7 de Janeiro de 2022 às 12:00

Menino que abraçou o papa na JMJ Rio 2013 se torna franciscano: “Não tenha medo de buscar a vontade de Deus”

Ele ainda tem “nítido na memória” aquele encontro com o papa, ocasião que “impulsionou” a vocação que já “nutria no coração”.

 

Fonte: ACI Digital Fotos: Nathan de Brito

Nathan de Brito ficou famoso em 2013. A foto dele abraçando o papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro (RJ) se tornou viral. Nathan tinha nove anos e contou ao papa sobre seu desejo de ser padre. Passados quase nove anos, Nathan é postulante da Ordem dos Frades Menores, em Rondonópolis (MT). “Nosso Senhor nos deu uma vocação primordial que é a vocação à santidade. Nós somos feitos para ser santos. Não tenha medo de buscar a vontade de Deus”, disse Nathan à ACI Digital.

Ele ainda tem “nítido na memória” aquele encontro com o papa, ocasião que “impulsionou” a vocação que já “nutria no coração”.

A foto de Nathan emocionado nos braços do papa Francisco viralizou em 2013, quando ele tinha apenas nove anos. Em 2016, a foto foi a imagem do mês vocacional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Nesta semana, o rapaz voltou a viralizar nas redes sociais após o bispo de Lorena (SP), dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, publicar uma foto com ele. Na legenda, informou que Nathan “é Postulante da Ordem dos Frades Menores em Rondonópolis”. O rapaz aparece com uma cruz peitoral que ganhou do papa, “com autorização para usar”.

Atualmente, Nathan está com 17 anos mora em Campo Grande (MT). Dos 10 aos 15 anos de idade, morou em Lorena. Neste início de ano, esta na cidade de férias e foi convidado para servir na missa presidida por dom Joaquim Wladimir no dia 1º de janeiro à noite, na catedral.  “Confesso que fiquei surpreso com a repercussão da foto. Eu sabia que dom Joaquim ia postar, mas não imagina que atingiria tanta gente, porque eu não tenho redes sociais. Na noite do dia que ele postou, meus amigos de Campo Grande começaram a me mandar mensagem, mas eu nem sabia”, contou.

Sobre a cruz que usa na foto publicada por dom Joaquim Wladimir, Nathan contou que, depois do episódio em abraçou o papa, “passou um tempo e veio um jornalista credenciado da Santa Sé e trouxe para mim e para minha mãe esse presente do papa”. A cruz, “veio em uma caixa com o brasão do Vaticano, atrás, uma foto oficial do papa e uma bênção”. O rapaz costuma “usá-la apenas em alguns momentos como nas solenidades e festas”.

Na época do encontro com o papa, Nathan morava em Cabo Frio (RJ). Ele foi com sua mãe para Aparecida (SP) a fim de ver o papa Francisco, mas não conseguiram vê-lo de perto. Então, embora não estivesse nos planos da viagem, foram para o Rio de Janeiro. No dia 26 de julho de 2013, Nathan conseguiu furar a barreira de segurança e chegou ao papamóvel. O menino abraçou Francisco e lhe contou que tinha o desenho de ser padre. O papa disse que rezaria por ele e pediu também suas orações.

“Quando fecho meus olhos consigo lembrar tudo o que aconteceu naquele dia, pois me marcou muito”, disse. Mas, “embora tenha sido um dia muito especial”, Nathan disse que “não foi o dia mais marcante” de sua vida. Segundo ele, o dia que mais lhe marcou “foi o da primeira eucaristia”, 16 de novembro de 2014, quando já morava em Lorena.

“Eu sempre brinco que não nasci em berço de ouro, nasci em berço católico e isso é muito mais valioso. Então, a Eucaristia era algo que eu almejava há muito tempo”, disse. Para ele, “alimentar-se da Eucaristia é verdadeiramente o combustível para a santidade”. Mas, admitiu, “claro que também queria encontrar o papa”.

Nathan contou que recebeu uma educação católica e, portanto, sempre teve “esse amor, essa admiração pela figura do papa. Então, naquele momento, encontrar o papa era muito especial”. Para o rapaz, o encontro que teve com Francisco no Rio de Janeiro em 2013 “foi um impulsionar, um momento muito emocionante e marcante da minha trajetória vocacional, a qual não começou ali, nem terminou ali”.

