# Eustáquio Amaral

Um Tesouro Esquecido (e abandonado) em Patrocínio

19 de Dezembro de 2019 às 22:06

Minerais. Sobre o tema de que o Município tem muitas espécies/tipos, em prováveis quantidades economicamente viáveis, não é novidade neste minifúndio de papel. Tanto é que há quase 40 anos, o assunto tem sido apresentado aqui com informações oficiais. Como é o caso agora do livro “Recursos Minerais do Estado de Minas Gerais”, da estatal mineira Companhia Mineira de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge), com o apoio da UFMG. Dele, tratando-se de chão rangeliano, há três destaques: águas minerais, titânio e fosfato.

LOCALIZAÇÃO DA SANTA ÁGUA – As águas minerais de Serra Negra tem significativa qualidade e é destaque não somente na região, mas em todo Estado. A rara fonte sulfurosa (desprendimentos definidos de gás sulfídrico) e as fontes radioativas mostram essa invejável qualidade.

MAIS INDICADORES DE QUALIDADE – O mapa geológico da Codemge registra as 47 principais fontes do Estado com o nome, município, toponímia (nome próprio de lugares) e a substância das águas minerais mineiras. Entretanto, apenas sete fontes são classificadas como “água termal/mineral” (água termal é proveniente de uma nascente natural, cuja água tem temperatura mais elevada que a do corpo humano, ou seja 37,5 graus; a razão é geotérmica ou vulcânica).

E PATROCÍNIO É UMA DAS SETE! – A água termal/mineral é encontrada no Barreiro (Araxá), São Sebastião do Paraíso, Caxambu, São Lourenço, Passa Quatro, Tiradentes e Patrocínio. E nós, patrocinenses, não damos nenhum valor a isso, diria qualquer idealista ou progressista!

É BOM PRESTAR ATENÇÃO – Na tabela da Codemge, que acompanha o mapa geológico, Patrocínio é o primeiro município mencionado quanto à água termal/mineral. Estância Serra Negra é o toponímia e Fonte Serra Negra é o nome próprio de onde a água é encontrada. Depois, estão Araxá e São Sebastião do Paraíso. Essa classificação patrocinense será por causa da latitude/longitude? Ou por que é a melhor?

E MAIS... – Das 47 principais fontes, só sete são “água termal/mineral”, três são somente “termal” (Cambuquira – duas e Conceição do Rio Verde) e 37 apenas “mineral”. Entre essas águas minerais comuns estão Coromandel (primeiro nome da tabela), Uberaba, duas fontes de Poços de Caldas, Lambari, Igarapé e Brumadinho.

SÓ PATROCÍNIO QUE NÃO! – Observando as sete melhores fontes de Minas, seis pertencem a cidades turísticas ou pertencem a circuitos turísticos. E todas as seis tem água engarrafada e comercializada para o Brasil (Araxá, Passa Quatro, São Lourenço e Caxambu são excelentes exemplos). Patrocínio é turística? Não. Patrocínio tem hotel balneário, pelo menos? Não. Patrocínio comercializa e propaga sua água de qualidade maior? Não. Patrocínio tem o presente da natureza? Sim. Patrocínio cuida de suas nascentes como deveria? Não. Patrocínio merece atenção e investimentos em sua especial água mineral? Sim... Sim... Sim.

ÁGUA MINERAL PATROCINENSE É RARIDADE – Em Minas, apenas 9% são águas radioativas e 1% (um por cento) corresponde a águas bastante específicas, tais como a água carbogasosa, água hipotermal e a água sulfurosa (encontrada junto ao antigo e destruído hotel de Serra Negra). Portanto, está bem claro que os tipos de águas minerais encontradas na Estância Serra Negra praticamente não são encontradas, com facilidade, em outras localidades mineiras. Quiçá, brasileiras.

POTENCIAL ECONÔMICO – O Brasil é o 5º maior mercado de água engarrafada do mundo, segundo a Consultoria Beverage Marketing Corporation (2016). No País esse mercado cresce a 3,9% ao ano. O município que abriga exploração de águas minerais também tem direito à Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais, que é o conhecido royalty CFEM, adorado pelo caixa das prefeituras municipais.

FAZER O QUÊ? – Há meses, circulou notícia na cidade de que “um empresário patrocinense” estaria interessado em adquirir o Hotel Serra Negra com o engarrafamento da água mineral. Hoje, ou o interesse teria acabado ou seria falsa notícia. Pois, não aconteceu nada. Ainda assim há esperança de que um grande empresário patrocinense invista no balneário de Serra Negra. Seja quem for. Alternativamente, por que não estimular a empresa do Governo de Minas, Codemge, a fazê-lo?! Ou seja, negociar e adquirir o complexo aquífero mineral de Serra Negra. Já que essa companhia detém as concessões de águas minerais das marcas Araxá, Caxambu, Cambuquira e Lambari. Com a palavra o bom vizinho, o governador araxaense Romeu Zema. E a liderança política local.

POR FIM – Titânio e fosfato ficam para as próximas edições. Minerar sim. Porém, com responsabilidade, sustentabilidade e respeito ao meio ambiente. O que se vê não tem sido isso. E sim muita mineração, pouca ação ambiental e comunitária.

Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 9/11/2019.

 ([email protected])