13 de Setembro de 2024 às 09:27

Ministério Público do Rio de Janeiro denuncia padre por falar contra a homossexualidade durante homilia em missa

Padre se defendeu, afirmando que suas palavras foram mal interpretadas e reitera compromisso com a caridade

Fonte: ACI Digital Natalia Zimbrão foto: Capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, em Nova Friburgo |CNSD

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou à Justiça o padre Antônio Carlos dos Santos, da diocese de Nova Friburgo (RJ), por racismo qualificado. O padre é acusado de discriminação e preconceito por ter falado contra a homossexualidade em uma homilia em 2023.

A denúncia foi feita no dia 5 de setembro pela Promotoria de Investigação Penal de Nova Friburgo à 2ª Vara Criminal do município. O Ministério Público pede uma indenização por danos coletivos de R$ 50 mil, que seriam repassados a uma instituição ligada à direitos de homossexuais.

O caso aconteceu em 30 de abril de 2023, durante uma missa de sétimo dia na capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, em Nova Friburgo. O ator Bernardo Dugin disse em um vídeo publicado em suas redes sociais na época que tinha ido à 151ª Delegacia de Polícia de Nova Friburgo e feito “um registro de ocorrência contra um crime”. O ator acusou o padre Antônio Carlos dos Santos de ter proferido “um discurso de ódio, discurso homofóbico”.

Segundo o ator, na homilia, o sacerdote disse que “o demônio está entrando na casa das pessoas de diferentes formas para destruir as famílias na representação da união de pessoas do mesmo sexo, homem com homem, mulher com mulher”.

Na época da denúncia feita pelo ator, o bispo de Nova Friburgo, dom Luiz Antonio Lopes Ricci, disse por meio de nota, publicada em 2 de maio de 2023, que lamentava “profundamente o ocorrido com o ator Bernardo Dugin”. Ele pediu “perdão às pessoas que se sentiram ofendidas” e reafirmou “aquilo que é recorrente nas orientações do bispo para os padres e leigos: misericórdia, respeito, diálogo, tolerância e reconciliação”.

No dia seguinte, foi publicada nas redes sociais da diocese uma nota do padre Antônio Carlos dos Santos, em que disse que não teve “o intuito de ofender nenhuma classe ou pessoa” e, “de antemão” se desculpou “por eventual interpretação que se tenha dado a essas falas”.

“Quem me conhece sabe que minha missão como sacerdote católico é professar a verdade do evangelho e doutrina da Igreja, de forma literal como escrito na Bíblia e no catecismo. Reitero meu compromisso com a sociedade, sem distinção de raça, etnia, cor ou orientação sexual, pois entendo que somos todos iguais aos olhos de Deus, sendo certo que meu papel é proclamar o mandamento da caridade, respeito, misericórdia e tolerância”, disse.

Por fim, colocou-se a disposição “para uma abertura de diálogo amigável”.

O que a Igreja Católica diz sobre homossexualidade

A doutrina católica sobre homossexualidade está resumida em três artigos do Catecismo da Igreja Católica: 2.357 A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua génese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves a Tradição sempre declarou que «os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados». São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados.

2.358. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação, Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.

2.359. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã.