14 de Junho de 2015 às 16:48

O amor em plenitude

Sabemos que o verdadeiro amor é sempre objeto de afeto, somos feitos dessas relações. No entanto, estamos vivendo uma era desajustada, onde não há uma certeza plena do que seja o amor. O amor está em tudo, mas existem tipos de “amor”, ou até mesmo postura

Num mundo de dominação, injustiça e violência sempre surgem pessoas dispostas a superar barreiras e viver o amor em plenitude. Em nossa Igreja, conhecemos os testemunhos de mártires da nossa época como Dom Romero, Irmã Dorothy, e outros líderes que lutaram contra a opressão e discriminação.

Se formos refletir bem, a própria morte do Cristo é um sinal repleto de indagações.  O plano de Deus é amor pleno, e esse amor foi ao limite através do seu filho, Jesus Cristo. A missão que foi entregue pelo Pai é libertar todos da dominação, e revelar um Deus de amor e misericórdia. A morte de Jesus é consequência da sua fidelidade a seu projeto, que rompe com a lógica dos poderosos de seu tempo e transmite o amor acima de qualquer coisa.

Nessa linha, quando pensamos no amor, temos diversas formas de amar. O amor de mãe, o amor amigo, o amor de filho, o amor que vai além das aparências e descobre que somos seres de amor e para o amor.

Sabemos que o verdadeiro amor é sempre objeto de afeto, somos feitos dessas relações. No entanto, estamos vivendo uma era desajustada, onde não há uma certeza plena do que seja o amor. O amor está em tudo, mas existem tipos de “amor”, ou até mesmo posturas que negam essa total concepção do amor entre as pessoas.

Dentro da atual sociedade os mecanismos que alteram os nossos ideais, sonhos, passa pelo nosso querer. Ou seja, muitas vezes negligenciamos as escolhas de amor que fazemos e depois culpamos diversas pessoas pelos nossos próprios erros.  Não me coloco na atitude de que o amor entre as pessoas é algo perfeito, mas se Deus nos chama a vida uma plena, essa vida nasce do amor e no amor que ela deve permanecer.

O Papa Paulo VI em uma de suas encíclicas, disse que a salvação abrange a pessoa toda e todas as pessoas. É a vida plena, vida em abundância. Não somente no sentido espiritual, mas na nossa própria consciência de que somos filhos de um Deus amor.

No crescimento que tomamos como aprendizados vão entendendo as diversas formas que o amor pleno se manifesta.

Nas nossas limitações, desejos, temos a oportunidade de realizar uma autocrítica de nossos próprios atos de amor. Eu me amo? Amo a quem? Amo sem nada em troca? Ou só amo aquilo que me faz bem? Algumas dessas perguntas ajudam-nos a desvelar o quanto somos pequenos, aprendizes.  Não somos totalmente sábios, mas podemos descobrir um amor pleno a cada instante de nossas vidas.

Muitas vezes não compreendemos a importância do amor em nossa vida.  A grande poetisa Clarice Lispector dizia: “não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.” Assim, o amor em plenitude só vai ser plenamente vivido quando assumirmos um olhar, um gesto, um abraço, um beijo, uma luta por alguma causa que nos faça sair de si mesmo e ir ao encontro do outro, que só através do nosso viver que podemos ir além e descobrir o verdadeiro sentido do amor.