15 de Maio de 2016 às 13:01

Michel Temer Lulia - O poeta do Guardanapo

Se Michel Miguel Elias Temer Lulia, não, fosse, político, tê-lo-ia, sido poeta?

Se o mesoclítico Michel Miguel Elias Temer Lulia, não, fosse, vice-presidente e Presidente 'golpista', tê-lo-ia sido poeta?

 Aos 75 anos, Temer é  o mais velho político a assumir a Presidência do Brasil em 126 anos de República. É o nome mais falado no momento no país. Nem sua esposa escapa. Ruth Aquino da Època, disse, sobre a musa de  Temer: É casado com a primeira-dama mais nova, mais recatada e mais do lar de que se tem notícia, Marcela, de 32 anos”  (43 anos mais nova do que ele) “Tão discreta que nem compareceu à posse do marido”.

Um interino que chegou para ficar. Seu lema, (que alguém já leu em algum lugar) é "Ordem e Progresso" Caneta nervosa. De prima, publicou no Diário Oficial da União   medida provisória que extingue os Ministérios da Cultura; das Comunicações; das Mulheres; Igualdade Racial; Direitos Humanos e Controladoria-Geral da União. 

O fato é que, está fechado o Posto de gasolina onde está a placa, cujos dizeres "Não fale em crise, trabalhe" tanto impressionou Temer, que até citou em seu discurso. Trabalhar, trabalhar, trabalhar, não é  o bastante para vencer a crise.

Siga @Estadao no TwAlém de advogado, político e ex-professor, Temer é também, poeta. Publicou uma coletânea,chamada, "Anônima Intimidade". São mais de 120 poemas de sua autoria.

 Poemas,segundo ele, feitos em guardanapos de papel durante viagens aéreas entre Brasília e São Paulo. "Deixava a arena árida da política legislativa e me entregava, durante o voo, a pensamentos."

Haverá quem ache até suas  Medidas Provisórias,  lindos poemas. Sei lá..só sei que  leitores de Mário Quintana, Paulo  Leminsk e Manuel de Barros estão dispensados da leitura:

SABER

Eu não sabia
Eu Juro que não sabia!

ANÔNIMA INTIMIDADE

Correio elegante.
Hoje, torpedo.
Bom mesmo era o correio elegante.
Nas quermesses do interior.
O garçom levava a sua mensagem para alguém.
Ou trazia,
Sempre anônimas,
Palavras de amor.
Ou admiração.
Despertava curiosidade.
Quem mandou?
E a sua mente divagava.
Sonhava.
Fantasiava.
Desejava.
Será ela?
Outra?
Era uma intimidade aquele anonimato.
Depois, você caminhava para sua casa, para seu quarto.
E dormia inebriado pelas palavras e pelo perfume
Que o correio elegante trazia.

QUEM?

Loira. Os olhos

Negros.

O cabelo, na raiz,

Negro.

Os lábios

Grossos.

O olhar (não os olhos)

Distante. Triste.

Romanceado. Vendo a África.

Sem a rapidez

E alegria

Dos olhos da loira

Postos na neve.

A quem minha memória

Deve armazenar?

A loira, falsa,

Ou a mulata, verdadeira?

VERMELHO

De vermelho

Flamejante.

Labaredas de fogo.

Olhos brilhantes

Que sorriem

Com lábios rubros.

Incêndios

Tomam contam de mim.

Minha mente

Minha alma.

Tudo meu

Em brasas.

Meu corpo

Incendiado

Consumido

Dissolvido.

Finalmente

Restam cinzas

Que espalho na cama

Para dormir.

REPETIÇÃO 

(A Jorge Luis Borges)

Se eu morresse hoje
Faria tudo como fiz.
Não mudaria nada.
Repetiria, simplesmente.
E me arrepender.
Novamente.
Como me arrependo hoje.
Por tudo que fiz.

 PASSOU 
Quando parei 
Para pensar
Todos os pensamentos
Já haviam acontecido

EXPOSIÇÃO 
Escrever é expor-se.
Revelar sua capacidade
Ou incapacidade.
E sua intimidade.
Nas linhas e entrelinhas.
Não teria sido mais útil silenciar?
Deixar que saibam-te pelo que parece que és?
Que desejo é este que te leva a desnudar-te?
A desmascarar-te?
Que compulsão é esta?
O que buscas?
Será a incapacidade de fazer coisas úteis?
Mais objetivas?
É por isso que procuras o subjetivo?
Para quem a tua mensagem?
Para ti?
Para outrem?
Não sei.
Mais uma que faço sem saber por quê.

ASSINTONIA 
Falta-me tristeza.
Instrumento mobilizador
Dos meus escritos.
Não há tragédia
À vista.
Nem lembranças
De tragédias passadas.
Nem dores no presente.
Lamentavelmente
Tudo anda bem.
Por isso
Andam mal
Os meus escritos.

POR QUÊ?

Por que não paro?

Por que prossigo?

Por que insisto?

Por que lamento? 

Por que reclamo? 

Por que ajo? 

Por que me omito?

Por que desabafo?

Por que levanto? 

Por que indago?

Por que questiono?

Por que respondo?

Por que este infindável

Por quê?

.EMBARQUE 

Embarquei na tua nau
Sem rumo. Eu e tu.
Tu, porque não sabias
Para onde querias ir.
Eu, porque já tomei muitos rumos
Sem chegar a lugar nenhum. 

COMPREENSÃO TARDIA

Se eu soubesse que a vida era assim,

Não teria vindo ao mundo.