# Milton Magalhães

Um café com quem tem o que dizer: Gustavo Brasileiro

5 de Fevereiro de 2018 às 22:08

Em que outro lugar do Planeta um Vice-Prefeito altamente qualificado, bom caráter, sensato, equilibrado, inteligente e gentil - louco para trabalhar pelo povo - fica afastado de suas funções pelo Prefeito (que ajudou a eleger) por ninharia. Inacreditável, mas  isto acontece em Patrocínio. Fomos ouvi-lo. Acompanhe:

- Conte-nos um pouco sobre sua infância,  adolescência e juventude.

Gustavo Brasileiro: Tive uma infância e uma adolescência tranquila, com muito amor e suporte de minha família. Um tempo de aprendizado, desafios próprios da época, experiências e estudos. Meus pais, Reverendo Roberto e Professora Solange, sempre foram muito presentes em minha vida, na minha criação. Também participaram de minha formação os meus irmãos Eduardo e Priscila, e a querida Cleuza, a muito tempo parte integrante da nossa família. Passei minha infância e adolescência entre os estudos e brincadeiras na quadra de futebol do IBEL – Instituto Bíblico Eduardo Lane, e com os amigos e irmãos da Igreja Presbiteriana do Bairro Constantino.

- Seu pai, Reverendo Roberto Brasileiro e sua mãe, Prof.ªSolange Tambelini Brasileiro, são pessoas de irretocável conceito na sociedade patrocinense. Qual foi o maior ensinamento de seus pais?

Gustavo Brasileiro:Além dos valores morais e éticos, recebi dos meus pais a verdadeira noção derespeito e amor ao próximo – sendo esses ensinamentos inspirados nos princípios e valores cristãos. Creio que o principal aprendizado que tive foi sobre a soberania de Deus. Que estamos sob a égide do Senhor e todas as coisas cooperam para aqueles que o amam. Ser temente a Deus, entendendo a primazia do amor de Cristo, e que devemos pautar nossas vidas pelos valores por Ele estabelecidos.

- Uma vez sua Vó, Dona Lica, me disse que no Natal e Ano Novo, chegava a reunir cerca de oitenta pessoas na casa dela. A família Brasileiro, sempre foi exemplo de união, continua unida depois da partida dela?

Gustavo Brasileiro: Minha querida Vó Lica sempre foi um esteio em nossa família, dedicando a sua vida em manter a união e valores familiares. Os frutos dessa dedicação perduram  até os dias de hoje, e sempre que possívelestamos em convívio familiar.

- Você tem uma formação acadêmica bastante sólida, fale um pouco sobre esta formação e sua experiência de trabalho.

Gustavo Brasileiro:Tenho a alegria de ser filho e irmão de professores. Todos de minha família já se dedicaram ou dedicam parte de sua vida ao ensino, seja acadêmico ou eclesiástico. Realizei minha graduação em Direito na Universidade Federal de Uberlândia, pós-graduação lato sensu em filosofia do Direito pela Católica, e mestrado em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atualmente, estou concluindo o doutorado pelo Mackenzie em Direito Político e Econômico. Há mais de 10 anos sou professor universitário. Tenho paixão pelo meio acadêmico. Este ano retorno às atividades docentes, como professor de Direito Constitucional do curso de Direito da UNICERP. O ambiente acadêmico nos engrandece e enobrece. Não há margem de dúvidas de que é por meio da educação que iremos construir uma sociedade melhor. Acredito que se quisermos modificar a nossa realidade social, o caminho é a educação integral de qualidade, com a valorização dos professores, alunos, e de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.

- Líder da nova geração,incrível potencial e uma vontade enorme de trabalhar pelo desenvolvimento de Patrocínio. Mas, na politica as coisas não são fáceis. Vão mudar a essência do Gustavo Brasileiro?

Gustavo Brasileiro: Agradeço as palavras de distinção. Hoje vivencio esta realidade, mas o nosso dever é sempre trabalhar pelas pessoas.Tenho um firme e inabalável entendimento de que a política é um instrumento para cuidar das pessoas, trazendo o desenvolvimento social e reduzindo as desigualdades, com o fim de melhorar a vida da nossa comunidade. Esse deve ser o único propósito de qualquer agente político. Buscar soluções efetivas para os problemas comuns da nossa sociedade, não podendo de modo algum deixar se levar por outros fatores, sejam pessoais ou de grupos políticos. Precisamos de uma consciência coletiva, com ações afirmativas voltadas para o bem comum.  

- O que motivou você a entrar na vida pública?

Gustavo Brasileiro: O homem público, a depender da posição ocupada, possui os instrumentos necessários para realizar as efetivas transformações no corpo social. São as políticas públicas que definem o rumo de uma cidade, estado ou país. É por meio delas que podemos gerar emprego, reduzir as desigualdades sociais, melhorar as prestações dos serviços públicos nas áreas de educação, saúde, assistência social, segurança, entre outras. Em suma, dar condições para que as pessoas exerçam a cidadania na sua plenitude, melhorando a sua qualidade de vida. Esta é minha grande motivação. Hoje infelizmente predomina os interesses individuais, e entendo que sendo um homem público, poderei influenciar novas atitudes e posturas.  E, para aqueles que pretendem ingressar na vida pública ou já estão, peço que não se esqueçam do conselho do Papa Francisco: “À qualquer pessoa que seja muito apegada as coisas materiais ou espelho, a quem ama o dinheiro, os banquetes exuberantes, as casas suntuosas, as roupas refinadas, o carro de luxo, aconselharia de entender o que está acontecendo em seu coração (...) aquele que está afeiçoado a todas estas coisas, por favor, que não entre na política, que não entre em nenhuma organização social ou em um movimento popular, porque causaria muitos danos a si mesmo e ao próximo e mancharia a nobre causa que assumiu”.

- Você inicia sua vida pública, num momento em que o cidadão brasileiro de modo geral, vive completamente cético e desalentado com a classe política. Por conta disto, muitos generalizam tudo. Alguém, por exemplo, poderia lhe chamar, gratuitamente por ai de ladrão, de corrupto, sem ao menos lhe conhecer. Como você reagiria?

Gustavo Brasileiro: Eventual desrespeito seria compreensivo, tendo em vista o atual cenário político, que é desastroso. Nossa missão é demonstrar que é possível realizar um trabalho político honesto, transparente, comprometido e com competência gerencial. Para tanto, ao meu sentir, o homem público, precisa preencher três requisitos indispensáveis: ter preparo intelectual (competência gerencial), ser honesto (boa índole) e vocacionado para cuidar de pessoas.  Contudo, vivemos uma crise de representatividade, seja em razão da ausência de capacidade dos governantes em administrar, da corrupção sistêmica (ausência de moral), ou da apatia e respeito no trato com os cidadãos. Predomina-se os interesses pessoais, de classes ou grupos, em detrimento do interesse coletivo, finalidade principal da política. É certo que a geração de emprego e renda, a qualidade dos serviços públicos de saúde, segurança e transporte, os investimentos em infraestrutura, bem como o ensino e valores que as crianças e adolescentes irão ter nas escolas públicas, dependem da escolha política popular. Por isso, é fundamental a participação ativa consciente da população no processo político.

- O Deputado Silas Brasileiro, é um líder servidor, ser humano singular e político íntegro. Um dom extraordinário para ouvir e distinguir as  pessoas. O que você nota que herdou dele, como sobrinho.

Gustavo Brasileiro:O comprometimento, ânimo, disposição e dedicação ao trabalho na vida pública. Também, o respeito e a serenidade em ouvir as pessoas, no intuito de harmonizar e pacificar os conflitos postos.

- Você não teve influência e nem foi ouvido na composição do Governo Deiró?

Gustavo Brasileiro:O MDB participou de uma campanha em prol de Patrocínio. O prefeito teve total liberdade para fazer as escolhas e montar a sua equipe de trabalho. Entendo que o foco principal de uma equipe de governo é a solução dos problemas de nossa cidade. Minha função como vice-prefeito é estar atento e disposto a contribuir com o bom andamento da administração pública e trabalhar para o bem da população, não deixando que fatores externos tenham preponderância sobre as decisões que temos que tomar quando chamados para tal. Patrocínio elegeu um vice-prefeito que sempre cobrou desta equipe soluções para os problemas de nossa gente.

