Pérola. Vez por outra é descoberta alguma. Claro, de interesse à amada Patrocínio. Seja histórica, seja atualidade. Nessa edição, um passeio pelo tempo é promovido pelo Anuário Estatístico de Minas Gerais de 1955 (publicação oficial). Nele, entre inúmeras informações interessantes, estão o movimento aéreo (transporte de passageiros de Patrocínio) em 1953. O aeroporto patrocinense, conhecido pela então população de “Campo de Aviação”, era um dos mais movimentados do interior mineiro. Acredite! Houve transporte de mais de 5.000 passageiros por avião em 1953. Patrocínio também já era um dos líderes do leite, de lã (pele de ovelha), farinha de milho, e, “banha e outros produtos porcinos”. O charque também era destaque (carne bovina salgada e secada sob o sol). Patrocínio, humilde, não divulgava o seu poderio, naquele tempo.
|
AVIÃO GRANDE EM PATROCÍNIO – Em 1953, o Anuário registrou 277 viagens aéreas com 5.096 passageiros. A empresa era a Nacional. Na verdade, Transportes Aéreos Nacional. E a sua parceira, a outra empresa, era a Viabrás-Viação Aérea Brasil. A Nacional existiu no Brasil de 1946 a 1955. O tipo de avião era o DC-3, que pousava em pista de chão e capim. Como o antigo Campo de Aviação de Patrocínio. Situado na Av. Faria Pereira com a Rodovia para Belo Horizonte, pouco depois da estrada de ferro (à época Rede Mineira de Viação). Os aviões que pousavam em Patrocínio tinham capacidade para 21 a 32 passageiros. A Nacional tinha quatro aeronaves. E era a maior empresa servindo a Minas, depois vinha, em segundo lugar, a Panair.
|
O TRÂNSITO AÉREO EM PATROCÍNIO E REGIÃO – Em 1953, a Nacional fez 223 pousos em PTC, onde desembarcaram 2.008 passageiros, e, embarcaram 1.835. Já a outra empresa, Viabrás, no mesmo período (1953), fez 32 pousos, 135 passageiros desembarcados, e, 84 embarcados. Além dos passageiros, havia transporte de bagagem, carga e material do correio. Tudo medido em Kg. Para se ter ideia, foram transportados também 47.000kg de bagagem e quase 160.000kg de carga, em 1953. No ano anterior (1952), o movimento aéreo em Patrocínio foi menor, embora o movimento isolado da Viabrás foi maior (essa empresa entrou em decadência, após acidente fatal em Goiás, em 1953). Na região, Araguari tinha aeroporto movimentado (inclusive com VASP e Real). Araxá no mesmo patamar de Araguari. Monte Carmelo movimento pífio. Em Patos de Minas, o movimento aéreo era menor do que o de Patrocínio, com 3.400 passageiros.
|
UM POUCO DA HISTÓRIA AÉREA COMERCIAL DE PTC – De 1956 a 1961, a empresa Real Aerovias serviu a Patrocínio. Pois, ela adquiriu a Nacional e a Viabrás em 1955. A principal linha aérea era BH-Patrocínio. Existiam outras, para Uberaba (principalmente), Araguari, Uberlândia e Patos de Minas, conforme mostram os mapas de rotas, de então, da Nacional e Viabrás. O DC-3 possuía seis janelas de cada lado, velocidade “de cruzeiro” 310km/h e dois tripulantes. O escritório patrocinense da Nacional, depois Real, era na Praça Santa Luzia (hoje, tão maltratada pelos “caixotinhos” e “trailers”). Os voos eram praticamente diários de segunda-feira à sexta-feira.
|
PATROCÍNIO E SUA HIDROGRAFIA – Considerando Bacia Primária (as maiores do Brasil), Patrocínio pertence a do Rio Paraná. Isso acontece por meio de três bacias secundárias. Todas três desaguam no Rio Paranaíba, que com o Rio Grande, forma o Rio Paraná. Uma é a Bacia (secundária) do famoso Rio Dourados, que percorre quatro municípios: Patrocínio, Monte Carmelo, Coromandel e Abadia dos Dourados. A segunda Bacia (secundária) é a do Rio Araguari, que percorre diversos municípios, onde estão Araxá, Araguari e Patrocínio entre eles (o patrocinense Rio Quebra Anzol é afluente dele). E a terceira bacia é do Rio Bagagem, que abrange Monte Carmelo, Patrocínio e mais três municípios.
|
APENAS 26.000 HABITANTES – Em 1955, segundo o Anuário, o distrito (cidade) de Patrocínio tinha 14.951 habitantes. Que somados à população dos quatro distritos de então, totalizava a população municipal em 26.613 hab. Os distritos eram Brejo Bonito, Cruzeiro da Fortaleza, São João da Serra Negra, e, o maior e mais histórico de todos, Silvano (ex-Folhados) com os seus 5.574 hab.
|
NO AGRO JÁ TINHA “PINTA” DE LÍDER – Na pecuária, Patrocínio brilhava na quantidade produzida de “lã”. A produção de 2.000kg de lã colocou o Município em 3º lugar em Minas. Hoje, isso é apenas retrato amarelado na parede. Quanto ao “valor da produção de leite”, há 70 anos atrás, Patrocínio já mostrava as suas credenciais de um campeão do leite. Apenas quatro municípios possuíam valor do leite maiores do que o valor do leite patrocinense: os campeões de então, Juiz de Fora e Leopoldina, Gov. Valadares e Lima Duarte. Patrocínio produziu, em 1955, Cr$ 32,4 milhões (trinta e dois milhões, e, quatrocentos mil cruzeiros). O valor do leite de Patos de Minas era bem menor. Quanto à “Farinha de Milho”, a produção de Patrocínio era a 5ª maior de MG. E a maior do Triângulo, deixando Patos de Minas e todos os municípios da região para trás.
|
HAVIA DESTAQUE INDUSTRIAL – No que se refere à “Banha e outros produtos porcinos”, a qualidade do produto de Patrocínio posicionou o Município em 5º lugar no Estado, com quase Cr$ 18 milhões (de cruzeiros) de faturamento. E o charque patrocinense era um dos dez melhores de MG. Posição que durou vários anos.
|
OUTRAS CURIOSIDADES DE 1955 – A Rádio Difusora era uma das 76 emissoras em “ondas médias” do Estado, sediada na Praça Honorato Borges (onde havia até auditório). Pela Lei nº 1.292, em 6/9/1955, foi criada a estância hidromineral de Patrocínio, devido as águas minerais de Serra Negra e Salitre (essa nem existe mais). Hoje, mais um belo retrato na parede. É o famoso “lá tinha...”
([email protected]) *** Primeira Coluna também publicada pela Gazeta de Patrocínio, edição de 15/02/2025.