16 de Março de 2022 às 13:44

Enquanto o céu não vem... (BLOG Milton Magalhães)

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Nesse 05/03, esse corintiano seu amigo, celebrou seus 6.1 ( Preciso ter presente que meu valente pai chegou aos 6.2) O curioso é que todo mundo perto de mim parece só ter 20/30 e poucos anos. Quando alguém me chama de idoso acho estranho. Parece que não é comigo. Ainda conservo meus cabelos pretos, fora a cara de bolacha, um pé de galinha aqui, um bigodinho chinês ali, "envelheço na c/idade".

Outra coisa. O luto agora não deixa meu peito com facilidade. A dor ficou mais teimosa...

A tal ampulheta que mede o tempo definitivamente embiruteceu de vez para o meu lado. A areia fina parece descer mais rápida agora, que cheguei aos 6.1. Idade esta que não preciso ser um craque em matemática para perceber o encurtamento de meu futuro, enquanto o meu passado vai se espichando feito as sombras da Igreja Matriz que observei numa tarde destas.

Nesta altura da vida desejo ser mais humano, empático, solidário e gentil comigo mesmo.

Continuo defendendo que o ser humano deve se preparar para morar debaixo de um viaduto, ou ser o presidente de seu país, com a mesma dignidade e leveza existencial.

Continuo gostando das coisas simples, mas não comum. Quero ser amigo pessoal das florzinhas abandonadas.

As crianças me chamam de "Mito". "Ti Mito"Sei que não sou, mas não "desmiltifico", nada. ( risos)

Minha aposentadoria chegou e com ela alguns ajustamentos.

Garimpo por aí o que me faz sentir um ser melhor.

Tipo, coisas que guardo pra vida: Um menino japonês durante a Segunda Guerra Mundial (1945) parou com atenção esperando sua vez para ir a pira de cremação para a qual ele trouxe seu pequeno irmão morto. A pessoa que tirou a foto disse em uma entrevista, que a criança mordia tão forte os lábios para não chorar que lhe saía sangue. Foi então que o guarda pediu o corpo e disse: "Dê-me a carga que você trouxe" e a criança respondeu: NÃO É UMA CARGA, É MEU IRMÃO", ele entregou o corpo, virou-se e saiu...

Há um Filme baseado neste fato (o túmulo dos vagalumes)

No Japão hoje em dia a imagem é usada como símbolo de força, que mesmo após tantas coisas ruins, precisamos ser fortes. Preciso da força desse japinha quando coisa ficar feia pro meu lado.

Há algum tempo li um exemplo de solidariedade que lacrimejou meu olhar. No Teatro Glauce Rocha, em Campo Grande, MS, os rapazes de uma turma de formandos, em Engenharia Ambiental, emocionaram os convidados ao aparecerem carecas na cerimônia de colação de grau. Era uma homenagem surpresa ao colega também sem cabelos, mas por consequência de uma quimioterapia. Jaito Mazutti Michel, 24 anos, descobriu um tumor maligno no joelho. As aulas na faculdade já haviam terminado e só quando os colegas se reuniram para o ensaio da formatura confirmaram a doença e decidiu homenageá-lo, sem que ele soubesse. Na noite do evento, o impacto com a entrada dos colegas sem cabelo ao chamado do cerimonial. Todos com sorriso aberto para Jaito, que retribuiu no mesmo tom e com serenidade. No discurso, a voz faltou várias vezes, mas a oradora da turma, conseguiu dizer que “QUANDO NOSSOS FILHOS, NO FUTURO, ASSISTIREM AO CLIPE E PERGUNTAREM POR QUE TODOS ESTAVAM CARECAS, VAMOS DIZER QUE FOI PARA UM AMIGO SE SENTIR MELHOR, FAZEMOS QUALQUER COISAS”

Nascido na roça, sigo colhendo lições da natureza. Sabe-se que o asqueroso bicho-da-seda é a larva de uma mariposa. Quando nasce mede cerca de 2,5 mm de comprimento. Durante 42 dias alimenta-se sem parar, de folhas de amoreira e sofre quatro metamorfoses. Quando atinge o tamanho de 5cm, começa então a tecer um casulo branco e brilhante, composto por um único fio. Com um movimento geométrico infinito, em torno de seu próprio corpo, após três dias de trabalho, estará envolta em um casulo confeccionado por um fio de aproximadamente 1200 metros. Se for deixada em paz... Em 12 dias se transformará numa linda borboleta.

