10 de Maio de 2025 às 12:04

Novo Papa destaca serviço à humanidade, inspiração em Leão XIII e desafios da inteligência artificial em encontro com cardeais

Durante encontro com o Colégio Cardinalício, o Papa destacou temas como o ministério petrino, a missão da Igreja e a escolha de seu nome.

Fonte: Notícias Canção Nova com Boletim da Santa Sé foto:  Vatican News/Youtube

O Papa Leão XIV encontrou-se neste sábado, 10, com os cardeais no Vaticano. Entre os temas abordados, falou sobre o ministério petrino e o serviço da Igreja à humanidade, destacou pontos que considera importantes no caminho a ser trilhado e explicou a escolha do seu nome.

Ao iniciar sua fala, o Pontífice convidou os presentes à oração, rezando o Pai Nosso e a Ave Maria em latim. Na sequência, explicou que o encontro se dividiria em duas partes, começando com uma reflexão e seguindo para uma momento de partilha com o Colégio Cardinalício a fim de ouvir conselhos, sugestões e propostas.

Na primeira parte da reunião, o Santo Padre agradeceu a todos, enfatizando a responsabilidade que tiveram diante da morte do Papa Francisco e da realização do Conclave. Ele afirmou que os cardeais são os colaboradores mais próximos do Pontífice, configurando-se como uma recordação de Deus que, ao confiar-lhe essa missão, não o deixará carregar sozinho tal responsabilidade.

Leão XIV destacou que o Papa é um humilde servo de Deus e dos irmãos. Ao recordar seus predecessores, ele sublinhou sua “preciosa herança” e exortou os cardeais a retomar o caminho, animados pela mesma esperança que vem da fé.

“É o Ressuscitado, presente no meio de nós, que protege e guia a Igreja e que continua a reavivá-la na esperança, através do amor «derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5)”, declarou. Diante disso, cabe a cada um tornar-se um ouvinte dócil da voz do Senhor e ministro fiel dos Seus desígnios de salvação.

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Em seguida, falou sobre o Povo de Deus, cuja beleza e força foi testemunhada nos últimos dias. “Vimos qual é a verdadeira grandeza da Igreja, que vive na variedade dos seus membros unidos à única Cabeça, que é Cristo, «Pastor e Guarda» (1Pd 2, 25) das nossas almas”, expressou o Pontífice.

Segundo o Santo Padre, a Igreja é, ao mesmo tempo, o seio onde os cardeais foram gerados e o campo que lhes foi confiado para cuidar e cultivar. Ele pontuou que, alimentado pelos Sacramentos da salvação e fecundados com a semente da Palavra, o Povo de Deus caminha firme na concórdia e entusiasta na missão.

Neste contexto, o Papa convidou os cardeais a renovarem a plena adesão a este caminho, citando o Concílio Vaticano II e a Exortação Apostólica Evangelii gaudium sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, escrita por Francisco. Entre alguns pontos fundamentais, Leão XIV destacou o regresso ao primado de Cristo no anúncio, a conversão missionária de toda a comunidade cristã, o crescimento na colegialidade e na sinodalidade, a atenção ao sensus fidei, o cuidado amoroso com os marginalizados e os excluídos e o diálogo corajoso e confiante com o mundo contemporâneo.

“Trata-se de princípios do Evangelho que sempre animaram e inspiraram a vida e o agir da Família de Deus, valores através dos quais o rosto misericordioso do Pai se revelou e continua a revelar-se no Filho feito homem, última esperança de quem procura com sinceridade a verdade, a justiça, a paz e a fraternidade”, afirmou.

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Chamado a seguir nessa linha, o Pontífice explicou a escolha do nome Leão XIV. Entre várias razões, a principal é a abordagem da questão social pelo Papa Leão XIII na Encíclica Rerum novarum sobre a condição dos operários. “Hoje, a Igreja oferece a todos a riqueza de sua doutrina social para responder a outra revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho”, sinalizou.

Por fim, o Santo Padre recordou São Paulo VI, que no início de seu pontificado expressou o desejo de que “passe pelo mundo inteiro, como uma grande chama de fé e de amor que inflame todos os homens de boa vontade, ilumine os caminhos da colaboração recíproca e atraia sobre a humanidade, agora e sempre, a abundância das divinas complacências, a própria força de Deus, sem a ajuda de quem nada é válido, nada é santo”.

“Sejam esses também os nossos sentimentos, a serem traduzidos em oração e empenho, com a ajuda do Senhor”, concluiu Leão XIV.