- O prefeito tem ignorado a sua presença nas solenidades. Seu nome não foi colocado na placa de reinauguração do estádio Pedro Alves do Nascimento, estádio este, que seu Tio construiu quando foi Prefeito de Patrocínio. Como você tem lidado com isto?

Gustavo Brasileiro: Entendo ser uma extrema falta de respeito e consideração com a cidade de Patrocínio. É preciso respeitar a figura pública do vice-prefeito, eleito pela cidade de Patrocínio. No passado,mesmo com conflitos entre prefeito e vice, prevaleceu o bom senso e a legalidade, com o respeito ao cargo de vice-prefeito. Não podemos simplesmente desconsiderar ou anular a escolha popular. Nem um agente político tem o poder ou a autorização para alterar o resultado do pleito eleitoral, queira ou não queira. O meu compromisso é trabalhar por Patrocínio. Dentro dos limites de minhas atribuições, estou à disposição da administração municipal, e principalmente, da nossa comunidade, para ouvi-la e dar os encaminhamentos necessários. Este é o papel do legítimo agente político.

- Para que Patrocínio, possa desenvolver, defendo que é preciso haver: Amplo entendimento político, alinhamento de forças, pacificação e trabalho, honesto, árduo e inteligente. Este colunista está entre os que torcem para haja, respeito,bom diálogo e pacificação entre prefeito e vice. Ou a cidade é quem perderá.

Gustavo Brasileiro: Milton você está correto. O pensamento tem que ser macro, dissociado de interesses egocêntricos, visando alcançar resultados expressivos. Há uma vontade latente de nossa população de que a cidade dê certo, cresça e se desenvolva. Para isso, a união política é fundamental, para que consigamos ligações fortes e consistentes com o Governo Estadual e Federal. Para tanto, é imprescindível que Patrocínio tenha legítimos representantes nas duas esferas. Precisamos de grandes investimentos, e não de pequenos aportes financeiros, como vem ocorrendo a cada ano.  Não restam dúvidas que é necessário convergências políticas, mas acima de tudo, faz-se necessário o engajamento do patrocinense no processo político. Não será fácil, contudo, acreditoe tenho certeza que a nossa Patrocínio terá legítimos representantes, que terão como propósito o trabalho árduo pelo crescimento e desenvolvimento de nossa cidade.

- Mais de trinta anos do super bem sucedido cultivo de café em nossa região e muita história para ser contada e  mostrada para o mundo. O que você acha de  criar em Patrocínio-município produtor do melhor café do Brasil - o “Museu Nacional do Café”?

Gustavo Brasileiro: Nada mais justo. Precisamos fortalecer e apoiar aquilo que é nosso, valorizar o que temos por excelência. Hoje produzimos o melhor café do mundo. Recentemente a empresa NunesCoffe, café produzido pelos patrocinenses Osmar Júnior e Gabriel Nunes, foram reconhecidos como o café mais caro do mundo, devido a sua alta qualidade. Não podemos esquecer, que o Deputado Silas Brasileiro, patrocinense, além trazer o Centro de Excelência do Café para nossa cidade, é o atual Presidente do Conselho Nacional do Café, o que tem em muito beneficiado Patrocínio e Região.

- O que é o dinheiro público para você?

Gustavo Brasileiro: Recurso público,coisa pública é da coletividade, pertence aqueles que de forma direta ou indireta contribuem no pagamento dos tributos.O dinheiro público pertence a todos os cidadãos, cabendo aos poderes legitimamente estabelecidos aplica-los em prol da coletividade. E, principalmente, respeitar o anseio do cidadão na aplicação do recurso público, pois é ele quem conhece a realidade de sua comunidade urbana ou rural. Por isso, são tão importantes o respeito e a efetivação do orçamento participativo. Qualquer governo deve ter ao administrar os recursos públicos preparo, responsabilidade, transparência e efetividade no seu gasto. É preciso de forma gerencial otimizar os gastos públicos, a fim de garantir a qualidade no serviço público prestado. Infelizmente, não é o que presenciamos no Brasil, uma vez que temos uma máquina administrativa pesada, burocrática, dispendiosa e ineficiente na prestação serviço. Em contrapartida, temos uma alta carga tributária, onerando excessivamente os trabalhadores, consumidores e empresários.

