O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) cumpriu na manhã desta sexta-feira, 13, em uma residência em Goiânia (GO), mandado de busca e apreensão no âmbito da operação “Claviger”, que investiga organização criminosa voltada à aplicação de golpes por meio de anúncios fraudulentos de aluguel de imóveis em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Com intuito de conferir credibilidade aos crimes e despertar confiança nas vítimas, os criminosos utilizavam plataformas digitais para publicar os anúncios e um perfil falso do WhatsApp com a foto do comandante-geral da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).
De acordo com o Gaeciber os golpes começaram em maio deste ano e as investigações também. Os valores arrecadados pelos criminosos e o número de vítimas do golpe ainda não foram revelados.
A investigação identificou vítimas na região de Uberlândia, com registros policiais tanto de tentativas quanto de estelionatos consumados. O esquema, segundo o Gaeciber, revela características típicas de organizações criminosas bem estruturadas, com divisão de tarefas, uso de recursos tecnológicos e atuação em vários estados brasileiros.
Durante a operação foram apreendidos dispositivos eletrônicos que posteriormente serão periciados.
Além da Promotoria de Justiça de Combate ao Crime Organizado de Uberlândia, participaram da operação o Grupo de Atuação Especial de Combate aos Crimes Cibernéticos (Gaeciber), do MPMG, com apoio do CyberGaeco, do Ministério Público de Goiás, e da Polícia Militar daquele estado.
Como os criminosos agiam
De acordo com as investigações, a organização criminosa é especializada na publicação de anúncios falsos em plataformas digitais. Os criminosos publicavam anúncios de aluguel de imóveis em Uberlândia com valores atrativos e disponibilizavam contato via WhatsApp, utilizando indevidamente a imagem do comandante-geral da PMMG como foto de perfil. Para justificar a impossibilidade de mostrar o imóvel pessoalmente, os criminosos alegavam estar "de plantão" no serviço militar, prometendo às vítimas a entrega da chave do suposto imóvel no Batalhão da PMMG, criando um cenário verossímil que induzia os interessados a acreditar na legitimidade da oferta.
Após conquistar a confiança das vítimas, os criminosos solicitavam pagamento antecipado de valores, via PIX, como "sinal" para reserva do imóvel e posterior entrega das chaves. Depois de realizada a transferência os anúncios eram excluídos das plataformas digitais.
O Gaeciber destaca que a operação exemplifica a eficácia da estratégia de integração entre MPMG e as Polícias Civil e Militar na resposta coordenada aos crimes cibernéticos. Além disso, repudia veementemente o uso indevido da imagem de autoridades para a prática de crimes, conduta que transcende o prejuízo às vítimas diretas e atenta contra a credibilidade das instituições públicas e a confiança que a população deposita nas forças de segurança e no Estado.
Ainda segundo o Gaeciber, a operação “Claviger” demonstra que tal prática configura não apenas crime contra o patrimônio, mas também violação aos direitos de personalidade e desrespeito aos símbolos de autoridade do Estado.
A denominação "Claviger", termo latino que significa "portador de chaves", foi escolhida em referência direta ao “modus operandi” dos criminosos, que prometiam às vítimas a entrega de chaves de imóveis inexistentes ou indisponíveis. O nome também simboliza o trabalho investigativo do Gaeciber em "abrir" as camadas de ocultação digital utilizadas pelos criminosos para mascarar suas identidades e atividades ilícitas.
Como se proteger de golpes
Diante do modus operandi dos golpes digitais revelados na operação “Claviger”, o MPMG orienta a população sobre medidas essenciais de proteção:
- desconfie de anúncios com preços significativamente abaixo do valor de mercado, pois ofertas “imperdíveis” frequentemente mascaram tentativas de fraude;
- exija e faça visita presencial ao imóvel antes de qualquer pagamento, já que criminosos costumam criar justificativas elaboradas para evitar encontros presenciais;
- tenha especial atenção a solicitações de pagamentos via PIX sem confirmação inequívoca da identidade do recebedor, modalidade preferencial dos criminosos pela rapidez e dificuldade de bloqueio e rastreamento dos valores;
- quando o anunciante apresentar perfil de autoridade pública ou militar, recomenda-se verificação adicional através dos canais oficiais das instituições mencionadas, eis que criminosos exploram o respeito e confiança que a população deposita em agentes públicos, utilizando essa credibilidade como instrumento de persuasão fraudulenta;
- verifique criteriosamente a documentação do proprietário e do imóvel, solicitando e conferindo documentos originais;
- verifique a regularidade do imóvel junto aos órgãos competentes;
- não realize pagamentos antecipados baseados apenas na promessa de entrega posterior de chaves ou documentos.
Canais de denúncia
Vítimas ou pessoas com informações sobre crimes similares podem procurar a Polícia Militar ou a Polícia Civil mais próxima, utilizar o Disque-Denúncia (número 181), bem como contatar diretamente o Ministério Público de Minas Gerais, por meio da Promotoria de Justiça local ou dos canais da Ouvidoria do MPMG, pelo número 127.
Sobre o Gaeciber
O Grupo de Atuação Especial de Combate aos Crimes Cibernéticos (Gaeciber) constitui estratégia de segurança pública que integra as forças de segurança do Estado de Minas Gerais, PMMG e PCMG, através da coordenação do MPMG. O órgão é composto por promotores de Justiça, policiais civis e militares especialmente capacitados, todos trabalhando de forma integrada no combate aos crimes cibernéticos, atuando na prevenção, investigação e repressão de condutas criminosas praticadas através de meios digitais, com foco na proteção da sociedade e na responsabilização dos criminosos.
Sua estrutura híbrida permite combinar a expertise investigativa das polícias com a capacidade de coordenação e persecução penal do Ministério Público, criando uma resposta mais efetiva aos crimes cibernéticos. A presença de policiais civis e militares lotados diretamente no órgão garante agilidade operacional e integração entre as diferentes corporações de segurança pública, otimizando recursos e conhecimentos especializados no combate a condutas criminosas praticadas através de meios digitais.
Fonte: MPMG
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