Sonhar. Nunca é demais. É o começo da ousadia em busca da felicidade. É ver hoje o que apenas poderá ser visto no futuro. Patrocínio já foi uma cidade maravilhosa. Bucólica. Sem violência. Sem agrotóxico. Sem as doenças que dele são geradas. Patrocínio já teve a melhor água mineral de Minas. E a melhor água natural para se beber. Para não dizer também que o futebol-arte da região era o patrocinense. Porém, o tempo é avassalador. Como são as mentes que cultuam a marginalidade e a destruição. Por isso, a vida, a paz, o patrimônio histórico e o meio ambiente estão sendo punidos pelas forças do mal. O escritor Fernando Pessoa escreveu que tudo vale a pena, desde que a alma não seja pequena. Daí, sonhamos. Sonhamos com a esperança. Esperança da terra natal voltar a ser a cidade dos sonhos. De todos os patrocinenses.
SONHEI QUE TU ESTAVAS TÃO LINDA – O mestre da música popular brasileira Lamartine Babo nos auxilia a imaginar. A amar o torrão do coração. Patrocínio, eu sonhei que tu estavas tão linda. Numa festa de raro esplendor. Árvores nas ruas, espaços urbanos utilizados com amor. Água pura, Serra Negra. Local de cura, canto e encanto. O objetivo para sua gente é vida com qualidade. Há paz e união entre os políticos da cidade. História é para ser contada e por todos respeitada. Loteamento de estádios, praças e reservas ambientais jamais. Aqui não tem vez, nem uma jura a mais. Pois, no seu povo são tributos, altivez e beleza. Em primeiro lugar, lá em cima, Deus. Cá, no Catiguá, a natureza.
E MAIS... – Ameaças à segurança não há. Ameaças ao meio ambiente pelas mineradoras não houve, não há. Ameaças às condições climáticas não há. Pois, há densa área verde e preservação ambiental. Ameaças ao urbanismo não há. Há planejamento. Arquitetos, urbanistas, ambientalistas e comunidade discutem o destino da cidade. Ameaças não. Não há. As lideranças unidas. A imprensa imparcial. A ética é total.
ENTRETANTO... – As frases finais da melodia–símbolo de Lamartine nos leva ao portal da realidade. Violinos enchiam o ar de emoções (seria o violino do prof. Franklin Botelho um deles?). De mil desejos uma centena de corações (quantos patrocinenses amam sua cidade de verdade)... Vitória de amor cantei. Mas foi tudo um sonho... acordei!
EXEMPLO DA VIDA – Não desejamos imitar, nem plagiar, Carlos Drumond de Andrade. Não temos condições. Nem sabedoria, nem honra, para tanto. Temos sim algo em comum. Nascemos no interior, moramos na capital. E temos em cada um de nós pedaço de sua terra. Sentimento. Diante do iminente perigo ao meio ambiente patrocinense, parafraseamos Drumond:
"(Aguns anos vivi em Patrocínio).
Principalmente nasci em Itabira.
(Principalmente nasci em Patrocínio).
Por isso sou triste orgulhoso: de ferro.
(Por isso estou triste, orgulhoso: de natureza).
Hoje sou funcionário público.
(Hoje sou funcionário público).
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
(Patrocínio poderá ser apenas uma fotografia na parede).
Mas como dói!
(Mas como dói!).”
A DIFERENÇA DE ITABIRA – Mesmo combalida, Patrocínio ainda respira. Respira a quimera de ser uma bonita e agradável cidade. Para sempre.
PALAVRA FINAL EM SETE LANCES
1 – CAP – Desde junho do ano passado, o Clube Atlético Patrocinense movimenta e emociona Patrocínio. Em fevereiro, começa o campeonato do Módulo 2. E recomeça o sonho dos rangelianos de ver o seu time do coração na Divisão Especial de Minas, tal qual na década de 90. Como homenagem à paixão grená, é bom recordar seis momentos históricos da glória grená.
2 – O INCRÍVEL CAP – No dia 4 de fevereiro de 1992 , aplicou sonora goleada (como dito no meio esportivo) no Uberaba Sport: 7 a 0. Os gols do Patrocinense foram marcados por Marcelo (2), Ademar (2), Robertinho, Dudu e Pio Eugênio. Local: Estádio Júlio Aguiar. Campeonato Mineiro.
3 – O PODEROSO CAP – No dia 3 de dezembro de 1992, na inauguração do Estádio Pedro Alves do Nascimento, o Patrocinense venceu o Galo por 1 a 0, gol de Dudu, aos 5 minutos do segundo tempo. Também foi a despedida de João Leite do Atlético e do futebol (o goleiro hoje é deputado).
4 – O INESQUECÍVEL CAP (I) – No dia 19 de dezembro daquele memorável ano, ainda no Pedro Alves, a equipe grená deu outra sensacional goleada: CAP 8 X Araxá 0. Acredite se quiser, minha gente!
5 – O MEMORÁVEL CAP – Ainda em 1992, pela primeira vez, um clube da cidade joga no Estádio Mineirão. Embora jogando melhor do que o Cruzeiro, perdeu por 1 a 0, gol de Charles. Por pouco, não ficou entre os 4 melhores times de Minas em 1992, escreveu José Carlos na Revista Presença. Com Ronaldo Correia de Lima, Maurício Cunha, Valterson José da Silva e Roberto Nakamura não poderia ter dado outra coisa. Só sucesso.
6 – O GLORIOSO CAP – Em 1993, no Uberabão, o Patrocinense venceu o Uberaba por 3 a 1. No Júlio Aguiar, derrotou o Mamoré por 2 a 1 e Nacional por 2 a 0. Em Patos de Minas, CAP 1, URT 1. “Vilma” era o patrocinador daquela equipe que marcou os anos de 1992, 1993 e 1994.
7 – O INESQUECÍVEL CAP (II) – Batista, Donizete, Erly, Juninho e Euler; Paulo Alan, Dudu e Pio Eugênio; Marcelo, Ademar e Robertinho. Foi uma das formações do CAP, naquela áurea fase. Pedro Omar, Mazinho e Morais foram bons técnicos, dentre outros, que treinaram o clube/orgulho de Patrocínio de todos os tempos.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 28/1/2017.