4 de Março de 2022 às 10:35

Preciso tomar a vacina da influenza este ano se tomei no final do ano passado? Especialistas respondem

Como o vírus da influenza sofre mutações sazonais, uma nova vacina é formulada a cada ano e é oferecida ao PNI

 

Fonte: Instituto  Butantan  Foto: Arquivo/Gilberto Marques/Governo do Estado de São Paulo

A nova vacina contra gripe já foi enviada pelo Instituto Butantan ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), o que pode antecipar a campanha de vacinação de 2022. Para quem tomou o imunizante no fim do ano passado, devido ao surto de gripe fora de época, fica a dúvida se deve se imunizar novamente. E a resposta é sim, porque a vacina deste ano é diferente da oferecida em 2021.

O vírus da influenza sofre mutações todos os anos e, justamente por isso, as vacinas também são diferentes a cada campanha vacinal, explica a imunologista Denise Tambourgi, liderança científica do Instituto Butantan.

“Com certeza temos que nos vacinar novamente porque os vírus mudam, são sazonais. São variantes que surgem todos os anos e, por isso, a gente toma novas vacinas a cada ano”, afirma.

“Às vezes muda uma ou outra cepa que compõe a mistura vacinal, não todas. Mas no geral, a vacina de influenza é alterada, e a nova cepa é incluída na mistura. Por isso, com certeza, temos que tomar a vacina de novo para nos protegermos da próxima onda em 2022”, completa a imunologista.

Vários estados brasileiros sofreram com um surto de gripe H3N2, um subtipo do vírus influenza A conhecido como Darwin, que causou uma corrida pela vacina nos últimos meses de 2021, principalmente entre as pessoas que tinham deixado de se imunizar na campanha do ano anterior. 

Como é a vacina da gripe de 2022

A vacina entregue antecipadamente pelo Butantan é trivalente, composta pelos vírus H1N1, cepa B e H3N2, do subtipo Darwin, o que causou os surtos localizados.

Segundo o gerente de produção da vacina da influenza do Butantan, Douglas Gonçalves de Macedo, o instituto trabalha para entregar 80 milhões de doses para a campanha de vacinação contra a gripe até abril.

“A vacina é 100% nacional, feita totalmente aqui no Butantan. Como isso, temos capacidade de fazer duas grandes entregas, 40 milhões no fim de março e os outros 40 milhões até final de abril, mas estamos trabalhando para antecipar isso também”, afirmou Douglas.

Como a influenza é sazonal, o imunizante é modificado a cada ano, baseado nos três subtipos do vírus influenza que mais circularam no último ano no hemisfério Sul monitorados e indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os imunizantes são atualizados e usados em campanhas de vacinação anuais – geralmente realizadas antes do inverno, quando aumentam os casos de gripe.

Em 2021, o instituto enviou 80 milhões de doses da vacina da influenza ao governo federal, que as disponibilizou gratuitamente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) aos públicos mais vulneráveis à doença (crianças, trabalhadores na saúde, gestantes, puérperas, indígenas e idosos, entre outros).

A campanha de vacinação contra a influenza começou em abril de 2021 e se estendeu até setembro diante da baixa adesão: 72,1% do público-alvo foi vacinado, quando a meta era ter 90% de cada população prioritária vacinada, segundo dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), do Ministério da Saúde. 

Essa baixa adesão é, inclusive, uma das possíveis causas do surto fora de época. “As doenças respiratórias se proliferaram principalmente em quem não tomou a vacina. Imagino que a baixa adesão vacinal para a campanha da influenza tenha causado impacto neste surto fora de hora e, como as pessoas começaram a sair mais, a diminuir o uso de máscaras e o distanciamento, o contágio foi certo”, ressaltou Denise.