Fonte: ACI Digital Walter Sánchez Silva | ACI Prensa foto: Diocese de Matagalpa
O Parlamento Europeu aprovou uma resolução exigindo que o governo do presidente Daniel Ortega, ex-guerrilheiro de esquerda que soma 29 anos no poder da Nicarágua, liberte o bispo Rolando Álvarez, que está em prisão domiciliar desde 19 de agosto.
A resolução foi aprovada por 538 votos a favor, 16 contra e 28 abstenções, segundo nota publicada hoje (15) pelo Parlamento Europeu.
A resolução exige que o "regime nicaraguense restabeleça o pleno respeito por todos os direitos humanos, incluindo a liberdade de expressão, de religião e de crença".
“Os processos judiciais e as penas impostas ao bispo Rolando Álvarez e outras vítimas de detenção arbitrária devem ser anulados”, diz a resolução.
Esta é a sexta resolução emitida sobre a Nicarágua. Nela, o Parlamento Europeu lamenta "a deterioração contínua da situação na Nicarágua e a escalada da repressão contra a Igreja Católica, personalidades da oposição, a sociedade civil, defensores dos direitos humanos, jornalistas, camponeses, estudantes e povos indígenas”, também denuncia a “detenção arbitrária apenas pelo fato de exercerem as suas liberdades fundamentais”.
O Parlamento manifesta ainda a sua preocupação com a situação dos “mais de 206 presos políticos detidos na Nicarágua desde abril de 2018” e denuncia o tratamento cruel e desumano de que são vítimas.
Também diz que a situação atual “justifica que a ONU inicie uma investigação formal sobre a Nicarágua e Daniel Ortega por crimes contra a humanidade através do Tribunal Penal Internacional”.
A resolução exige que seja acionada a cláusula democrática do Acordo de Associação entre a União Europeia e a América Central.
Desde que, em 19 de agosto, foi posto em prisão domiciliar na casa de seus pais em Manágua, não há notícias sobre o bispo Rolando Álvarez. O último tuíte que escreveu, pouco antes de ser preso, foi: "Cuidemos de usar o vestido festivo no Reino de Deus".
A perseguição à Igreja na Nicarágua também atingiu as Missionárias da Caridade, congregação fundada por madre Teresa de Calcutá. Elas foram expulsas do país em julho deste ano.
O padre Oscar Benavidez, da diocese de Siuna, o padre Ramiro Tijerino, o padre José Luis Diaz, o padre Sadiel Eugarrios e o padre Raúl González estão na prisão de El Chipote, em Manágua, conhecida como centro de tortura dos adversários do regime sandinista no poder na Nicarágua.
Também os seminaristas Darvin Leyva e Melquín Sequeira, e o cinegrafista Sergio Cárdenas, da diocese de Matagalpa, estão em El Chipote.
Com exceção de padre Benavidez, todos os outros foram presos na madrugada de sexta-feira, 19 de agosto, na cúria episcopal de Matagalpa, quando a polícia prendeu dom Rolando Álvarez.