Respeito. É o que merece a história e o urbanismo de nossa amada Patrocínio. Fatos históricos testemunham que a cidade já possuiu imensos espaços urbanos. As praças eram até denominadas “largos”. Tais como “Largo da Matriz”, “Largo do Rosário” (praça Honorato Borges) e “Largo Santa Luzia”. Como exemplo, embora aviltada, a Praça Santa Luzia merece ser mais conhecida por quem gosta de Patrocínio. Além disso, o fator “urbanismo” (relação entre espaço e as pessoas nele inseridas) também indica fragilidades em Patrocínio. E boas cidades com bom urbanismo existem para serem referenciadas. Não é preciso ir a Brasília, Belo Horizonte ou Curitiba. Basta viajar pelo interior e ver cidades como São Lourenço, Itajubá ou Patos de Minas.
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TAMANHO DA PRAÇA NOS ANOS 20/30 – Quando o centro socioeconômico (e comercial) se deslocava do Largo da Matriz para o Largo do Rosário, nos verdes campos do Largo de Santa Luzia havia em seu centro uma isolada capela. E acredite, o largo ia desde a Rua 7 de Setembro até a Rua 15 de Novembro. Ou seja, da atual Rua Governador Valadares até a Rua Presidente Vargas. Nem o quarteirão do já velho Hotel Santa Luzia existia. Depois, parte do largo (praça) foi loteado!
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PRIVILÉGIO DA PRAÇA COM UM QUASE SANTO – De outubro de 1941 a fevereiro de 1942, a então capela de Santa Luzia (hoje, onde se encontra a Igreja) teve como capelão o mais puro ser humano que pisou o chão patrocinense: Padre Eustáquio. E lá, no imenso espaço do largo, aglomerava-se multidão de pessoas (foto e testemunhas presenciais documentam isso), que assistia aos milagres do padre holandês. E recebia a sua santa bênção.
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ANOS 60: FONTE LUMINOSA E MODERNO CINEMA – Em 1962, foram eleitos, pelo PSD antigo, Mário Alves do Nascimento (prefeito) e Dr. Amir Amaral (vice-prefeito). No final do primeiro ano do mandato (1963), o prefeito Mário Alves inaugurava a sua obra marcante: a moderna Praça Santa Luzia, restaurada com a mais bela “fonte luminosa” (a Cemig era “noviça” em PTC) do Triângulo. E, na mesma ocasião, a cidade ganhou o mais luxuoso cinema do interior, o Cine Teatro Patrocínio, na Praça Santa Luzia. De propriedade dos irmão Elias (João e Jorge, esse avô da deputada Greyce Elias), o cinema tornou-se a sala de visitas de Patrocínio. Com tantas atrações, a querida Praça Santa Luzia transformou-se no “novo point”, a nova referência patrocinense. Cinema lotado diariamente, “barraquinhas” religiosas, Bar e Restaurante Elite, Bar Caçula no Hotel Santa Luzia, Casa Libanesa (do libanês Jamal), Casa Facury (família sírio-libanesa), Casa Mansur (do libanês Antônio Mansur), Relojoaria Modelo, Casa São Paulo (libanês Chucre), Casas Pernambucanas (no lugar do emblemático Bar Rex), Clube Social Elite (depois, Associação dos Bancários) no 2º andar do edifício do Cine Patrocínio, e, Drogaria Santa Luzia, entre outros. Parecia até um paraíso. Além, da presença “internacional” dos comercia
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GLAMOUROSO “VAIVÉM” – Estratificado (separado) em três faixas, o movimentado desfile noturno das meninas-moças acontecia nas pistas (ruas) da praça. A pista em frente ao Cine Patrocínio até o cruzamento da Rua Elmiro Alves era para a elite patrocinense. Do outro lado do canteiro central, com árvores, a pista próxima à Igreja era destinada à classe média baixa. E no passeio em volta da Igreja, destinado à classe mais pobre. Todas as três faixas, em frente ao Cine Patrocínio. É triste constatar a separação social, mas ela existiu naquele tempo.
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OS ANOS PASSARAM... – Vieram os “trailers”, a desorganização comercial e social, falta de instalações sanitárias, omissão da Prefeitura, o cinema fechou, o comércio mudou o perfil e os costumes comportamentais se alteraram. Compreensão, paciência, racionalização, cultura, e, urbanidade eram (e são) o bom remédio.
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TODAVIA, A ESPERANÇA VIROU DESCRENÇA – Os impróprios “quiosques” (caixotinhos) construídos, ao invés de revitalizar, embelezar e florir a Praça, a maculou ainda mais. O visual é de mau gosto. A palavra de um urbanista de renome (nacional) poderia ser ouvida, consultado, a respeito da Praça Santa Luzia. O que fazer para o bem da população, imagem da cidade, mobilidade urbana e prazer dos cidadãos. O que está lá incomoda muito.
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POR ISSO... – É necessário um pedido de perdão à Santa Luzia (mártir italiana cristã, vítima de perseguições). Pois, patrocinenses de algumas gerações não zelaram do que é seu, a Praça Santa Luzia. E à padroeira da cidade, Nossa Senhora do Patrocínio, é indispensável solicitá-la discernimento aos administradores públicos, quando forem cuidar de Patrocínio e sua gente.
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LATO SENSU URBANO – Em época distante, já tentaram lotear a Praça da Matriz, construíram no Largo do Rosário e na Praça Santa Luzia. Lotearam o entorno do Estádio Júlio Aguiar, fazem ameaças perenes à Serra do Cruzeiro, cortam árvores de bosques e matas ciliares, e... e... e... até onde a insensibilidade permanecerá. Tomara que esteja em seu ocaso (declínio, final).
([email protected]) *** Primeira Coluna também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 25/01/2025.