O volume de empréstimos para compra e reforma da casa própria fechou o primeiro semestre de 2017 em R$ 20,6 bilhões, divulgou nesta quarta-feira (26) a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), entidade que representa as financiadoras. O valor é o menor desde o segundo semestre de 2009, quando o total de financiamentos ficou em R$ 20,56 bilhões.
O financiamento imobiliário viveu anos de bonança a partir do fim de 2010, atingindo a marca de R$ 59,6 bilhões no segundo semestre de 2014, impulsionado pelo nível do emprego, os juros baixos, as expectativas elevadas, além de programas como o Minha Casa Minha Vida.
De lá para cá, no entanto, a crise econômica impactou duramente o mercado. Os empréstimos com recursos da poupança sofreram uma queda de 65,5%. Os valores consideram empréstimos tanto para a compra de imóvel novo e usado como para reforma e construção da casa própria.
De acordo com o presidente da Abecip, Gilberto de Abreu Filho, o péssimo desempenho da economia e a instabilidade política são os principais responsáveis pelo baixo volume de empréstimos.
— Naquele momento [em 2014], o consumidor estava mais animado, estava empregado. Chegamos a emprestar R$ 114 bilhões.
Agora, diz Abreu Filho, a análise de crédito também está mais rigorosa, diferente de três anos atrás.
Na comparação com 2016, os números da Abecip mostram queda maior nos financiamentos para o setor de construção (-13,1%) em comparação ao de aquisições (-7,9%).
Para Luiz Antônio França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), tanto clientes quanto instituições financeiras adotaram "uma postura mais conservadora" em razão das dificuldades econômicas e da instabilidade política.
— O alto patamar de juros, que vigorou nos últimos dois anos, foi também um forte inibidor para o mercado imobiliário. Fica menos atrativo para o cliente e o financiamento imobiliário se torna menos interessante ao banco, quando comparado a outras modalidades de crédito.
Representante dos vendedores de material de construção, o presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Cláudio Conz, afirma que a escassez de crédito não tem influenciado o setor.
— O comércio de material de construção não vive do crédito imobiliário. A gente depende mais do consumidor que junta dinheiro e que faz financiamento de curto prazo.
Recuperação
O presidente da Abecip avalia que o mercado de financiamentos deve recuperar algum fôlego no segundo semestre deste ano. A redução da taxa básica de juros será o principal incentivador.
- A gente espera ver mês a mês essa melhora dos recursos do SBPE. A queda no primeiro semestre foi de 9%, mas a expectativa é fechar o ano com queda de 3,5%. À medida que você consegue colocar mais dinheiro no mercado, e a taxas mais baratas, isso estimula o consumidor a comprar e também o construtor, e daí pode gerar um novo ciclo na economia.
Para França, da Abrainc, o mercado já está mostrando sinais de recuperação, com maior volume de vendas e lançamentos nos meses de abril e maio. Ele avalia que a confiança do comprador está voltando em razão da queda acentuada da inflação e dos juros.
Apesar da escassez de crédito, Conz prevê crescimento de 5% neste ano do mercado de material de construção. E vai melhorar mais, diz ele, “à medida que voltar o crédito, porque você tem que pensar que quando tem entrega [de imóvel], todo mundo faz adaptação”.
A retomada do setor, segundo os entrevistados, também vai depender da redução do nível do desemprego, que ainda se mantém no patamar de 14 milhões de desempregados.
Fonte: R7
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