Em um muro qualquer no tradicional Bairro Fundinho em Uberlândia, vi esta imagem. Alguém, certamente na calada da noite pichou: “2015”.  O que me chamou a atenção é que o autor, não acrescentou nenhum dos clichês, típicos, “Feliz,” “Próspero”,  “Abençoado”. Simplesmente: 2015... Apenas quatro dígitos. Um ano em aberto. Sugerindo que o futuro será tecido com a parceria nós e Deus. Vejamos o que aprender com este autor anônimo, antes do adeus total a 2014:

De repente, Dezembro.“Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo”. E muita gente vai na valsa. Pensando bem este negócio de  Ano Novo, na prática, na real, no duro mesmo, significa apenas substituir o calendário na parede. Nada há de mágico na mudança de um  ano, para outro, por mais que estardalhaço que façamos. Fogos são queimados, espumantes estourados e muita festa em meio a grande bebedeira. As pessoas escolhem as cores para poderem entrar com o pé direito no novo ano, sem nenhum pudor. As grandes praias, ficam abarrotadas. Gente passa por todo tipo de perigo, para assistir as belas queimas de fogos.

É no ano novo que se esvai toda aquela histeria e loucura coletiva, iniciada com as músicas natalinas ainda em novembro, quando as pessoas gastam tudo o que tem, - e  o pior, o que não tem- para poder ter uma noite feliz, para finalmente, comemorar a virada do ano. Em janeiro, o chão duro da realidade. Vem as dívidas e muitos problemas, jogando por terra todo esse lema de ano novo, vida nova. Daqui a poucos, é um ano exatamente igual ao anterior.

E temos o costume de comparar tudo, principalmente, um ano com ano com os outros. Vai daqui, vai dalí, concluímos que 2014, foi melhor ou pior que 2013, mas, que "2015," será o melhor ano de nossas vidas”...Baseado em quê? Mágica?

Nosso genial mineiro, Carlos Drummond de Andrada, mata a pau: “Para ganhar um Ano Novo  que mereça este nome,  você, meu caro, tem de merecê-lo,  tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,  mas tente, experimente, consciente.” Em outras palavras. Um ano maravilhoso é fruto de construção e busca diária. Nada de agente mágico.

Ainda sobre o efusivo ritual de passagem, deixo o moço de Itabira do Mato Dentro, com a palavra: “Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.  Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente”

Extremismo e exageros a parte, pode haver algo positivo nesse “fatiamento” do tempo. Isto se formos levados á séria reflexão sobre o que passou e planos para o que virá. Embora, muitas vezes o que planejamos não saia do papel, mas é importante pensarmos em mudanças, pelo menos uma vez por ano. Enche-se a alma de boas expectativas.

“Para ganhar um "2015," que mereça, o adjetivo de Ano Novo,  você, meu caro, tem de merecê-lo,  tem de fazê-lo com  Esperança". A tal “ Meninazinha dos olhos verdes” da qual  quintaneia Quintana:

“Lá bem no alto do décimo segundo andar do ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas buzinas
Todos os tambores
Todos os reco-recos tocarem:
- Ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada – outra vez criança
E em torno dela indagará o povo:
- Como é o teu nome, meninazinha dos olhos verdes?
E ela lhes dirá
( É preciso dizer-lhes tudo de novo )
Ela lhes dirá bem alto, para que não se esqueçam:
- O meu nome é ES – PE – RAN – ÇA …”

“Para ganhar um "2015," que mereça, o adjetivo de "Ano Novo", você, meu caro, tem de merecê-lo,  tem de fazê-lo  com fé e atitude: “Obrigado Senhor”. Com esta frase, Gabriel Medina, agradeceu a Deus frente às televisões de todo o mundo, por vencer o campeonato mundial de surf 2014 no Havaí. O rapaz de apenas 20 anos reúne uma série de atitudes louváveis quando praticadas por qualquer ser humano; mais surpreendentes ainda quando ditas e vividas por uma pessoa tão jovem. Reconhecer que há um ser superior, que nos conduz em todos os momentos, mais do que um principio de fé é uma atitude de humildade. Tenho certeza que este “menino prodígio do Surf,  não esperou cair tudo do céu. Foi pra cima repetindo Santo Inácio de Loyola formulava: “Orar como se tudo dependesse de Deus e trabalhar como se tudo dependesse de nós”. 

 "Para ganhar um "2015," que mereça, o adjetivo de "Ano Novo",  você, meu caro, tem de merecê-lo,  tem de fazê-lo  com  a matéria - prima que tiver em mãos.” A história do violinista Ytzahak Perlman, inspira. Perlman contraiu pólio aos 4 anos de idade e passou o resto da vida obrigado a andar com muletas. Apesar do impedimento, Perlman se tornou um grande violinista, um virtuose. Diz-se que certa vez subiu ao palco para uma apresentação junto com uma orquestra sinfônica. Deitou as muletas no chão, ao seu lado, posicionou o violino sob o queixo e começou a apertar as cordas para a última afinação. Com um ruído estridente, uma das cordas se rompeu. Quando todos esperavam que ele solicitasse outra corda, Perlman fez um sinal ao maestro para começar assim mesmo. Executou todo o concerto com apenas três cordas. No final, o auditório o ovacionou em pé. Em suas considerações finais, disse: A tarefa de cada um de nós é fazer música com o que resta. Todos perceberam: suas palavras se referiam à sua vida como portador de deficiência e não às cordas arrebentadas. Enquanto estivermos  vivos, lá vem luta, lá vem luto, lá vem riso, lá vem lágrima. Toque a vida. Viver é para os fortes

 "Para ganhar um "2015," que mereça, o adjetivo de "Ano Novo",  você, meu caro, tem de merecê-lo,  tem de fazê-lo. Tem de aproveitar bem cada oportunidade ”. Carpe Diem,  é uma frase em latim de um poema de Horácio, popularmente traduzida para 'colha o dia' ou 'aproveite o momento'. É utilizada como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis.

Talvez, já devo ter dito aqui que, um de  meus filmes preferidos,  é “Sociedade dos Poetas Mortos”. Protagonizado por Robin Williams, infelizmente, morto por suicídio, em agosto de 2014, numa grande contradição, considerando o  que nos ensinou através da telona.

Resumindo a história do filme citado: Início do ano letivo em um colégio ultraconservador dos Estados Unidos apresenta uma novidade, o professor John Keating, de Literatura de Língua Inglesa. Ele estimula seus alunos a pensarem por si próprios, ideia que vai de encontro aos tradicionais valores defendidos pelo colégio. Logo no começo das aulas Keating apresenta aos jovens a expressão latina carpe diem, que significa “aproveite o dia”: o professor lembra que nossa existência é muito breve, algo como um piscar de olhos; então, é preciso aproveitá-la, fazer dela algo extraordinário, ao invés de seguir roteiros pré-determinados e, depois de velho, perceber que a vida passou sem ser realmente vivida... Por isso, CARPE DIEM, é meu lema para 2015.

"Para ganhar um "2015," que mereça, o adjetivo de "Ano Novo",  você, meu caro, tem de merecê-lo,  tem de fazê-lo. Com esperança; com oração e ação; com a matéria - prima que tiver nas mãos; aproveitando cada oportunidade. "2015" ... Vamos pintá-lo com esta atitude?

("ABRO O CICLO DE UMA VIDA E VEJO UM NOVO EU...")