15 de Janeiro de 2025 às 13:22

Jovem mineira é a única aluna de escola pública a tirar 1000 na redação do Enem 2024

A aluna compartilha sua surpresa com o resultado e agradece ao apoio de sua família e professores.

Fonte: Educação MG e Universidade Federal de Viçosa - UFV Foto: Reprodução/Instagram

A estudante Samille Leão Malta, de 19 anos, ex-aluna da Escola Estadual Nossa Senhora do Patrocínio, no município de Virginópolis, no Vale do Rio Doce, foi destaque ao tirar nota 1000, a máxima na redação do Enem 2024. Ela foi a única estudante de escola pública a conquistar a nota 1000 no país. Samille concluiu o ensino médio no Colégio de Aplicação (Coluni) da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Samille nasceu nos EUA, na cidade de Brockton, Massachusetts, mas é filha de pais brasileiros e, aos 7 anos, já estava em Virginópolis, uma cidade de pouco mais de 10 mil habitantes na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.

“Estou muito feliz e surpresa com o resultado. Sou grata a todos que me apoiaram ao longo do meu caminho de preparação: minha família, meus professores, meus amigos”, compartilha. Ela espera que essa nota a ajude a garantir uma vaga no curso de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), seu grande sonho.

No início, a aluna relatou que ficou em choque. “Mas esperei para ter certeza, por causa da instabilidade do site do Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira]. Vai que é um 'bug'. Só contei para a minha professora do cursinho de redação. Fiquei muito feliz.”

Para o secretário de Estado de Educação de Minas Gerais, Igor de Alvarenga, esse resultado é motivo de orgulho e motivação para continuar avançando. “Os estudantes mineiros mostraram sua dedicação e capacidade, alcançando resultados expressivos em um exame de relevância nacional, que influenciará diretamente o futuro profissional deles”, disse.

Segundo a Universidade Federal de Viçosa - UFV, que postou no site, Samille estava na academia na manhã de segunda-feira, 13/01/25, quando a mãe ligou dizendo: “Filha, você é nota mil”. A esperada nota do Enem havia sido divulgada. Samille tinha ido malhar justamente para conter a ansiedade do que viria. “Eu esperava ter ido bem, mas a nota máxima na redação foi uma surpresa para mim, porque sempre fui melhor em exatas”, disse a única estudante de uma escola pública do país a alcançar a nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024.

Em 2020, aos 16 anos, Samille Leão Malta saiu da pequena cidade de Virginópolis, no interior de Minas, para estudar no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (CAp-Coluni). “Era um sonho passar no Coluni, não apenas por ser a melhor escola pública do país, mas também pelos eventos, gincanas e jogos que eu conhecia pela fama”, lembrou Samille.

No Coluni, Samille fez “os melhores amigos da vida” e aprendeu a estudar de uma forma diferente. “O ambiente do colégio, por estar dentro de uma Universidade, transforma a maneira de vermos a rotina de estudos. Nós estudamos e aprendemos o tempo todo, não apenas na sala de aula, mas no dia a dia da escola, às vezes até sem perceber que estamos aprendendo”, afirma.

A redação nota mil foi resultado dessa imersão no mundo dos estudos. “Eu tinha dificuldades em me expressar, fiz cursinho de redação, aprendi as fórmulas, mas o que me valeu muito foi o conteúdo que aprendi nas aulas de história, geografia e outras matérias. Aprendi a sentir o tema, a refletir sobre ele e a ter senso crítico sobre as coisas da vida. Isso fez a diferença na minha redação”.

Foi relembrando as aulas de história sobre a escravidão dos negros no Brasil e a visão crítica sobre o racismo e os valores multiculturais, discutidos em muitas matérias, que Samille fechou o tema Desafios para a valorização da herança africana no Brasil, proposto para o Enem. “Infelizmente no Brasil as escolas não mostram que muitos de nossos hábitos vêm da cultura africana e nem os governos valorizam as tradições, as crenças e as manifestações artísticas da cultura negra”, escreveu na redação.

Com a nota mil obtida e um ótimo desempenho em outras matérias, Samille acredita que está muito perto de entrar para o tão sonhado curso de Medicina. “Ainda não sei onde vou estudar, vai depender das notas do Sisu, mas com certeza, será numa universidade pública tão boa quanto a UFV. Agora eu só posso dizer que estou muito feliz”, destacou Samille.

Para a diretora do CAp-Coluni, Alessandra Tostes, o desempenho da estudante Samille representa a valorização da escola e da universidade públicas como campos de atuação de uma equipe escolar comprometida a oferta de uma educação e um ensino a partir das realidades do país. “Referenciando nossa história, estimulamos os estudantes a desenvolverem habilidades e capacidades que contribuam para melhorar o mundo”, disse a diretora.