E.E.Dom Lustosa – Eterna e Moderna
No início da década de 1920 novas concepções religiosas chegavam em Patrocínio, isto gerou grande preocupação nas tradicionais famílias católicas que governavam a cidade.
Patrocínio naquela época pertencia a Diocese de Uberaba, Dom Antônio de Almeida Lustosa iniciou um processo para trazer padres da Congregação dos Sagrados Corações (de origem holandesa) para administrarem o Santuário Episcopal de Nossa Senhora d’Abadia de Água Suja (atual Romaria) e fundarem escolas católicas em Araguari e Patrocínio.
Durante uma visita em 1925, o bispo Dom Antônio de Almeida Lustosa, encontrou-se com famílias abastadas de Patrocínio, e imediatamente, se organizou uma comissão de que faziam parte os coronéis João Cândido de Aguiar, Elmiro Alves do Nascimento, Tobias Machado, Nelson Caixeta de Queiroz, José Pedro de Paiva e Joaquim Cardoso Naves, comissão esta que se comprometeu a conseguir o prédio para o futuro estabelecimento. O imóvel foi comprado da família do senhor Marciano Hilário Ferreira Pires, situado na Rua Afonso Pena. O prédio foi entregue em 11 de dezembro de 1926 e logo, a 17 de dezembro de 1926, os padres Gil Van Boogaart e Matias Van Rooij chegaram em Patrocínio.
A oligarquia patrocinense estava cada vez mais convencida da necessidade da educação de seus filhos. Empenhada em atender a necessidade de uma escola cristã, cuja filosofia de vida pudesse orientar os educandos nos caminhos da justiça e da verdade, levando-os a atingirem seu desenvolvimento integral, ela se encarregou de junto ao poder público municipal, viabilizar rapidamente a instalação do colégio.
No dia 20 de janeiro de 1927, foi aberto o período de matrículas para o futuro educandário masculino católico. O colégio recebeu o nome de “Dom Lustosa” em homenagem ao bispo da diocese de Uberaba Dom Antônio de Almeida Lustosa, que tanto atuou para que este sonho fosse concretizado.
O Colégio Dom Lustosa foi inaugurado em 15 de fevereiro de 1927. O ano letivo iniciou com 57 alunos, e a direção confiada ao Padre Matias. Sob o regime de internato, semi-internato e externato, logo o colégio encheu-se de alunos; e até das cidades, algumas bem distantes e de difícil acesso, aqui aportavam os jovens, sedentos de aprender e de aprimorar seus conhecimentos.
Idealizou-se a bandeira da escola: estampada em tecido branco, uma ave de asas abertas e a legenda “SUB UMBRA ALARUM TUARUM”, OU SEJA, “SOB A SOMBRA DAS TUAS “.
Após ser reconhecida a importância do Dom Lustosa pela região do Alto Paranaíba e do Triângulo Mineiro, e, ser glorificado pela Secretária do Interior do Governo de Minas, o desejo do Colégio Dom Lustosa passava a ser equiparar ao Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro (o melhor do país). Para isso, comitiva, sob a liderança do professor Alceu de Amorim rumou de trem para Belo Horizonte. E de lá, também por trem, para a capital federal (na época era a cidade do Rio de Janeiro). Isso nos dias 23 e 24 de janeiro de 1930.
Em março de 1930, Alceu de Amorim retornava ao Rio para continuar os entendimentos da equiparação. Em maio, Padre Matias van Rooij respondia o telegrama do Departamento Nacional do Ensino (DNE), aceitando todas as exigências desse DNE. Inclusive, depositando no Banco Mercantil do Rio de Janeiro a importância de nove contos de réis (9.000$). Uma fábula para uma entidade educacional. Todavia, o Colégio Dom Lustosa foi equiparado ao Colégio Pedro II, em 1930.
No decorrer dos anos 30, 40, 50 e 60 as conquistas se acentuaram. Mormente, as intelectuais. Mais padres holandeses de renome educacional e religioso passariam, e passaram, pela escola. Como também professores brasileiros, patrocinenses principalmente, que se tornaram indeléveis páginas da História de Patrocínio e região.
Em 1960 na gestão de Padre Venâncio, a congregação, alegando dificuldade em manter o Dom Lustosa, como outras escolas, achou por bem encerrar estas atividades, para se dedicar, especificamente, aos seminários e às paróquias. Em 1961 o colégio foi entregue à comunidade, que o adquiriu e, provisoriamente, passou à supervisão do Sr. Bispo da Diocese de Patos de Minas, à qual pertencia a paróquia de Patrocínio, até que se encontrasse a solução definitiva, sem danos para os alunos.
Nesta época de transição, dirigiram o D. Lustosa os padres: José Antônio, Prof. Franklin Botelho, designados pelo Sr. Bispos.
Em 1963, pela lei 2875 de 25.09.1975, passou a ser escola pública, conservando a mesma denominação, mudada, posteriormente para Escola Estadual Dom Lustosa.
Em 1964, a 1º de março, iniciaram-se as aulas sendo designado Diretor Olímpio Garcia Brandão.
Em 1967, criou-se o 2º grau (atual ensino médio), com o curso científico, como preparação para os exames vestibulares.
Após o processo de estadualização a E.E. Dom Lustosa continuou a destacar-se pela qualidade do ensino, pela disciplina, pelos seus grêmios literários, pelo desempenho em competições esportivas, pela sua famosa banda marcial (uma das melhores do interior mineiro), professores de excelência e alunos brilhantes.
Foram diretores durante essa nova fase:
A atual diretoria é composta pelo diretor Wender Rodrigo Ferreira e pelos vice-diretores: Tuilla Aparecida Ferreira Assis Vieira, Cristiane de Castro e Alessandro Henrique Teixeira. Tendo aproximadamente 90 professores, 8 auxiliares de secretária, 4 especialistas educacionais e 17 auxiliares de serviços básicos. Neste ano (2022) a escola tem aproximadamente 1050 alunos sendo distribuídos em 10 turmas de ensino fundamental, 21 turmas de ensino médio, 4 turma de ensino para jovens e adultos, 2 turmas de cursos técnicos (administração e Transações imobiliárias).
Escola Estadual Dom Lustosa é a mais tradicional escola de Patrocínio. E a cidade de Patrocínio se orgulha e tem conhecimento do bem que o Dom Lustosa proporcionou à sua gente, na formação de seus jovens, história esta que ficará gravada nos anais da própria história da cidade de Patrocínio.
Colaboração do Professor Cezar Vasconcelos Jeronimo - Fotos: acervo POL e Acervo Marelizio Cortes
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