21 de Março de 2025 às 08:53

Polícia Civil indicia suspeito de matar biomédica a golpes de canivete em clínica de estética.

Investigações revelam que o crime foi premeditado e que o suspeito tinha a intenção de fugir do país após cometer o homicídio.

Com informações da Polícia Civil fotos: PCMG e rede sociais/divulgação

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu o inquérito que apurou a morte da biomédica  Miqueias Nunes de Oliveira de 33 anos, dentro de uma clínica de estética em Ibirité, Região Metropolitana de Belo Horizonte. O ex-marido da vítima, um homem de 42 anos, foi preso em flagrante e indiciado por feminicídio e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, com numeração suprimida. LEIA AQUI

Segundo levantamentos, o crime ocorreu na tarde do último dia 10 de março, dentro da clínica de estética em que a vítima trabalhava. Ele chegou a conversar com a ex, antes de atingi-la com nove golpes de canivete. A vítima não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

Ao presenciarem o crime, as pessoas que estavam na clínica fugiram em busca de socorro, ocasião em que uma delas compareceu à 2ª Delegacia de Polícia em Ibirité e informou aos policiais sobre o ocorrido. Outra pessoa, ao sair da clínica, trancou o portão, o que impediu a fuga do suspeito.

Como não conseguiu sair do local, o investigado passou a se ferir com o canivete e em seguida deitou-se ao lado do corpo da vítima, momento em que foi preso em flagrante.

Motivação

As investigações apontam que a vítima foi casada com o suspeito por aproximadamente cinco anos, até que se separou dele ao final de 2024. Após o rompimento, o homem passou a procurar incessantemente pela vítima no intuito de reatar a relação, mas a mulher recusava.

Ainda segundo apurado, o indiciado também teria descoberto que a vítima estaria em um novo relacionamento, reforçando sua decisão com base no sentimento de posse que mantinha sobre a ex.

Prisão e apreensão

Após ser comunicado do crime, o titular da 2ª Delegacia em Ibirité, delegado Gabriel Martins Araújo, acionou a equipe da Delegacia Especializada de Homicídios (DEH) na cidade, que imediatamente se dirigiu ao local.

Chegando à clínica, os policiais autuaram o investigado e constataram que ele apresentava diversos ferimentos pelo corpo. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e enquanto aguardava pelo socorro, o homem contou à equipe da PCMG a motivação e a dinâmica do crime.

O suspeito relatou ainda que, após matar a vítima, teria tentado tirar a própria vida com o canivete, contudo, não conseguiu. O preso afirmou também que mantinha uma arma de fogo de uso restrito em sua residência, motivo pelo qual uma equipe policial compareceu ao apartamento do indiciado e localizou uma pistola calibre 9mm com numeração suprimida.

"Ele nos disse que a intenção era atrair a vítima até a residência do casal, e lá iria matá-la com a arma de fogo e em seguida cometer suicídio. Ele tentou convencê-la a acompanhá-lo até o apartamento, mas ela estava atendendo uma cliente, e diante da recusa, ele optou por matá-la ali mesmo, com o canivete", explicou o delegado Welington Martins Faria, responsável pela DEH.

Na ocasião, também foram apreendidas no imóvel munições 9mm e 32mm; uma carteira contendo certa quantia em dinheiro e documentos pessoais do suspeito; um veículo; o celular do suspeito; um celular de propriedade da vítima e um notebook, também de propriedade da vítima.

O canivete utilizado no crime foi recolhido no local dos fatos.

Investigações

Por meio da análise de câmeras de segurança, depoimentos prestados e perícia nos celulares, os policiais constataram que o indiciado teria mentido quanto à intenção de cometer suicídio, e que o intuito seria fugir, mesmo que tivesse conseguido atrair a vítima para o apartamento.

Segundo o delegado Gabriel Araújo, o crime foi premeditado. "Tanto que ele não adquiriu uma arma legal, adquiriu uma com numeração raspada. Ele não queria deixar vestígio, não queria deixar rastros, queria dificultar toda e qualquer investigação. Ele é caminhoneiro, iria ‘ganhar’ o Brasil e sumir", detalhou Araújo.

"A prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva, e ele se encontra ainda internado no hospital, sob escolta policial", concluiu Faria.

Feminicídio

O delegado Gabriel Araújo explicou que no feminicídio o homem não enxerga a mulher como um ser humano de direitos, mas sim como propriedade. “Ele não aceita nada que fuja do que ele determinou de como ela deve se comportar, o que leva ao crime de feminicídio; um crime que, nesse caso, foi premeditado”, exemplificou.

De acordo com Welington, "A vítima não tinha nenhuma medida protetiva solicitada e nenhuma ocorrência feita contra o suspeito. No entanto, durante as oitivas, tivemos conhecimento de que quando ela manifestou desejo em se separar, ele teria afirmado, em uma discussão, que caso ela prosseguisse com esse intuito, ele a mataria".

Gabriel ainda reforçou: "É aquela coisa que falamos toda vez que apresentamos um caso de feminicídio: a pessoa não deve pagar para ver. No primeiro sinal de ameaça, seja psicológica ou física, tem que registrar ocorrência, solicitar medida protetiva e buscar, sim, a proteção do Estado".