# Eustáquio Amaral

Show de Bola nos Anos Dourados

30 de Junho de 2019 às 15:44

Futebol. A cidade o vive. O Clube Atlético Patrocinense–CAP é o expoente maior. É o amado e o glorioso. A Sociedade Esportiva também tem o seu lugar. Contudo, é bom, é exemplar, mostrar indeléveis páginas vividas por clubes rangelianos de outrora. Nos meados das décadas de 60 e 70, existiu uma equipe que vale a pena ser lembrada. Foi até campeã do Triângulo, disputando com Uberaba, Uberlândia, Araxá, Mamoré, URT e companhia. É o Patrocínio Esporte. É o Patrocínio Esporte Clube-PEC.

COMO SURGIU – Na verdade, o Patrocínio foi o sucessor do CAP de 1962/1963/1964 (o CAP de 1962 obteve o 3º lugar geral da Segunda Divisão de Minas, hoje Módulo 2). Em 1965 e 1966 não houve futebol profissional no Município. Como os torcedores patrocinenses sentiam a falta das inesquecíveis tardes de domingo, um grupo de patrocinenses liderados pelo industrial Jorge Elias Abrão (pai do ex-prefeito Júlio Elias e avô da deputada federal Greyce Elias) reabilitou o bom futebol. Aconselhado por grandes desportistas, como o lendário Véio do Didino, o grande político fundou o Patrocínio Esporte Clube, em março de 1967. E foi o seu presidente.

O COMEÇO – Naquele ano, o Patrocínio Esporte Clube disputou o campeonato mineiro/Módulo 2, perdendo apenas um jogo e obtendo também o 3º lugar. Nas semifinais derrotou o Araguari por 3 a 2, URT por 3 a 0 e 4 a 0 e o Nacional por 2 a 0. Empatou com o Araguari (1 a 1) e perdeu para o Nacional em Uberaba (2 a 0). Com esses resultados, tornou-se o campeão do Triângulo. E um dos quatro finalistas de todo o Estado.

ESTRATÉGIA VITORIOSA – O presidente Jorge Elias comprou um ônibus para o clube e uma casa para a concentração na Rua Cassimiro Santos, quase esquina com Rua Marechal Floriano. A folha mensal em 1968 atingia a NCr$ 8.000,00 (cruzeiros novos, moeda da época), custeada pelas rendas, colaboração dos sócios e diretores. Eram dezenove atletas profissionais, sob o comando do técnico João Fernandes, ex-Botafogo de Ribeirão Preto (trabalhou também no Uberlândia Esporte).

A EQUIPE – Armando, Zezito, Milton, Tiago e Chapada; Francisco e Prates; Adauto, Torunga, Totonho e Perigo (ou Lucas), era o time-base. Lêta, Dorival, Soldado, Estevão (artilheiro), Dedão e Vivi completavam o elenco. O zagueiro Tiago, o lateral Chapada, o meia Prates e os atacantes Totonho e Perigo destacavam-se pelas suas exibições.

OS PURO-SANGUE – Entre os titulares, o lateral esquerdo Chapada. Provavelmente, o melhor patrocinense na posição, em todos os tempos. E o atacante Totonho, também presença certa em qualquer seleção de Patrocínio, envolvendo todas as etapas esportivas da história local. Já entre os reservas, que sempre jogavam, o elástico goleiro Dedão (oriundo do Ferroviário) e o apoiador Soldado (origem: Operário, do Pixe e Cabrera). Desses quatro craques genuinamente patrocinenses, apenas Dedão partiu para o andar de cima. Deve estar em alguma seleção celestial.

SEGUNDA FASE – No final da década de 60 e começo dos anos 70, o Patrocínio Esporte paralisou suas atividades. Retornou aos estádios em 1973/1974/1975. Além do campeonato da Segunda Divisão, hoje Módulo 2, participou de torneios especiais. Como em 1974, quando foi promovida pela Federação Mineira de Futebol–FMF, a Copa Sul-Triângulo, envolvendo clubes do Sul de Minas e da região (nessa época, URT e Mamoré eram meros clubes amadores).

JOGOS MEMORÁVEIS – No dia 2 de junho de 1974, o PEC enfrentou o Nacional de Uberaba, no Estádio Júlio Aguiar. Assis Filho narrou a partida pela Rádio Difusora. Luiz Antônio Costa foi o repórter. No domingo seguinte o Patrocínio foi a Três Corações. Em 16 de junho, o Uberaba Sport visitou a cidade. Sucessivamente, nos outros domingos, o Patrocínio Esporte teve pela frente o Uberlândia no Estádio Juca Ribeiro (não existia do Parque do Sabiá), Caldense no Júlio Aguiar, e União Tejucana em Ituiutaba. No segundo turno o mando de campo inverteu-se. E a Copa terminou em 28 de julho.

MANCHETES DE 1968 – Enquanto o Patrocínio E. C. encantava a Santa Terrinha, o jornal “Estado de Minas” destacava que no Robertão (campeonato brasileiro), Cruzeiro era o 3º colocado no grupo A e Atlético o 4º no grupo B. Santos de Pelé venceu o Peñarol por 1 a 0, na Libertadores. Cruzeiro enfrentou o São Paulo com Raul, Pedro Paulo, William, Darci e Neco; Zé Carlos e Dirceu Lopes e Piazza; Natal, Evaldo e Tostão. Lacy e Dário Peito de Aço eram as atrações do Galo.

FUTEBOL PARA NÃO ESQUECER – Nos últimos 90 anos, Patrocínio teve quatro lendas. Primeiro, o Ipiranga Sport Club, nas décadas de 30 e 40. Na década 50, o Flamengo comandado por Véio do Didino. Nas décadas 60, 80, 90 e nesta última (década) o fenomenal CAP, que colocou o Município no pódio da bola. De 1967 a 1975, o gigante Patrocínio Esporte Clube. Outros clubes passaram, mas não fizeram história. Não escreveram, nem elevaram o nome de Patrocínio nas disputas regionais e estaduais. E agora, até em nível nacional, com a Águia Grená. Ave! Amada terra!

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 8/6/2019.

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