1 de Setembro de 2017 às 14:07

Queda nas dívidas e maior poder de compra alavancam gastos pessoais

Consumo das famílias puxou resultado do PIB no 2º trimestre

A retomada do consumo das famílias, principal responsável pelo crescimento da economia no segundo trimestre de 2017, só foi possível porque a inflação e os juros caíram, assim como o nível de endividamento, segundo economistas ouvidos pelo R7.

Responsável por 60% do PIB (Produto Interno Bruto), o gasto das famílias com bens e serviços caiu por 27 meses seguidos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), até a alta do trimestre passado.

Outro fator decisivo para a reversão desse cenário foi a liberação dos recursos do FGTS, lembra o economista Júlio Miragaya, presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia).

— Mesmo uma grande parte desses recursos indo para o pagamento de dívidas, pelo menos uns R$ 20 bilhões foram direcionados para o consumo. Isso tem um impacto relevante no trimestre. A questão é que não vai ter um impacto no terceiro trimestre. 

O pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Leonardo Mello de Carvalho afirma que há um caminho mais tranquilo para as famílias voltarem a gastar, ainda que de forma modesta.

— Apesar de esse recurso de FGTS já ter sido extinto, você tem a questão da flexibilização da política monetária, ou seja, a redução dos juros, que tende a continuar. Isso não só barateia as concessões de crédito como também desencadeia um efeito de negociação de dívida passada. As pessoas têm possibilidade de chegar no banco e trocar dívida velha por dívida nova mais barata.

Segundo ele, quem está empregado já não teme mais tanto o desemprego, o que acaba estimulando também o aumento da confiança para a tomada de crédito.

Dívidas mais baixas e retomada do emprego

O nível de endividamento das famílias está na casa de 20% (excluindo o crédito habitacional), um dos menores patamares desde 2011. Esse é outro fator que alivia o orçamento para gastos com bens e serviços.

Ontem, o IBGE divulgou dados do desemprego que mostram uma leve queda do nível de desocupação. Mesmo assim, o País ainda tem 13,3 milhões de pessoas em busca de emprego.

Para o pesquisador do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) Marcel Balassiano, esse componente ainda é fundamental para que as pessoas voltem a gastar.

— São duas variáveis que interessam para a população: inflação e emprego. O emprego é ainda mais importante que a inflação.

A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, cita a queda da inflação.

— O salário real está crescendo, com a forte desaceleração da inflação. O aumento do salário real mais que compensou a queda na ocupação.

Na avaliação dos economistas, o segundo semestre ainda deverá ter um incremento na renda com a liberação do PIS/Pasep e da restituição do Imposto de Renda — porém, com menor efeito do que o saque das contas inativas do FGTS. 

Fonte: R7


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