Brilhante. Assim pode ser dito sobre a vida de um patrocinense que partiu. Partiu para a vida celestial. Dia 26 de abril (quinta-feira), depois de grave enfermidade (câncer), faleceu em Belo Horizonte, onde residia com a família, Antônio Cândido Martins Borges, aos 73 anos. Casado com a arquiteta Maeli Estrela Borges. Um pouco desse profissional que soube honrar sua terra-mãe é bom dizê-lo nessa hora.
EXPRESSÃO – Como um de seus melhores alunos, graduou-se em medicina veterinária pela Universidade Federal de Minas Gerais, onde também fez mestrado. Integrou por longo tempo o grupo do inovador Alysson Paulinelli (Secretário de Estado da Agricultura, deputado federal e Ministro da Agricultura nos anos 70 e 80). Esse grupo revolucionou a agricultura e o agronegócio. Dele surgiram diversos programas, tais como o Polocentro e o Proálcool (combustível) e órgãos que impulsionaram o setor, como a Casemg e a Ceasa.
MOMENTO DE GLÓRIA – Em 1990/1991, Antônio Cândido concebeu um novo órgão para cuidar especialmente da agropecuária. Em 07/1/1992, o Governo de Minas criou o Instituto Mineiro de Agropecuária-IMA, por Lei. Desde então, o IMA se tornou referência na área, inclusive concedendo certificados sanitários. Antônio Cândido foi o seu primeiro presidente, cujo mandato foi duradouro, por mérito.
PECULIARIDADE – A regional do IMA em Patrocínio foi graças e obra de Antônio Cândido. Essa unidade prestou relevantes serviços diretos à região. Com o pouco interesse que o Governo do Estado tem tratado os interesses patrocinenses, não sabemos se a regional do IMA ainda resiste à controvérsia política.
CANDIDATO – Em 1982, o jovem Antônio Cândido tentou alcançar a Assembleia Legislativa. À época, havia um sistema eleitoral inflexível. Por exemplo, o eleitor somente poderia votar em candidatos de um mesmo partido para governador, senador, deputado federal, deputado estadual e vereadores (o prefeito era nomeado pelo governador, pois, acredite, Patrocínio era considerada estância hidromineral!!). Como Antônio Cândido era do PDS (de Carlos Ibrahim, Assis Filho, Alcides Dornelas e Eliseu Resende, esse o candidato a governador que perdeu), os patrocinenses não votaram maciçamente nele (Antônio Cândido). Mesmo porque o ícone Tancredo Neves ganhou, com folga, na cidade, para governador. A vitória foi do PMDB de Tancredo, Dr. Ocacir Siqueira, da inesquecível vereadora Ismene Mendes, Amâncio Silva, Amir Nunes, Silas Brasileiro e Itamar Franco (senador). Por isso, para deputado estadual, Nilson Gontijo (Ituiutaba), pelo PMDB, vitorioso, teve 6.005 votos e Antônio Cândido (PDS) 5.006 votos. Considerando Minas, Antônio Cândido quase foi eleito.
NOVAMENTE CANDIDATO – Em 1998, com novas regras eleitorais, Antônio Cândido tentou ser deputado pela sua terra, outra vez. Ele obteve 15.515 votos em Minas, sendo 5.136 em Patrocínio, tornando-se o 10º suplente do PTB. Houve muitos candidatos patrocinenses, porém apenas Silas Brasileiro e Romeu Queiroz, deputados federais, obtiveram sucesso. Isso serve muito como lição para os dias atuais. Não adianta ter mais de dois candidatos patrocinenses. A cidade precisa é de deputados e não candidatos. Naquele ano, 1998, a inteligência de Antônio Cândido não foi suficiente para Patrocínio ter deputado estadual. Faltou consenso, ou senso mesmo, político dos eleitores. Com ele, para a Assembleia de Minas, o paradigma “Patrocinense vota em Patrocinense” foi derrotado, da mesma forma, naquela oportunidade.
PARTICIPAÇÕES – A presença da Pif Paf em Patrocínio também teve o dedo de Antônio Cândido, durante a administração do então governador Eduardo Azeredo. Foi inquestionável sua ação para a instalação da principal indústria rangeliana. Em outra área, diversas atividades da Epamig, em sua Fazenda Experimental no Município, decorreram de iniciativas de Antônio Cândido, que era funcionário exponencial da estatal mineira voltada para a pesquisa. Já pelo lado classista, Antônio Cândido exerceu a presidência do Conselho Federal de Medicina Veterinária (MG).
POR FIM – Primogênito do casal Adão de Melo Borges (falecido), o bom Adão da Chácara do Estado ou Asilo, e de Maria das Mercês Martins Borges, que reside na Rua Artur Botelho, bem próximo ao Mercado Municipal, Antônio Cândido foi mais do que o dito aqui. É simplesmente mais uma estrela a brilhar sobre a terra das Gerais.
Primeira Coluna publicada na Gazeta, edição de 5/5/2018.