Fonte: ACI Digital foto e vídeo Vaticano News
O papa Francisco disse na entrevista durante o voo que o levou da Eslováquia a Roma que “o aborto é um homicídio”. “Sem meias palavras, quem faz um aborto, mata”, disse Francisco.
O papa respondia a uma pergunta de Gerard O’Connell, correspondente no Vaticano da America Magazine, revista dos jesuítas americanos, sobre a possibilidade de recusar a comunhão a políticos católicos que defendem o aborto, como o presidente dos EUA, Joe Biden. Os bispos americanos vêm discutindo a questão e o episcopado está dividido sobre como agir.
“Peguem qualquer livro de embriologia desses que estudam os estudantes nas faculdades de medicina”, disse o papa. “Na terceira semana depois da concepção, muitas vezes antes que a mãe se dê conta, todos os órgãos estão já ali. Todos, também o DNA. Não é uma pessoa, é uma vida humana, ponto. Essa vida humana é respeitada. Esse princípio e claro assim”.
Para o papa, cientificamente o bebê no útero é uma vida humana. “É justo jogá-la fora para resolver um problema? E por isso a Igreja é dura assim nessa discussão porque é um pouco como se aceitasse isso, se aceitasse um homicídio cotidiano”, disse.
Sobre quem está fora da comunidade, Francisco afirmou que não pode comungar, mas isso não é um castigo. “A comunhão é unir-se à comunidade. Mas o problema não é um problema teológico, porque esse é simples. O problema é um problema pastoral: como nós, bispos, gerimos pastoralmente esse princípio”. Segundo o papa, a história da Igreja mostra que “toda vez que os bispos geriram não como pastores um problema se puseram na vida política, no problema político”.
Depois de citar santa Joana D’Arc, queimada como bruxa, e Girolamo Savonarola, morto em Florença no século XV, o papa disse perguntou: “O que deve fazer o pastor?” “Ser pastor”, respondeu. “Não sair condenando, não condenando-se, mas ser pastor. Mas é pastor também dos excomungados? Sim, é o pastor”.
Segundo o papa Francisco, o pastor deve sê-lo no estilo de Deus que é feito de proximidade, compaixão e ternura. “Proximidade, já no Deuteronômio se diz a Israel que povo tem deuses tão próximos como tu tens? Compaixão: o Senhor tem compaixão de nós. Leiamos Ezequiel, leiamos Oséias, já no início. E ternura, basta olhar o Evangelho e as coisas de Jesus”.
O jornalista da revista jesuíta perguntou diretamente se o papa já havia recusado alguma vez a Eucaristia.
“Nunca recusei a Eucaristia a ninguém”, disse o papa. “Mas nunca estive consciente de ter diante de mim uma pessoa como o senhor descreve. Isso é verdade”. O papa contou que a énica vez que sabe ter dado a comunhão a uma pessoa que não estava apta a recebê-la foi “uma coisa simpática.”
“Foi quando fui rezar missa em uma casa de repouso”, disse Francisco. “Estávamos no salão e eu disse: quem quer comungar levante mão. E todos, eram velhinhos, levantaram a mão e dei a comunhão a uma senhora, ela pegou a minha mão e disse: Obrigada padre, sou judia.” Os que não fazem parte da comunidade católica não podem receber a comunhão. “Como essa senhora judia”, disse o papa, “mas o Senhor quis premiá-la sem que eu soubesse”.
Em seguida, o papa retomou uma tese sobre a qual já falou: “A comunhão não é um prêmio para os perfeitos, a comunhão é um dom, um presente, a presença de Jesus na sua Igreja, é na comunidade. Essa é a teologia”.