Só tenho um fio: MINHA VIDA. E sou também artesão do meu próprio destino. Tenham paciência comigo que ainda sou um bichinho feio e falho.

Nos últimos 60 anos, passou pelo mundo e por mim, enquanto urdia meu fiozinho de vida: A guerra do Vietnã, a queda do muro de Berlim, o assassinato de John F. Kennedy, o assassinato de Martin Luther King Jr, a execução de Che Guevara, o homem chegou a lua, o fim da guerra fria, a guerra do Golfo, a tirania de Idi Amim Dada, prisão e liberdade de Nelson Mandela, caso Watergate; surgiu a Bossa Nova, os "Meninos de Liverpool", Tropicália, a Discoteca, o Woodstock, o inicio do Campeonato Brasileiro, o estilo hippie, o termo unissex, a pílula anticoncepcional, queimaram sutiã em praça pública, o tentado às Torres Gêmeas, essa Pandemia do Cornavírus, essa Guerra Rússia/Ucrânia…

Nós últimos 60 anos, passou pelo mundo e por mim, ENQUANTO EU URDIA MEU FIOZINHO DE VIDA: A morte de Tancredo Neves, a morte de Ayrton Senna da Silva, a eleição e reeleição do tal operário á Presidência da República, a eleição da primeira Mulher para a Presidência... O advento do Bolsonarismo, a prisão de Lula, a soltura de Lula e o comitê do PT chamado STF.

Nós últimos 60 anos, passou pela minha cidade e por mim, enquanto urdia meu fiozinho de vida, empresas como: A Saiasi (meu primeiro emprego), Fama, Minasilk, Sericitextil, Pitter, Garcafé, Casas de Calçados do Abrão, Casas Manuel Nunes e claro, Cine Rosário, Cine Patrocínio...

Nós últimos 60 anos, passou pela minha cidade e por mim, enquanto urdia meu fiozinho de vida, personalidades queridas como: Dr. Michel Wadhy, Sr Sebastião Eloi, Dr Renato Cardoso, Dr Hélio Furtado, Sr Manuel Nunes, Pedro Alves do Nascimento, Dr. Olímpio Garcia, Profº Afrânio Amaral, Geraldo Tuniquinho, Dr Alaor de Paiva, Dr. José Figueiredo, Dr Abdias, Véio do Didino, Prof Hugo Machado, Jeorge Elias, Sr. Joãozinho da Estação, Vera Nunes, Cândido Delfino, Profª Lirinha, Roberto Taylor, Maria Alves do Nascimento, Lincoln Machado, Sr Diolando Rabelo, Marlenísio Ferreira, Irene Vaz Amaral, Profª Conceição Eloi, Profª Marta Eloi, Darlene Ferreira, Marcelino Marques Araújo, Elias Abrão Neto, Sr Zico Pacote, João Fernandes dos Santos, Sr A(l)rmando Mendes, Dr Paulo Pereira, Marta Freitas, Zé Dalmo, Sr Valdinon, Cássio Remis, Dr Luiz Viana, Tsuname, Renatinho de Oliveira, Pedro Cortes, Dr Ivan Gomes, Pastor Osmar, Vicente Marra, Cláudio Alcântara, Dona Toniquinha, Rondes Machado, Raquel Cristina Ferreira…. Minha Mãe, meus Avôs, minhas Avós, meu Pai, meu tio Amiro, tia Marieta, tio Sebastião, tio Adolfo, tia Natália. Meu Tio Darico, Tia Amadinha, Tia Helena, Tia Margarida, Madrinha Fiota, Tia Luiza, Tio Pedro, Tio Durval...Prima Vânia, Eurípedes, Nicinha, Sidney; cunhado Joaquim; sobrinhas Lilian e Kajeane...

