Opinião. Para quem escreve é obrigação respeitar a de cada leitor. Cada leitor opina, avalia, o que é escrito/falado. Com total liberdade. Quando é um longevo leitor (por mais de trinta anos). Quando ele é longínquo (reside distante do rincão). E quando esse leitor é intelectual, a responsabilidade do escritor/colunista/cronista aumenta. O respeito ao leitor se robustece. É o caso de Rondes Machado, patrocinense-carioca, ex-camisa 10 do Flamengo (do Véio do Didino). Trechos de sua opinião, estampada em carta de 28/6/2019, tornam-se dever em publicá-los.
CRÔNICA EM DESTAQUE – “... sua Primeira Coluna, provavelmente a mais antiga do jornalismo interiorano, quiçá faz jus à sua inclusão no Guiness Book. Não conheço regulamento para se figurar naquele livro de recordes. Mas imagino que ela (coluna) tem alguns requisitos já comprovados de longevidade e consistência.”
E MAIS... – “A Primeira Coluna, dedicada, amadoristicamente, aos mais elevados interesses da nossa terra natal e de sua comunidade... Na realidade o seu feito com a longevidade da coluna jornalística é extraordinário. E merece ter reconhecimento público, além das fronteiras patrocinenses. Sei muito bem que você não pleiteia nenhuma honraria. Porém, isto é diferente de buscar um direito que possivelmente existe...”
DIZER O QUÊ? – São 41 anos e seis meses, em uma única missão: Patrocínio. Coluna/crônica plenamente amadora, sem vínculos políticos e econômicos. Em fevereiro próximo, completará 42 anos. Se tem mérito ou não, se é boa ou ruim, cabe ao leitor dizê-lo. Bem como a comunidade.
OUTRAS DE RONDES – José de Faria Tavares, o primeiro deputado de Patrocínio, foi recebido por uma multidão na então charmosa Estação Ferroviária (nessa época, havia trem de passageiros da Rede Mineira de Viação – RMV ligando Patrocínio a Belo Horizonte, diariamente). Isso após as eleições em 1945. Inteligente e brilhante, Zé Tavares foi um dos líderes da UDN estadual.
SEGUNDO DEPUTADO – Em 1950, outro patrocinense, mas politicamente radicado a Araguari, tornou-se também representante da região na Assembleia Legislativa. Trata-se de Oswaldo Pieruccetti, pertencente ao mesmo partido (UDN). Mais tarde, nos anos 60, tornou-se prefeito de Belo Horizonte.
FRUTAS NATIVAS DE ANTIGAMENTE – “As principais frutas existentes nos verdes campos (... de minha terra), nos anos 30 e 40, eram a gabiroba, cajuzinho araçá, joá, mangaba, bacupari, cagaita e outros.” Será que ainda existem?
AS CONHECIDAS TINHAM A SUA ÉPOCA – Segundo Rondes, as frutas comuns somente existiam em um determinado período do ano. Manga só acontecia em setembro, outubro e novembro. Jabuticaba acompanhava as chuvas de dezembro e janeiro. Assim, a agricultura era atrasada se comparada com a de hoje. Mas, totalmente natural.
ORIGEM – Essas curiosidades rangelianas são encontradas em cartas permutadas entre os amigos Rondes Machado (Rio de Janeiro) e Paulo Constantino (Presidente Prudente–SP). O primeiro, aposentado do Grupo Vale (mineração) e Paulinho, como é conhecido, grande empresário e consagrado ex-prefeito dessa cidade paulista. Ambos patrocinenses apaixonados. Além de ferrenhos torcedores do Botafogo–RJ e udenistas. Em 1961, Paulo Constantino foi candidato a vice-prefeito de Patrocínio pela União Democrática Nacional (UDN), na chapa encabeçada pelo saudoso Alaor Paiva (grande fazendeiro).
POR FIM – Velhos tempos. Tempo de chuva durava cinco meses seguidos: novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março. Havia até um tal de “veranico” em janeiro (cerca de 10/15 dias sem chuva). Tempo de inverno era inverno intenso em junho e julho. Agosto, mês dos ventos. Setembro e Outubro, tempo das flores. Assim, até o tempo era ordeiro. Disciplinado. Inesquecíveis velhos tempos. Hoje, o tempo perdeu sua majestade. Está à mercê de frentes frias, El Niño, La Niña e de outros alienígenas.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 20/7/2019.