“Eu sempre quis ser padre, desde que me entendo por gente. Sempre me alegrou muito essa ideia. Eu considero que a vocação nasce no coração de Deus e depois ela brota no meu coração”, afirmou. Para ele, ser padre “sempre foi algo muito natural”. “Tenho lembranças de pequeno indo à missa com minha família. Gostava de brincar de celebrar missa, o que eu via na liturgia, imitava em casa”, contou.

Com o passar do tempo, disse, essa vocação foi amadurecendo, “como a água que passa sobre uma pedra e vai lixando a pedra com delicadeza”. Como o desejo de ser padre vinha com Nathan desde “a tenra infância”, contou que havia a necessidade de “não deixar a chama se apagar”. “É como uma plantinha que, se descuidar, morre”, declarou.

Para não deixar essa chama se apagar, Nathan disse que é preciso “cuidar da base e a base de uma vocação vem de Deus”. Esse cuidado passa pela “oração, a Eucaristia, o sacramento da confissão, a presença ativa na igreja”, afirmou o rapaz que foi “coroinha, acólito, participava de movimentos, da catequese, da liturgia”.

Mas, embora soubesse de sua vocação ao sacerdócio, Nathan revelou que não pensava em ser franciscano, e sim padre diocesano. Isso mudou depois que foi morar em Campo Grande, “no bairro São Francisco, perto do convento” da Custódia Franciscana das Sete Alegrias de Nossa Senhora, da Ordem dos Frades Menores. Essa custódia é a missão franciscana presente nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

“Logo que nos mudamos para Campo Grande, frequentávamos uma paróquia diocesana”, contou. Nathan recordou que certa vez seu avô lhe mandou “uma foto da igreja dos franciscanos, dizendo que era muito bonita” e que tinha se lembrado do neto.

Certo domingo, Nathan se atrasou para a missa em sua paróquia e, então, decidiu “ir à igreja dos franciscanos”. “Quando cheguei, a missa não era mais no horário que eu tinha visto na internet e já tinha começado. Como haveria outra missa, resolvi esperar”. Ao fim da celebração disse ao sacristão que gostaria de se confessar. “Ele me disse que o frei não atendia ninguém. Então, resolvi ir embora e ir para minha paróquia. Quando estava no meio da igreja, o sacristão veio e disse: ‘me desculpa, achei que o frei não fosse te atender, mas ele vai te atender’”. Foi assim que Nathan conheceu frei João Francisco.

Mais tarde, este frade lhe enviou diversas “mensagens convidando para ser franciscano”. “Eu respondia que não. Mas, de tanto ele me chamar, aceitei. E considero isso um carinho de Deus, porque, às vezes, a gente diz não à nossa vocação, mas Deus insiste em nos chamar para fazer sua vontade”, contou.

Em 7 de setembro de 2019, Nathan fez sua primeira experiência no convento São Francisco de Assis, em Campo Grande. “Eu me apaixonei pela ordem franciscana e dei meu sim”, recordou. “A partir do momento que a gente diz o ‘sim’, passamos por um período chamado animação vocacional. Eu fiz um ano, acompanhado pelo frei João Francisco”, contou.

Em 20 de novembro de 2019, fez um estágio vocacional em Rondonópolis. “Ali, me encantei ainda mais e foi decidido que entraria no seminário. Foi uma grande alegria”. No início de 2020, Nathan ingressou no aspirantato, e fez “dois anos de aspirantado externo”, por causa da pandemia de covid-19. “É como uma faculdade à distância, quando você continua morando em casa, mas tem as formações”, disse.

No dia 14 de dezembro de 2021, Nathan foi admitido ao postulantado, “que é o ano de preparação para o noviciado, quando já somos freis, por enquanto somos postulantes da ordem”. Depois, disse, virão “as faculdades, de Filosofia e Teologia, as profissões e, por fim, a ordenação sacerdotal”.

Admissão ao postulantado. Foto: Nathan de Brito

Aos jovens que, como ele, buscam o discernimento vocacional, Nathan disse que deixa como mensagem o convite a “não ter medo de ser santo”. Além disso, incentivou a ter “amizade com aqueles que são do céu”. “Ando sempre com minha relíquia de padre Pio, ele é meu amigo no céu. Tenham amizade com os santos, que são aquelas pessoas que nos ligam um pouquinho mais a Deus”, concluiu.