Tempo. O poder da mente, do pensamento, permite viajar por ele. Permite até visitar à imortalidade. Diversas vozes patrocinenses moram nesse pedaço da eternidade. Vozes de radialistas que se foram. Entretanto, as suas vozes não foram esquecidas. Jamais o serão. Vozes como de Joaquim Assis, Humberto Cortes, Roberto Taylor e Renato Oliveira (esse falecido há três semanas) ecoam nos céus da cidade.
PETRÔNIO DE ÁVILA – Final dos anos 50, começo dos anos 60. Voz forte, descontraída, marcante. Apresentador de programas musicais na Rádio Difusora, ZYW-8. Onde os discos eram denominados 78 rotações (duas músicas, de um lado e de outro do disco) e LP (Long Play, que continha em torno de 14 músicas (sete de cada lado do grande disco). Ambos de vinil. Petrônio também comandou o programa de auditório dominical de 10 às 12h. E outro programa de auditório envolvendo prêmios, às segundas-feiras, de 20 às 22h. A Difusora, nessa época (Praça Honorato Borges), tinha pequeno auditório em suas instalações. Depois, Petrônio pertenceu a então famosa Rádio Independência (São José do Rio Preto) e à Rádio Voz do Oeste, de Cuiabá. Na capital do Mato Grosso, faleceu, com quase 30 anos de idade, no final da década de 60, vítima de acidente de automóvel. Foi sepultado em Patrocínio.
CRISTOVAM BOTELHO JR. – Ex.-craque do Ipiranga E.C., dentista pela UFMG, pai do folclórico Jefé Consolação, e mais conhecido por Tó Dentista. Esse foi o primeiro narrador esportivo de Patrocínio. Meados dos anos 50, Estádio Quincas Borges, cabine da Difusora era um cercadinho de madeira. Faleceu nos anos 80.
ASSIS FILHO – Ou Joaquim Assis. Escrivão policial, vereador, presidente da Câmara Municipal e criador do “Comentário do Dia” (12h). Grande narrador esportivo. Também comandou programas dominicais nos bairros (em cima de um caminhão). Foi secretário municipal de Esportes na administração Afrânio Amaral. Além de marcante narrador pela Difusora nos anos 80 (jogos no Mineirão e Maracanã), participou de transmissões na Clube de Patos de Minas, Princesa de Lagoa Formosa e Rádio Capital de BH. Nasceu em 3/5/1929 em Salitre e faleceu em 12/12/1987, vítima de doença do coração.
OLIVEIRA JÚNIOR – Participou do primórdio da Difusora, como Humberto Cortes. Apresentador de programas sertanejos no começo da noite e da Ave Maria (18h). Voz pausada e mansa. Assim, era o moreno Deca. Falecido nos anos 80.
HUMBERTO NOVAIS – Locutor da Difusora nos anos 50. Voz firme e poderosa. Em Patrocínio, narrador esportivo também. Há um caso folclórico ocorrido em Carmo do Paranaíba, quando gritou gol do Flamengo patrocinense com tanto entusiasmo que gerou um sururu enorme no Estádio. Nos anos 60, foi contratado pela Rádio Guarani, de BH, então líder em audiência. Nos anos 80, faleceu em BH.
ROBERTO TAYLOR – Voz inesquecível. O mais polêmico e corajoso comunicador que a cidade ouviu. Reconhecimento regional. Vereador e presidente da Câmara Municipal. Titular do “Show da Manhã”, Difusora, anos 80/90. Defensor incondicional dos mais humildes. Singular talento. Roberto Taylor Alves Weitzel faleceu, aos 52 anos de idade, em 5/7/2014, vítima de um câncer. Trabalhou também na Rádio Rainha da Paz e pertenceu ao cerimonial/assessoria de imprensa do prefeito Lucas Siqueira.
HUMBERTO CORTES – Criador do programa “Manhã Sertaneja”, Difusora. Comunicador e anedotista por 56 anos no rádio. Autor de jargões como “podexá”, “esta é a Difusora de Patrocínio, pedindo licença para entrar em sua casa”, “acerte o seu pelo meu” (hora certa) e tantas manias e performances que identificavam a inconfundível voz de Cortes. Histórica mesmo. Também criou nos anos 50 o programa “Parabéns para Você”, que custava ao ouvinte apenas cinco cruzeiros por música. E sempre havia um oferecimento da música assim “alguém oferece para alguém, que mora...” Faleceu em 27/04/2005, aos 75 anos de idade.
PEDRO ALVES DO NASCIMENTO – O maior bairrista de Patrocínio. O criador e titular do imperdível programa “Frente Patrocinense de Reportagem”, apresentado aos domingos ao meio-dia. A audiência era total. Tanto é que o folclore criou a expressão de que “domingo é dia de macarrão, frango, arroz ao forno e Pedro Alves do Nascimento”. Isso nos anos 60 e 70. Proprietário da Difusora desde 1955. Também foi um dos fundadores do Lions, Rotary e do emblemático Clube Itamarati (esse nos anos 40/50). Nasceu em Folhados (Silvano) em 12/3/1912 e faleceu em 19 de maio de 1990, aos 78 anos de idade.
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TSUNAMI – Muito recente, em 18/4/21, faleceu o humorista e radialista Luis Fernando Tsunami, aos 37 anos, vítima da Covid-19. Atuou na Rádio Capital, quando participava dos alegres fins de tarde, no programa Balaio de Gatos. Passou como um cometa alegre pela vida artística, contudo com o seu dom descontraído eternizou o seu nome no céu das estrelas rangelianas. Atuou também na Módulo-FM.
RENATO OLIVEIRA – Na madrugada de 28/5/2021, também vítima da Covid-19, deixou a vida terrena o radialista Renato Oliveira, repórter símbolo do CAP (Clube Atlético Patrocinense), do qual era torcedor. Nasceu em 21/11/1975. Além da cobertura grená, em maio, estava comandando o “Rádio Show” (7h:30min às 10h), na Rádio Capital. Atuou por 24 anos na Difusora e era proprietário do site “Dia News Notícias”.
TAMBÉM INESQUECÍVEIS – Em 23/8/2014, faleceu em Barretos-SP, onde se encontrava em tratamento de câncer, aos 67 anos, o radialista e repórter Jota Santos, que era presença nas noites sertanejas da Difusora. Locutor e narrador esportivo Assis de Castro, em julho de 2014, Rádio Capital, faleceu, vítima de câncer. Em 16 de setembro de 2017, faleceu o promissor narrador esportivo Wanderley Gonçalves, aos 46 anos de idade. Era também diretor de esportes da Rádio Rainha da Paz/Capital. Vítima de infarto do miocárdio. Também mora na saudade a voz da locutora Maria Helena Borges, a primeira apresentadora do “Show da Manhã” na Rádio Difusora, no começo da década de 80. Faleceu há três anos em Goiânia/GO.
Essas vozes estão muito vivas na memória de algumas gerações de nossa amada Patrocínio.
([email protected]) * Crônica também publicada na Gazeta de Patrocínio, edição de 05/06/2021.