12 de Janeiro de 2020 às 19:44

Polícia Civil de Minas Gerais dá novos esclarecimentos sobre as investigações a respeito da síndrome nefroneural supostamente causado por dietilenoglicol em cerveja

Vítimas internadas após ingestão de cerveja em MG sobe para 10

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A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que os peritos do Instituto de Criminalística realizaram análises de amostras de cerveja produzida pela Backer durante todo o sábado (11/01).

Também estão sendo realizados exames no material que foi recolhido na cervejaria durante perícia ocorrida na última quinta-feira (09/01). Os laudos devem ficar prontos nos próximos dias.

Conforme divulgado na última sexta-feira (10/01), as amostras de sangue de três pacientes internados apresentaram a substância dietilenoglicol, a mesma identificada em três amostras da cerveja.

Sobre a informação de que um supervisor do  empresa Backer registrou Boletim de Ocorrências, em 19 de dezembro de 2019, após um funcionário ter sido demitido: o crime de ameaça demanda ação penal pública condicionada à representação do ofendido. Tendo em vista que a pessoa que registou o referido boletim não foi à delegacia representar pela continuidade de ação penal, não foi instaurado Termo Circunstanciado de Ocorrência. 

Independentemente deste fato, a Polícia Civil não descarta nenhuma possibilidade, o que vem sido divulgado desde o momento em que o delegado Flávio Grossi instaurou o inquérito sobre a forma de contaminação da cerveja Belorizontina, ou seja, a partir da última quarta-feira. 

É importante ressaltar: desde o momento em que a PCMG tomou conhecimento de que as pessoas que desenvolveram a síndrome nefroneural podem ter sido contaminadas após ingerir a bebida, foram instauradas diligências preliminares (que subsidiam a decisão da autoridade instaurar ou não um inquérito).

Fábrica da cervejaria fechada

Na quinta-feira, 10/01, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, fechou a fábrica da Backer, que fica no bairro Olhos D'Água, Região Oeste de Belo Horizonte. A alegação foi de "risco iminente à saúde pública". A pasta informou que a medida tem caráter "cautelar" e que "foram determinadas ações de fiscalização para a apreensão dos produtos que ainda se encontram no mercado".

Vítimas internadas após ingestão de cerveja em MG sobe para 10

Publicado em 11/01/2020 - Por Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil  Brasília

A Secretaria de Saúde de Minas Gerais registrou mais dois casos da síndrome nefroneural que vem alarmando a população mineira. Em nota, a pasta informou que já chega a dez o número de casos suspeitos notificados desde 30 dezembro. Um dos pacientes internados morreu nesta terça-feira (7), em Juiz de Fora, a cerca de 260 quilômetros da capital, Belo Horizonte. Os outros nove continuam em tratamento. Até o fim da tarde de ontem (10), a pasta divulgava oito casos, incluindo uma morte.

Todos os pacientes chegaram a hospitais de Belo Horizonte, região metropolitana e de Juiz de Fora com sintomas semelhantes: insuficiência renal aguda de evolução rápida (ou seja, que levou a pessoa a ser internada em até 72 horas após o surgimento dos primeiros sintomas) e alterações neurológicas centrais e periféricas que podem ter provocado paralisia facial, borramento visual ou perda da visão, alteração sensório ou paralisia, entre outros sintomas. Exames acusaram a presença da substância dietilenoglicol no sangue de ao menos três pacientes internados.

Tóxico, o dietilenoglicol costuma ser usado em sistemas de refrigeração, devido a suas propriedades anticongelantes. A Polícia Civil suspeita de que lotes de cervejas produzidas pela fábrica mineira Backer podem ter sido contaminadas pela substância e intoxicado os consumidores. Exames realizados pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil mineira comprovaram a presença do dietilenoglicol em amostras da cerveja pilsen Belorizontina, da Backer. As amostras iniciais foram recolhidas nas residências de pacientes internados e pertencem a dois lotes - L1 1348 e L2 1348. Representantes da empresa já revelaram que parte dos dois lotes sob suspeita foram vendidos para estabelecimentos do Distrito Federal, de São Paulo e do Espírito Santo.

Embora o dietilenoglicol possa ser usado também no processo de refrigeração de cervejas, a Backer garante que não o utiliza em nenhuma etapa do processo de fabricação de seus produtos. Também o presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Lapolli, disse  ontem (10) que a substância raramente é empregada na produção de cervejas. “Quase a totalidade das cervejarias artesanais utiliza álcool etílico [como anticongelante], ou seja, o álcool puro, que não oferece nenhum tipo de risco de contaminação caso entre em contato com a cerveja”, explicou Lapolli, para quem é necessário aguardar o aprofundamento das investigações a fim de saber como e em que momento as cervejas da Backer podem ter sido contaminadas.

De qualquer forma, diante da suspeita, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento decidiu interditar a cervejaria Backer e apreender, em caráter cautelar, 16 mil litros de cervejas que estavam prestes a serem distribuídos para venda, além do recolhimento das garrafas de Belorizontina disponíveis em estabelecimentos comerciais. 

Além da Polícia Civil, que instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da contaminação da bebida, auditores-fiscais agropecuários continuam averiguando a situação. Também foi criada uma força-tarefa composta por técnicos da secretaria estadual de Saúde, da secretaria municipal de Belo Horizonte, do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde e do Ministério da Saúde.

Em nota divulgada hoje (11), a Backer destaca que a interdição de sua fábrica, em caráter cautelar, não representa que a empresa tenha sido responsabilizada administrativa ou criminalmente pelo estado dos pacientes internados devido à síndrome nefroneural. A cervejaria informa ainda que, conforme programada e já anunciado, interrompeu suas atividades para vistoriar todos os seus processos de produção.

A Backer está recebendo de volta os vasilhames de Belorizontina, mesmo que de outros lotes além dos dois (L1-1348 e L2-1348) sob suspeita das autoridades policiais e sanitárias. Caso desejem devolver qualquer garrafa de Belorizontina que tenham guardada em casa, os consumidores devem procurar, a partir de segunda-feira (13) o estabelecimento comercial onde a compraram, levando consigo o cupom fiscal. A cervejaria promete que o cliente será ressarcido no momento da devolução.

A secretaria de Saúde de Belo Horizonte também colocou nove pontos de recolhimento do produto à disposição dos consumidores que adquiriram a cerveja para consumo próprio e que moram na capital mineira. Não serão aceitas devoluções de bares, restaurantes e supermercados. Todo o material entregue de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 17h ficará sob custódia da secretaria até sua destinação final ser definida.

Os pontos de entrega são os seguintes:

Barreiro: Avenida Olinto Meireles, 327 - Barreiro
Centro-Sul: Avenida Augusto de Lima, 30, 14ª andar - Centro
Leste: Rua Salinas, 1.447 - Santa Tereza
Nordeste: Rua Queluzita, 45 - Bairro São Paulo
Noroeste: Rua Peçanha, 144, 5º andar - Carlos Prates
Norte: Rua Pastor Murilo Cassete, 85 - São Bernardo
Oeste: Avenida Silva Lobo, 1.280, 5º andar - Nova Granada
Pampulha: Avenida Antônio Carlos, 7.596 - São Luiz
Venda Nova: Avenida Vilarinho, 1.300, 2º Piso - Parque São Pedro


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