Ano. O seu sétimo mês, no Calendário Gregoriano, é uma homenagem ao imperador romano Júlio César (100 a 44 a.C.). E justamente no dia 13 de julho (100 anos antes de Cristo) nascia esse militar de Roma. Assim, julho vem de Júlio. Quanto a Patrocínio, nesse paradigmático mês, já há algum tempo, duas lendas de sua existência deixaram a vida terrena. Faleceram na década de 80. Um, político ilibado, mãos limpas (o que é difícil na atualidade). A segunda lenda, uma pessoa simples que marcou/encantou algumas gerações patrocinenses, trabalhando com as mãos, em função bastante humilde. A terceira lenda, nasceu em fevereiro e faleceu em abril. Diferente: médico, poeta e amigo dos pobres.
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EXEMPLO DE COMO SE FAZ POLÍTICA – Vereador por sete mandatos, desde 1947 a 1976. Presidente da Câmara Municipal em 1955-58 e 1963-64. Nessa época, vereador não era remunerado. Candidato a vice-prefeito em 1958 (PSD), quando a UDN foi vitoriosa (Enéas Aguiar). Dentista pela então UFMG (1932). Um dos dois criadores da primeira escola secundária (colégio) gratuita de Patrocínio: ginasial, científico e comercial (hoje, parte do Fundamental, e, Médio). O outro criador/construtor foi o prefeito Amir Amaral, em 1956. O vereador tornou-se diretor dessa escola, nos anos 60: Colégio Professor Olímpio dos Santos. Esse inesquecível mito chama-se Abdias Alves Nunes. Um idealista.
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PASSAGEIRO DE ÔNIBUS, MOTORISTA DE FUSCA – Passageiro constante do Expresso União, em estrada de terra, rumo a BH, pagava a sua passagem e despesas na capital, com o seu dinheiro (de dentista). As viagens sempre em busca de benefícios para a cidade (este autor foi o seu companheiro de viagem, em diversas ocasiões). “Pilotava” o seu Fusquinha azul piscina de maneira inusitada pelas ruas da cidade, sem o devido conhecimento das leis de trânsito. Isso e mais ações interessantes o conduziu ao folclore rangeliano. Filho do fundador das “Casas Manuel Nunes”, casado com a profa. Célia Aquino Nunes e pai de Tomás Eustáquio (hoje, fazendeiro). Enfim, Abdias ilibado (honesto), alma pura e político por natureza (PSD). Nos seus olhos brilhavam o melhor para Patrocínio, principalmente na Educação e na cooperação às pessoas mais humildes.
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VIDA DE ABDIAS – Nasceu (29/9/1916), viveu e faleceu em 26 de julho de 1981, na sua adorada terra, Patrocínio.
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O IMORTAL ACADÊMICO – Médico (UFMG) Michel Wadhy, conhecido em demasia por Dr. Michel, nasceu em 1915, no então distrito carmelitano de Iraí de Minas (emancipado em 1962), viveu em PTC , faleceu em Belo Horizonte (30/4/85) e, sepultado, na sua poética Patrocínio, no dia 1º de maio de 1985. O “Homem de Branco”, além de médico, foi poeta, escritor, vereador e desportista. Acadêmico, sob dois ângulos. Criador maior, e presidente, da Academia Patrocinense de Letras–APL, em 1982, exatamente quando Patrocínio completava 140 anos de emancipação (esse presente dado à cidade, a APL, hoje foi literalmente abandonada pelos patrocinenses). Primeiro ocupante da cadeira nº 9 da APL. Como desportista, também participou na direção da academia patrocinense de futebol, denominada Flamengo. Juntamente, com Véio do Didino, a maior lenda do futebol rangeliano. Isso nos anos 50 e primeira metade dos anos 60. Dr. Michel filho de libaneses (Wadhy Miguel e Sofia Farah), casado com a carmense Hésperia Botelho Wadhy, pai de oito filhos. Entre os quais, Dizinho (Wadhy Rebehy Neto), craque do Flamengo patrocinense, que integrou o ataque da memorável Seleção de Patrocínio, que inaugurou o Estádio Júlio Aguiar em 1962 (Dizinho faleceu em BH).
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A LITERATURA DO IMORTAL – A principal publicação do acadêmico Michel Wadhy foi o livro “Coisas da Vida”, editado em 1983. Dele, um de seus pensamentos: “Qualquer trabalho, por mais humilde que seja, engrandece, dignifica e enobrece todo aquele que o faz com elevação e amor.” De uma das suas três poesias “Aos Meus Pobres”, um verso:
...“Os meus pobres me deram vida pura,
Pois deles recebi festa altaneira,
Carinhos mitigaram a amargura
De minha luta nesta atroz canseira”...
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BARÃO QUE NÃO ERA BARÃO – Patrocinense nativo, Antônio Caldeira Primo nasceu no arraial de Santa Luzia dos Barros em 31 de julho de 1912. No dia que completou 76 anos, 31 de julho de 1988, faleceu Barão, personagem histórico de Patrocínio. Servidor da Prefeitura Municipal quando localizada no velho casarão-símbolo da Praça da Matriz (hoje, museu e Casa da Cultura). Mas o que ele gostava de fazer era engraxar sapatos no melhor “point” da cidade, nos anos 40, 50 e 60: Praça Honorato Borges. Precisamente, no edifício Rosário, entrada do glamoroso Cine Rosário. A sua cadeira para receber os clientes, situava-se entre a entrada do cinema e a loja, onde fora a Relojoaria França. Não se sabe a origem do apelido “Barão”. Mas segundo a escritora Maria de Fátima Machado de Almeida, ele sempre dizia:
“Patrocínio, terra do disparate,
Engenheiro é alfaiate,
Barão é engraxate!”
Sobre o “engenheiro”, provavelmente estava se referindo a Chiquinho Mateus, engenheiro/arquiteto da Prefeitura (fez a planta de inúmeras casas, nas décadas de 30 a 60). Antes, Chiquinho fora alfaiate.
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QUEM É? – Barão era casado com Edith Caldeira, que tiveram oito filhos. Humilde, de estatura próxima de 1,65m, olhos azuis, tradicional barba grande e densa, educado e correto. Com esses atributos e mais qualidades, tornou-se pessoa inesquecível e exemplar de Patrocínio.
([email protected]) *** Crônica também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 13/07/2024.