Fonte: Butatan Reportagem: Natasha Pinelli Fotos: Comunicação Butantan
Desde o dia 25 de março, crianças, idosos, gestantes e trabalhadores da saúde e educação das regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul já podem receber a vacina contra o vírus da gripe, atualizada e gratuita, no posto de saúde mais próximo – devido a particularidades climáticas, a população do Norte foi imunizada antes, entre novembro e dezembro de 2023. Mas junto com a distribuição das primeiras doses do imunizante, também começaram a correr notícias falsas que desencorajam o público-alvo a comparecer aos pontos de vacinação.
Sem qualquer tipo de embasamento, o conteúdo desinformativo da vez apresenta três informações falsas sobre o imunobiológico: que o produto não tem capacidade de proteger contra a gripe; que a formulação não engloba a cepa H1N1; e que a plataforma produtiva está sendo alterada para a tecnologia de RNA mensageiro.
Incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) desde o final da década de 1990, a vacina da gripe é produzida pelo Instituto Butantan e tem contribuído com a manutenção de inúmeras vidas ao longo desses 25 anos, visto que seu principal objetivo é proteger justamente aqueles que possuem maior risco de adoecer e desenvolver formas graves da doença.
A seguir, entenda por que os pontos abordados nessa nova fake news são mentirosos e por que ninguém deve abrir mão de tomar sua dose anual do imunizante:
Fake 1: a vacina aplicada na rede pública de saúde não protege contra a gripe
A infecção por influenza pode ser causada por quatro tipos diferentes de vírus: A, B, C e D, sendo os vírus A e B responsáveis por epidemias sazonais em seres humanos. O imunizante produzido pelo Instituto Butantan contém em sua composição as cepas desses dois principais tipos de vírus, estimulando o organismo a criar anticorpos capazes de combatê-los.
Como o influenza é um patógeno de elevada transmissibilidade, a vacinação é considerada a melhor estratégia de prevenção e combate à gripe, uma vez que promove a imunidade durante o seu período de maior circulação, especialmente nos indivíduos que apresentam fatores ou condições de risco. O resultado é uma redução dos casos de agravamento, assim como o consequente número de internações e óbitos.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2023 mais de 12.000 brasileiros foram hospitalizados em decorrência de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Influenza, e 1.139 morreram.
Fake 2: a vacina da gripe não protege contra a cepa H1N1
Como o vírus da gripe possui uma alta capacidade de mutação e evolução, todos os anos o imunizante precisa ser atualizado e “reaplicado” na população-alvo. Para isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mantém uma vigilância global a fim de identificar quais as cepas mais circulantes no momento e que deverão compor o imunizante da próxima campanha.
Por contemplar em sua composição duas cepas do tipo A (H1N1 e H3N2) e uma do tipo B do influenza, a vacina produzida pelo Butantan é chamada de “trivalente”. Seguindo as recomendações da OMS para 2024, o imunobiológico que já está sendo aplicado na população neste ano contém as seguintes cepas: A/Victoria/4897/2022 (H1N1), A/Thailand/8/2022 (H3N2) e B/Austria/1359417/2021.
Fake 3: o imunizante distribuído pelo PNI passará a ser produzido com tecnologia de RNA mensageiro
O Butantan é o único fornecedor de vacina contra a gripe do Ministério da Saúde. Todos os anos, cerca de 80 milhões de doses do imunobiológico são encaminhadas à pasta, que fica responsável por repassar o produto aos estados brasileiros.
No Instituto, a produção do imunizante acontece no chamado Laboratório Influenza (LIN), a partir da inoculação do vírus em ovos embrionados de galinhas. Durante o processo, que inclui mais de 21 etapas, os patógenos são inativados e fragmentados pelo uso de substâncias químicas, irradiação ou calor, impedindo que o corpo desenvolva a doença “de verdade”.
Localizado em São Paulo, o complexo industrial da instituição ainda não contempla uma fábrica de vacinas por tecnologia de RNA mensageiro, e nem há previsão de mudança na cadeia produtiva do imunobiológico, consolidado com sucesso há mais de duas décadas.