- Qual o seu ponto forte?

Gustavo Brasileiro: Vocação para respeitar, estar e defender as pessoas, tendo equilíbrio para conciliar e solucionar problemas, com parcimônia e senso crítico na tomada de decisões, notadamente, quando elas impactam e modificam a vida de inúmeras pessoas. Na vida pública essas atitudes têm sido importantes para os bons resultados que temos registrado em nosso trabalho.

- Tudo bem se alguém levar crédito no seu lugar?

Gustavo Brasileiro:Trabalhar pelo crédito é estar fadado às decepções e ao insucesso, é tão somente vaidade pessoal. A vida pública não pode ser pautada pelo mero reconhecimento, mas sim pelos benefícios advindos do trabalho coletivo bem realizado. A realização do agente político deve estar na conquista de benefícios para a classe trabalhadora e comunidade em geral.

- Fora o seu tio, quais líderes políticosvocê tem como grande referência?

Gustavo Brasileiro:Tenho como espelho os grandes homens que impactaram a sua época e que, de forma decisiva, lutaram pela transformação de sua comunidade. Dentre eles, destaco Martin Luther King, Nelson Mandela, Abraham Lincoln, Juscelino Kubitschek e Rui Barbosa.

- Qual livro você está lendo?

Gustavo Brasileiro: O Mito do Governo Grátis.

- O que mais detesta numa pessoa?

Gustavo Brasileiro: A ingratidão.

- E a virtude que mais gosta no ser humano?

Gustavo Brasileiro: A empatia (capacidadepara sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela).

- Como gostaria de ser reconhecido lá no final de sua vida pública?

Gustavo Brasileiro: Homem público probo, temente a Deus, que contribuiu para transformação da nossa realidade social. Sonho com uma política limpa, sem artimanhas, engodos e acordos escusos, que seja um instrumento democrático de construção de uma sociedade mais justa, equânime, igualitária e solidária. Tenho um sonho – de poder criar minha família em uma sociedade mais amiga, em paz, onde exista empatia entre as pessoas, a busca pelo bem comum seja a regra, e não a exceção. Confesso que não sei se vou concretizar estes objetivos, mas tenho a certeza que vou busca-los, seja na vida pública ou pessoal, com trabalho árduo e sincero.

- Ainda em tempo. Sua Mensagem de Ano Novo à Nação Patrocinense.

Gustavo Brasileiro:

Caríssimos Patrocinenses,

Imaginem se vivêssemos em uma sociedade harmônica, sem violência, onde fosse garantido o direito de ir e vir, a igualdade material e de oportunidade entre as pessoas, a moradia, o lazer, um serviço de saúde de qualidade e humanizado, de se fazer escolhas, com respeito às diversidades e àquilo que é do outro, com mais solidariedade, compaixão e amor ao próximo.  Seria perfeito.

Entretanto, a cada dia estamos mais longe deste mundo ideal, em certa medida, em razão de estarmos cada vez mais individualistas, desconectados das pessoas, do bem comum. Creio que a crise pela qual passamos é tão somente o reflexo da classe política atual. Ela reflete o individualismo exacerbado, o jeitinho brasileiro, o querer levar vantagem, o dinheiro fácil, o desrespeito com o outro, as mentiras contumazes para se perpetuar no poder.

Contudo, não deixo de crer que a grande maioria da nação brasileira, homens e mulheres honestos, de boa vontade, trabalhadores, encontram-se simplesmente adormecidos. Nós aqui em Patrocínio, precisamos nos levantar e influenciar positivamente o meio social político. Resgatar os valores cristãos e da família, o calor humano, a empatia pelo próximo, o valorizar e respeitar o corpo social.

Deixo esta mensagem de reflexão, para que possamos ter a esperança de que seja na política, no trabalho, na escola, em família ou com os nossos amigos, a consciência coletiva possa prevalecer, onde possamos mutuamente nos ajudar e que vivamos mais em harmonia e paz social. Que o benefício individual alcançado seja tão somente o reflexo do trabalho coletivo bem feito.

Que tenhamos um ano abençoadíssimo por Deus, repleto de vitórias, sucesso, trabalho e com muito amor!