6 de Setembro de 2016 às 10:08

Gastroenterocolite Aguda (Virose Gastrintestinal): mitos e verdades

Colaboração: Dra. Jaqueline de Araújo Rezende Batistuta Médica de Família CRM-M.G. 46.469 Rua São Benedito, 620, próximo à Santa Casa/3831-8234.

Além das doenças respiratórias, o inverno (junho a setembro) é conhecido por se tratar de uma época prevalente em casos de Gastroenterocolite Aguda (GECA), patologia que acomete principalmente crianças de até cinco anos de idade. Os principais sintomas são: diarréia, náusea/vômito, cólica, dor no corpo e febre. Existem alguns mitos sobre o tema que precisam ser esclarecidos na tentativa de se evitar sua propagação e intercorrências decorrentes de quadros intensos:

1) A diarréia pode se tornar crônica

MITO. A maioria dos casos é ocasionada por vírus (rotavírus, norovírus, adenovírus e astrovírus) e apresenta melhora espontânea, com duração que varia entre três e oito dias, cabendo cuidados para controle da perda hídrica e prevenção da desidratação.

2) Alimentos contaminados podem transmitir a doença

VERDADE. Além dos alimentos, especialmente os de alto teor protéico que permanecem em condições inadequadas de conservação, a água, as mãos mal higienizadas e os objetos de uso pessoal que tiveram contato com vômito ou diarréia também representam importantes meios de transmissão desta patologia.

3) Só é possível fazer o diagnóstico através de exames complementares

MITO. A hipótese diagnóstica é estabelecida através da avaliação médica que, em casos específicos, pode solicitar exames para excluir outros diagnósticos diferenciais como apendicite, volvo de intestino, doença inflamatória intestinal, infecção urinária, diabetes, pancreatite, doença celíaca, intolerância à lactose, alergia alimentar e outros.

4) É possível prevenir a Gastroenterocolite Aguda

VERDADE. Medidas simples de promoção à saúde como a ingestão de água filtrada de boa procedência, a adequada conservação e preparação dos alimentos e a higiene efetiva das mãos podem reduzir em até 30% as chances de contrair a doença. Por outro lado, a vacina contra o rotavírus, principal agente causador da patologia, disponível também na rede pública, pode reduzir em até 80% o risco de adoecimento em crianças no primeiro ano de vida.

5) Sem o uso de antibióticos e antieméticos não há melhora dos sintomas

MITO. Por se tratar de uma patologia predominante viral, não há indicação para o uso de antibióticos, que são medicamentos utilizados para eliminar bactérias, a não ser em casos selecionados pelo médico. Já o uso de antieméticos e antidiarreicos devem ser indicados pelo médico apenas em casos moderados e graves, na tentativa de se evitar ou conter a desidratação. Ao contrário do que de pensa, na maior parte dos casos, são necessários apenas o Soro de Reidratação Oral e uma dieta leve, isenta de açúcar e contendo, preferencialmente, alimentos obstipantes (maçã, caju, goiaba, banana maçã, arroz, tubérculos, pão, bolacha de água e sal, biscoito de polvilho etc).

6) A desidratação é a principal intercorrência dos casos de GECA e pode levar à morte

VERDADE. Pacientes que apresentam prostração, olhos fundos, redução na produção de lágrima e saliva, pele e lábios ressecados, diminuição no turgor da pele, respiração rápida e redução importante ou ausência de urina nas últimas 12h, deve procurar imediatamente assistência médica. Esse cuidado deve ser aplicado principalmente às crianças, que têm 75% do organismo constituído por água. Estima-se que, no Brasil, cerca de 50.000 crianças por ano vão à óbito por consequência da desidratação não tratada.

Dra. Jaqueline de Araújo Rezende Batistuta
Médica de Família
CRM-M.G. 46.469
Rua São Benedito, 620, próximo à Santa Casa/3831-8234.

 


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