INESQUECÍVEL – É a história do grande futebol. Patrocinense despretensioso presenciou eternos momentos, nos últimos 55 anos. Sempre envolvendo Patrocínio. Direta ou indiretamente.
FINAL DE UMA GERAÇÃO DE CRAQUES – No liminar dos anos 60, uma equipe encantava a cidade e região. Era o Flamengo. Com os jovens ases da bola, comandados por um gênio futebolístico. Chamado Véio do Didino. O Estádio Quincas Borges (próximo à Igreja São Francisco) seria (e foi) loteado. Pois, estava sendo construído novo estádio (Júlio Aguiar). Um dos derradeiros jogos ocorridos, naquele campo, onde brilharam Blair, Rondes, Pedrinho, Zé Luís e outras estrelas, foi Flamengo e Canto do Rio (então o melhor clube pequeno carioca da época). O time de Niterói venceu por 3 a 2. Foi a primeira vez que um clube do Rio se apresentou na cidade. Com som pouco audível, a Difusora transmitiu. Um menino da Rua Artur Botelho assistiu ao jogo.
NOVA ERA – Feriado ensolarado. Maio de 1962. Os arqui–inimigos UDN e PSD davam as mãos para a inauguração do Estádio Júlio Aguiar. Entre as autoridades, prefeito Enéas Aguiar, vice–prefeito Benedito Romão, deputado José Maria Alkmim e Abdias Alves Nunes. No gramado, após a solenidade, o poderoso América (base da então Seleção Mineira), com Caiô, Hilton Chaves, Gunga, Zuca e Ari, venceu a Seleção de Patrocínio por 2 a 1. Manelico, ex–vereador, foi o autor do gol patrocinense. Véio colocou em campo um time dos sonhos. Dedão (1), Gato (2), Calau (3), Macalé (4) e Manelico (6); Rubinho (5), Peroba (8) e Romeuzinho (10); Totonho (7), Dizinho (9) e Ratinho (11). Todos de Patrocínio. O mesmo menino presenciou o espetáculo.
MARCO DE MINAS – Dia 5 de setembro de 1965. Domingo efervescente em Belo Horizonte. Era a inauguração do (então) mais moderno e segundo maior estádio do mundo. Desde a manhã (o patrocinense de sorte chegou ao Mineirão às 10h), os mineiros deslocavam–se para aquela desabitada área da Pampulha. As rádios Inconfidência, Itatiaia e Guarani (essa líder em audiência e no esporte) narraram o evento. O adolescente (estudante) patrocinense esteve lá.
O PRIMEIRO JOGO – A Seleção Mineira enfrentou o poderoso River Plate. Com a camisa de Minas estavam atletas do América, Siderúrgica (Sabará), Uberaba, Cruzeiro e Atlético (a maioria). Da equipe Argentina destacaram Gatti (goleiro), Ramos Delgado (um zagueiro que foi depois para o Santos do Pelé), Matosas, Artime, Grispo e Más.
DETALHES – Público de 73.000 pessoas. Renda de 83 milhões de cruzeiros. Placar: Seleção Mineira 1, River Plate 0. Gol de Bougleux (Buglê), aos dois minutos do segundo tempo. O primeiro gol marcado no Mineirão. Tostão e Dirceu Lopes jogaram.
QUEM É – Bougleux é meio patrocinense. Nasceu em São Gotardo, residia em BH e passava todas as férias na cidade. O seu tio, Hélio Bougleux, apaixonado pelo futebol, residente na Rua Governador Valadares (entre R. Tobias Machado e Praça da Matriz) o hospedava. Já Véio do Didino o treinava no Flamengo. Depois do Atlético, Bougleux atuou no Santos (tempo do Pelé) e no campeão Vasco da Gama. Hoje, reside em Brasília.
BUGLÊ EM PATROCÍNIO – Certa vez, no princípio da década de 60, o Flamengo patrocinense jogou em Monte Carmelo, com o fortíssimo Clube dos 100. Na preliminar, jogaram os aspirantes (reservas) dos dois clubes. Mas devido às suas condições físicas, Véio escalou Bougleux no time reserva. Como foi para Telê Santana, Véio considerava o futebol uma arte para ser feita em plenas condições.
ANO DE OURO – Em 3 de dezembro de 1992, o prefeito Silas Brasileiro (vice–prefeito José Figueiredo) inaugurou o Estádio Pedro Alves do Nascimento. Dessa vez quem representou Patrocínio foi o CAP. o Atlético Mineiro (de João Leite) perdeu para o inesquecível Atlético Patrocinense (CAP) por 1 a 0. Gol de Dudu, um craque que deixou saudade na torcida grená. Chegou a ser votado como um dos melhores de Minas no Troféu Guará. O então menino e estudante dos anos 60, agora adulto, também participou em dois anos do Troféu Guará da Rádio Itatiaia como votante presencial, representando oficialmente a Rádio Difusora. Dudu e Paulo Alan, do CAP, receberam votos para a Seleção Mineira daqueles anos, escalada (votada) por ele.
UM RECORDE – Em 15 de maio de 1994, o Clube Atlético Patrocinense jogou diante do maior público para uma equipe esportiva de Patrocínio. Quase 40.000 pessoas lotaram o Mineirão para ver três acontecimentos. A despedida do fantástico Ronaldo (camisa 9 da Seleção Brasileira). O Cruzeiro tornar–se campeão mineiro. E, infelizmente, a despedida do CAP (de Nei, Amaral, Eurico e Alcântara) da Divisão Principal. Cruzeiro 1, CAP 0 (gol de Ronaldo). Esse patrocinense de sorte foi o único representante da imprensa de Patrocínio no espetáculo.
DESTINO – Como na música de Raul Seixas, o privilegiado patrocinense nasceu há dez mil anos atrás. Viu tudo isso (acima). Viu o CAP de Edward (depois tornou–se o camisa 9 do então forte América de BH), Jovelino (veio do Vasco da Gama), Gulinha (felizmente, reside na cidade) e de Anedino (Mamoré). Viu o Patrocínio Esporte de Armando, Prates, Chapada e Perigo. Viu Tostão, Piazza, Raul, Dirceu Lopes, Jairzinho, Perfumo e Nelinho do Cruzeiro. Viu Cerezo, Éder, Luizinho e Reinaldo (o craque de maior dom artístico com a bola de Minas; o precursor do Maradona). Viu o CAP no Mineirão em todos os jogos. Viu o CAP em Nova Lima. Viu o CAP em Sete Lagoas.
ASSIM DEUS QUIS – Esse feliz patrocinense é este modesto escriba amador. Um grená roxo.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 4/2/2017.