O ciúme está presente em nossas relações, e isso é inegável. O grande escritor William Shakespeare definiu o “ciúme como o monstro de olhos verdes que escarnece da carne que se alimenta.” Essa definição está na tragédia Otelo, nela o general mouro, negro, enlouquece de ciúme e mata a mulher. Chegar a extremos não é o mais comum, embora o ciúme possa realmente causar sérios prejuízos às relações. Embora o ciúme seja um sentimento milenar, ele ganha perfis atualizados em nossa sociedade moderna, e em alguns casos, ser potencializado pelas reações à imprevisibilidade. Fica evidente, que a gente muda o tempo todo, e a sociedade também.
O ciúme pode estar ligado ao cuidado excessivo, ou até mesmo vir um egoísmo, do medo, da perda, a pessoa se torna refém da outra por uma simples relação: sejam eles entre pais e filhos, casais, amigos, e outros.
Reflexões sobre o ciúme têm provocado pensadores e escritores na busca de respostas para o sentimento. No entanto, pareça primitivo, o ciúme consegue romper as barreiras que, em tese, deveriam separar intelectualidade e irracionalidade. O testemunho de Machado de Assis (grande escritor brasileiro) é surpreendente quando ele encarna o personagem Bentinho, no livro Dom Casmurro. Fica como uma dica de um bom livro e romance! O narrador personagem acredita ter provas, que a esposa Capitu, o teria traído com o melhor amigo dele. A morte do rival não elimina a obsessão. Ou seja, o ciumento é um ser inseguro e necessita de apoio para eliminar essa dor, ou até mesmo curar tais dúvidas e medo. Já o filósofo Descartes fala que existe o ciúme positivo e ciúme negativo. O negativo é o que se fundamenta em valores condenados pela moral e pela ética, como o egoísmo ou o apego material exagerado. O ciúme positivo seria o que se aproxima da etimologia da palavra que vem do latim zelumen e do grego zelos, ou seja, expressa zelo, cuidado.
O ciúme não é exclusividade dos adultos, dos casais. Ele ocorre entre amigos, e é claro nas famílias. São emblemáticas as histórias de Caim e Abel ou de Isaú e Jacó.
Temos que ter consciência que todo sentimento vivido por nós, é uma oportunidade que Deus nos concede de viver e aprender com nossas limitações. Somos humanos, falhamos, mas temos que melhorar sempre.
Todos nós experimentamos determinada forma de ciúme, mesmo que não reconhecemos. Varia em grau e forma.
Assim, que saibamos detectar nossos ciúmes e que possamos compartilhar de relações mais felizes e saudáveis, e que deve ser guiado pela confiança, sentimento extremamente necessário em nossos dias.