Borboletinhas apressadas que me deixaram ainda tecendo o meu fiozinho vida e foram para outro jardim…

Outro dia minha filha, Melva, me fez um convite; " Pai, vamos ali comigo em um buteco?" Nosso destino foi o Bar do Jair, no Bairro Morada Nova.

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Uma mesa posta no canteiro da Av dos Bálsamos. Uma cerveja ( ou duas) - a mais barata, um limão e sal e só e só. Só, não. Eu e ela. Pai e filha. Como a gente conversou sobre tudo sobre nada, sobre a vida. Como valeu aquele pedaço de tarde. Um átimo fugidio chamado instante que valeu a pena. Alí naquele lugar improvável, na fala solta, conheci mais de minha filha, inteligente e bem humorada. Ela me ouvindo sem interromper. Os melhores momentos da vida são aos mais simples. Bem disse o Poeta Rangeliano, Alberto Araujo: "O melhor lugar do mundo é a boa companhia"

PROSSIGO, O CÉU AINDA NÃO VEIO...

VIVER TEM SIDO UM OFÍCIO BOM...( pós niver)

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Meu coração amanheceu dizendo: " Vá lá e agradeça esse povo"

Quando fui ver era gente demais. Pensei e agora? O que dizer nesse pos níver ? Quando fui buscar uma palavra que expressasse meus sentimentos. Me senti no mato sem cachorro. Poderia dizer "gratidão, gratitude, obrigado ou valeu, gentem!, Mas são vocábulos surrados, desgastados pelo mal uso...

Cora Coralinda disse que " Nada do que vivemos faz sentido, se não tocarmos o coração das pessoas"

" Vá lá e agradeça"...

Tem uma manhã linda lá fora. Não vou caminhar, não tenho coisa mais importante para fazer. Vou ler as mensagens nas plataformas digitais.

Grogue...Zonzo...Tonto...buscando palavras. Me pegaram de jeito..

Para vc ter uma ideia, imagina aquela mulher que deixa o salão de beleza toda cheia de dedos, com receio de estragar o esmalte fresco das unhas?..

E aquele elefante numa loja de cristal que não sabe o que fazer da tromba e do rabo?

Sabe aquele artesão, com receio de arranhar com os olhos a sua obra prima?

Sabe o pai todo desengonçado que toma o filho nos braços pela primeira vez e tenta caminhar pelo quarto com aquele presentinho dos céus ?

Sabe aquele empregado tentando lustrar a porcelana da china de seu patrão com medo de fazer merda?

Sabe a brisa da manhã soprando mais leve para não destruir a gota de orvalho lá no quintal? ..

Aqui estou, deste tipinho, sem tirar nem por. São demonstrações de carinho e consideração, “que me imensaram”...

Um telefonema de Marilúcia Lemos, outro de Eustáquio Amaral (Faltou a ligação de Rondes Machado e Dona Toniquinha. Doeu muito) Ronaldo Samuel, no Zap; Pedro Constantino, no messenger; Jussara Queiroz, no Instagram; o áudio do Sanarelli; a visita de Joaquim Machado e o infalível e precioso tesouro: Cartão de José Reinaldo da Silva.

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Nas pessoas destes, que todos sintam citados.

Resumindo a ópera: Feito a mulher que deixa o salão; o elefante na loja de cristais; o artesão com a sua obra prima; o pai com o seu filhinho; o empregado limpando a porcelana da China; a brisa com medo de destruir a gota de orvalho..De cá , também estou com receio até de continuar vivendo e estragar tudo (Brincadeirinha, rsrs...) Se fosse um tantinho assim de carinho, eu mesmo retribuiria, com o meu MILTON OBRIGADO! Mas, ao verificar, vi que é muito, muito além de meus méritos. Por isto olhei pro alto numa prece: “DEUS, REDOBRE O TUA PROTEÇÃO, SOBRE OS MEUS AMIGOS, RETRIBUA EM DOBRO ESTE CARINHO E FAÇA PROSPERAR TODOS OS SEUS PROJETOS DE VIDA!”

Ou...Não sei o que vem lá, mas até aqui, viver tem sido um ofício bom...