# Eustáquio Amaral

Tempo Em Que Ver Nudez Parcial Era Pecado

27 de Janeiro de 2020 às 23:29

Gerações. As mais antigas de patrocinenses tem muito a contar para as gerações mais novas. Por exemplo, o aluno que passou pelo emblemático Ginásio Dom Lustosa, dos padres holandeses (anos 30, 40 e 50), não teve nenhuma dificuldade em enfrentar qualquer vestibular de qualquer universidade. A história mostra que quase todos alcançaram o sucesso. Como referência da escola, Padre Caprázio tornou-se, nessa época, em um dos melhores, senão o melhor, professor de Química de Minas. Porém, ao lado da qualidade no ensino, aconteceram fatos pitorescos, que atualmente podem ser classificados de “incrível”, “fantástico” e “extraordinário”. O comportamento da Igreja Católica com o cinema é um caso para ser contado e admirado. Interessante!

CLASSIFICAÇÃO MORAL – Na entrada principal da Igreja Matriz havia o quadro de avisos. Nele o de Cotação de Filmes. Referia-se a todos os filmes da semana, que passariam no Cine Rosário e Cine Patrocínio. A cotação ia desde filme “Livre” até filme “Condenado”. Todos os católicos eram obrigados a observá-lo.

O CONCEITO DE CADA – Esse quadro semanal tinha o nome do filme, referência e a recomendação expressa da Igreja. “Livre” era permitido a todos. “Impróprio para menores de 14 anos” abrangia qualquer filme de romance juvenil sem nenhuma cena quiçá de beijo. “Impróprio para menores de 18 anos” era destinado a filme com algum abraço e beijo, hoje comum até nas ruas da cidade. “Desaconselhável” era para filme destinado a adultos sem cena de sexo, sem violência, mas que no entendimento católico não acrescentaria nada ao cristão.

PROFANAÇÃO – Existiam dois tipos de filmes que praticamente eram proibidos para os católicos. “Prejudicial” destinava-se classificar o filme com alguma pequena cena de violência ou de sexo, porém sem nudez. Quem fosse assistir ao filme cotado assim, cometeria pecado venial (perdoável). Ou seja, teria que confessar ao padre. Todavia, pela diferença de épocas, hoje essas tais cenas teriam semelhança com cenas da novela das 18h (Globo). “Condenado” seria o filme com cena de violência ou de sexo. E quem assistisse a um filme condenado cometeria um pecado capital. No confessionário, o padre, após intenso aconselhamento, perdoava o pecado mediante penitência como ir à missa diariamente durante um mês. Ou rezar o terço todos os dias por uma semana, três semanas, etc. Ou praticar ladainha por horas e mais horas ...

EXEMPLO DE FILME CONDENADO – “E Deus Criou a Mulher”, um filme francês de 1956, com a estrela Brigitte Bardot. Nele, apenas sedução e insinuação. Poderia, nos dias atuais, ser exibido no lugar da novela das 19h (Globo). Porém, no final dos anos 50 e começo dos anos 60, na visão da Igreja, era imoral e viciado. Aviltante.

MAIS CURIOSIDADES – Esse quadro de Cotação de Filmes não era elaborado pela igreja local. E sim pela Igreja Católica, nível nacional. Tanto é que o jornal católico “O Diário”, de Belo Horizonte, também o publicava. Por aqui, na entrada central da Matriz, além da Cotação de Filmes e de horários, havia avisos inesquecíveis como um que proibia mulheres entrarem na igreja com vestido decotado e saia curta.

E MAIS... – Como regra geral, nas santas missas, celebrados em latim, com o sacerdote de costas para os fiéis, os homens se posicionavam preferencialmente do lado esquerdo (para quem olha para o altar). E as mulheres do lado direito. Essas, todas, sempre de véu.

 

PALAVRA FINAL EM SEIS LANCES

 

1 - THIAGO MALAGOLI – Sobre a crônica “Árvore ou Calor do Inferno, eis a Questão!” recebemos diversas manifestações. Por ser autoridade representativa de parcela da população destacamos a do vereador.

Caro senhor Eustáquio Amaral,

Parabenizo por matéria veiculada pelo Luiz Antônio Costa (veiculada também pela Gazeta) com relação ao corte de árvores em Patrocínio. Com a mesma preocupação, fui autor do Projeto de Lei nº 321, que versa sobre a mesma matéria.”

2 - SEGUE MALAGOLI... – “... na reunião (da Câmara) dia 26/11, foi apreciado parecer desfavorável ao meu Projeto, que obriga a municipalidade a plantar 10 árvores a cada corte de uma árvore... pois centenas de árvores têm sido sacrificadas (com razão ou não), como por exemplo na Praça da Matriz, Escola Cassimiro de Abreu, Policlínica (e agora Praça do Tiro de Guerra)... e meu projeto se pautava na Lei da Compensação Ambiental. Por 7 votos a 6, esse projeto foi rejeitado.”

3 - CONCLUSÃO (I) – O vereador Thiago, sempre bem intencionado com o meio ambiente, foi moderado. Ao invés de plantar dez árvores, a cada uma árvore cortada deveria e deverá serem plantadas vinte árvores!!

4 - CONCLUSÃO (II) – A salutar obrigação cívica de plantar árvore quando houvesse corte de uma deveria ser estendida a todos os moradores e fazendeiros do Município, além da Prefeitura.

5 - APLAUSO – Palmas para o Malagoli. Embora tenha perdido uma batalha, aliás a cidade também perdeu, a guerra pelo bem-estar dos patrocinenses continua. Mais cedo, ou mais tarde, o agradável verde vencerá o tórrido e árido tempo. Questão de fé. Questão de melhoria da mentalidade.

6 – PARA QUEM GOSTA DE SAUDADE – O programa “Relicário”, rádio Capital, domingo, de 9h às 12h, com Luiz Antônio Costa, é opção de qualidade. Este escriba amador, em dois momentos de 3 minutos, participa com histórias de nossa querida Patrocínio.

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 7/12/2019.

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