14 de Junho de 2014 às 09:07

Traumatismos dentários são frequentes na infância e adolescência: Como Evitar e Primeiros socorros

Colaboração: Drª Maria Goreti Marchesoti - Odontologia para crianças, bebês e adolescentes CRO-MG16293

É durante a infância que as crianças desenvolvem e amplificam suas habilidades motoras, cognitivas e sensoriais aprendendo a andar, correr, pular, brincar, nadar, jogar bola e andar de bicicleta. Nesse aprendizado é comum que elas fiquem vulneráveis a muitos tombos, quedas e colisões e acabem batendo a boca e os dentes. Por isso, é importante que os pais saibam como se prevenir dos perigos e como proceder no caso de um traumatismo dentário.

Cuidados simples dos adultos que supervisionam as atividades das crianças podem evitar muitos acidentes como: ser mais cauteloso com os que estão aprendendo a andar, pedir à criança que use a escada para entrar e sair da piscina, evitar andar e/ou correr descalço com meias ou em chão molhado, usar capacetes e protetores bucais para prática de esportes de risco, não andar e/ou correr com objetos na boca como mamadeira, copo, caneta, escova de dente, brinquedo e usar sempre a cadeirinha ou assento (de acordo com a idade da criança) além do cinto de segurança quando estiver no carro. 

Alguns cuidados são específicos para cada idade:

De 0 a 6 meses o acidente mais comum é a queda do bebê conforto, do colo, cama ou trocador, pois o bebê depende totalmente do adulto, mas se movimenta para os lados e para frente e segura pequenos objetos; então berços e cercadinhos são lugares mais seguros, devendo também evitar que o bebê conforto fique em superfícies elevadas.

De 7 a 11 meses começam a engatinhar e apresentam atividade motora mais ativa; já conseguem ficar sentados e dão os primeiros passos, já possuem dentes e levam objetos à boca. É importante evitar brinquedos com pontas ou arestas que possam machucar a boca ou quebrar os dentes.

Com 1 ano  está mais susceptível a quedas da própria altura e choques com objetos fixos, pois o bebê anda com mais facilidade, ainda não tem coordenação motora suficiente e nem reflexo de proteção estabelecido, por isso o uso de andadores não é recomendado.

Aos 2 anos é comum quedas em escadas, móveis perto de janelas e objetos que estejam ao alcance porque nesta fase sobem e descem escadas, abrem gavetas, chutam bola e buscam objetos com as mãos. Faz-se necessário o uso de portões de segurança em escadas, e protetores de quina para móveis que não tenham pontas arredondadas.

No período de 3 e 4 anos o mundo social e a atividade motora cresce e elas correm, pulam e saltam; os acidentes por queda e colisões aumentam em virtude de brincadeiras e jogos com outras crianças. É interessante observar se os cordões dos sapatos estão atados e dar preferência a piso antiderrapante.

Dos 5 a 9 anos eles ficam mais independentes dos adultos apresentando mais energia para correr e escalar os lugares. O contato físico fica mais intenso e nesta fase geralmente, as crianças iniciam a prática esportiva, gostam de andar de bicicleta, patins, skate, o que favorece quedas mais perigosas. É importante usar roupas adequadas e protetores.

Dos 10 aos 12 anos as atividades físicas ficam mais intensas as crianças ficam grande parte do tempo fora de casa aumentando o risco de traumatismo na prática de esporte e brincadeiras agressivas. Os pais devem orientar a criança a não empurrar ou assustar colegas que estiverem com objetos de qualquer natureza próxima à boca, como instrumentos de sopro, garrafas e até bebedouros.

E se apesar das precauções, o traumatismo ocorreu, deve-se avaliar a extensão do dano e manter a calma. A criança já estará nervosa pela queda, e poderá ficar com ainda mais medo quando perceber sangue saindo pela boca. Cabe ao adulto dar segurança a ela. Esses episódios, infelizmente, são comuns, mas saiba que o traumatismo dental envolvendo a dentição de leite merece uma atenção especial, pois pode afetar os dentes permanentes em formação.

ATENÇÃO!!! TENHA SEMPRE O NÚMERO DO TELEFONE CELULAR DO ODONTOPEDIATRA DO SEU FILHO!!!
NESSES CASOS O ATENDIMENTO DEVE SER IMEDIATO E PRIORITÁRIO PORQUE EXISTEM DIVERSOS TIPOS DE TRAUMA E PARA CADA UM DELES UMA CONDUTA.

Realize os primeiros socorros:

  1. Lavar o local com água filtrada;

  2. Em casos de sangramento colocar gaze ou pano limpo e pressionar o local para parar o sangramento.

  3. Colocar gelo sempre envolvido em uma toalha para evitar queimaduras na pele.

  4. Tentar ver se há mobilidade em algum dente;

  5. Caso o dente tenha caído, achar o dente (ou fragmento) e colocar em um recipiente com soro fisiológico (em alguns casos é possível fazer a “colagem”). Pode acontecer de a criança engolir o dente e neste caso é preciso monitorar as fezes.

  6. O reimplante de dente de leite não é indicado; já em dentes permanentes ele pode ser realizado desde que certas medidas sejam tomadas: no caso de perda total do dente pegar o dente somente pela coroa. Não tocar na raiz; colocar o dente de volta no seu lugar (no alvéolo) na boca do acidentado. Observar que a parte côncava do dente é do lado de dentro da boca. Fazer morder uma gaze ou um pano limpo, para que o dente se mantenha na posição. Caso não seja possível colocar o dente em sua posição, deve-se mantê-lo em uma solução de soro fisiológico e procurar imediatamente um dentista.

  7. Não deixar que a criança faça bochechos, fique cuspindo e colocando a mão no local.

  8. A sucção de dedo, chupeta ou mamadeira deve ser evitada logo após o trauma, pois além de aumentar o sangramento ainda pode alterar o posicionamento dentário.

O traumatismo dentário pode ocasionar perdas dentais irreparáveis, tanto no momento do acidente como do decorrer do tratamento ou até mesmo anos após. Dessa forma, esta condição pode criar sérios danos estéticos, psicológicos, sociais além de produzir significativos custos. A busca tardia por cuidados  resulta na maioria das vezes num procedimento menos conservador e até na perda do elemento afetado, por isso é importante que o atendimento seja imediato e o controle (clínico e radiográfico) seja feito por um profissional.