errado. O certo era dizer “dois, oito, meia”. A telefonista ficava em uma central (tipo PABX) na sede da companhia, à Praça Santa Luzia, 1.292. Assim, nenhum assinante (nome de quem detinha o telefone) conseguia ligar diretamente para outro assinante. Todas as ligações eram via telefonista. Uma chamada feita pela telefonista, atendendo pedido, se demorasse um pouco ser atendida pelo outro assinante a telefonista desligava (não completava a ligação).
TELEFONES FAMOSOS – O Serviço de Água e Esgoto (hoje, DAEPA) tinha o número 3, 6, 2. Muito utilizado. Pois, a falta de água era constante. Numa mesma rua, muitas vezes, a casa do lado nível pouco mais baixo tinha água, enquanto a casa em frente (nível um pouco mais alto) a água não chegava às torneiras. Por isso, haja cisternas em toda cidade! Na melhor fazenda do Município, a Cachoeira, próxima à zona urbana, havia o telefone 3, 8, 8. Pertencia a Enéas Ferreira de Aguiar, que quatro anos mais tarde (1959) tornou-se o primeiro prefeito eleito pela UDN. O telefone do Dom Lustosa era 1, 3, 2. O padre holandês Constancio Bokeloh, tinha o seu próprio número 3, 0, 9. E o do prof. Franklin Botelho, residente em frente à escola, era 1, 3, 1.
MAIS FAMOSOS – O escrivão de paz e oficial do registro civil, Demócrito Marques França (1900-1972), tinha o telefone 1, 7, 6 (residia à Av. Rui Barbosa, 826). Instituto Bíblico Eduardo Lane possuía o nº 2, 0, 3. Indústrias Caramurú (farinhas, fubá) 3, 5, 6. Valdemar Lemos, residente à Praça Honorato Borges, tinha o telefone 3, 8, 6. Foi prefeito de Patrocínio (1969). João Alves do Nascimento, ex-prefeito, um dos líderes do PSD, morador da Rua Cesário Alvim nº 407 tinha o fone 1, 5, 9. Pedro Rodrigues Pereira, à Rua Presidente Vargas, 1.119 tinha o nº 3, 3, 4. (marido da prof. Tuniquinha e proprietário daLoja Rodrigues, revendedor de roupas Ducal).
PATROCÍNIO JÁ TEVE LINHA DE AVIÃO GRANDE! – Nos anos 50, houve ligação por avião da cidade com Araguari, Uberaba, Belo Horizonte e São Paulo. Avião com mais de 70 assentos. A empresa chamava Transportes Aéreos Nacional, cuja agência situava na Praça Santa Luzia, 1.298 e o telefone 2, 1, 5. O velho aeroporto com pista de chão puro, com o telefone 3, 9, 1 ficava na Av. Faria Pereira com a rodovia para Belo Horizonte. Essa empresa, em 1956, foi adquirida pela Real Transportes Aéreos.
POR FIM – Também tinham telefone: Sapataria Be-Bem (praça Honorato Borges), Manoel Nunes, Posto Higiene (Rua Martins Mundim, nº 1670), Casa da Ginuca à Rua Governador Valadares, 922 (hoje, Farmácia Nacional), Relojoaria Modelo do Juca Emídio (“prédio próprio”, na Praça Santa Luzia) e Posto de Puericultura (Dr. Gustavo Machado, primeiro pediatra de Patrocínio), à Rua Presidente Vargas, 764. Todos e tudo são um pouco de Patrocínio de outrora. Que saudade!
([email protected]) *** Crônica também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 07/08/2021.